sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

19- O Retorno da Sra. Williams

    Alguns dias se passaram desde aquela confusão com Letícia. Apesar dela não ter voltado ainda, Nath continuava arrasada por saber do destino trágico que sua amiga deveria ter.
   Eu estava na sala de estar da mansão, assistindo TV junto com Bianca, Isa e Karol. A campainha tocou e Bianca foi atender a porta. Assim que ela abriu a porta, começou a gritar de felicidade.
-Gente, o Dean voltou! – ela gritou
   Isso não era um bom sinal. Dean, namorado de Bianca e irmão de Jéssica, estava fora da cidade há uns 3 meses, numa viagem à trabalho. Isso significava que ele ainda não sabia sobre eu e Jéssica termos terminado.
-É bom estar de volta – disse ele, com um sorriso – Cadê a Jéssica?
-A Jéssica... – começou Karol, sem jeito para continuar
-Jéssica foi embora – completei
-Embora? – disse Dean, se aproximando – Por quê?
    Expliquei a ele toda a história: a Academia de Feiticeiras, o bar, a briga. A sua reação foi exatamente a que eu imaginei: ele me pegou pelos ombros e me jogou pela janela da sala. Rolei em meio aos cacos de vidro e à grama do jardim.
   Eu já ia me levantar, mas ele veio e acertou alguns socos em meu rosto.
-Dean, para! – Bianca gritou
   Mas ele não parou. Foi preciso que Isa, Allanis e Karol fossem puxá-lo para que ele se acalmasse.
-Não, quer saber? Podem me soltar – disse Dean – Eu não vou gastar meu tempo com esse babaca. Tem alguém que pode fazer coisa pior que eu
   Dean deu as costas e foi para sua casa, junto com Bianca. Allanis e Isa vieram para me ajudar.
-Como você tá? – perguntou Allanis
-Maravilhoso, não tá vendo? – retruquei, impaciente
-Credo, não precisa ser ignorante! – exclamou Isa
-Desculpa – eu disse – O que será que ele queria dizer com “tem alguém que pode fazer coisa pior que eu”?
-Sei lá! Eu tenho cara de adivinha? – disse Allanis
    Elas fizeram os curativos para os meus machucados. Depois disso, fui para o meu quarto para descansar um pouco e esquecer essa confusão. Assim que adormeci, tive um sonho estranho em que a Mariah Carey dava em cima de mim.
    No meio da minha noite de sono, lá pelas 02:00, ouvi um barulho vindo do meu quarto mesmo.
-Quem tá aí? – eu disse, ainda sonolento
   De repente, houve um brilho e uma onda de energia me empurrou contra a janela. Eu iria me esbofetear no chão, mas eu estava desperto o suficiente pra agarrar a cerca que havia na parede externa da mansão. No momento que me segurei, alguns pedaços de madeira rasgaram a pele do meu braço. Dei um berro de dor enquanto o sangue escorria pelo meu braço.
   Fui descendo pela cerca/escada até chegar ao chão de maneira segura. Tirei minha camisa e enrolei no braço, para estancar o sangramento.
-Mas o que é que foi aquilo? – eu disse, olhando para o buraco que ficou na parede do meu quarto
-Ficou tristinho porque estraguei sua decoração? – ouvi uma mulher dizer
   Olhei em volta e não consegui ver ninguém. Rapidamente, uma pulsação elétrica acertou em cheio as minhas costas e me jogou longe. Rolei na grama e, quando finalmente parei, alguém colocou o sapato em meu pescoço e apertou lentamente. Senti falta de ar.
-Quem é você? – eu disse, juntando todas as forças que eu podia
-Uma conhecida – ela respondeu
   Usei meu braço bom para socar sua perna e foi aí que a reconheci. Com seu habitual manto negro, a mãe de Jéssica estava passando a mão na perna ferida pelo meu soco.
-Katheryn? O que você está fazendo aqui? Veio me matar? – eu disse
-Não – ela respondeu – Minha filha está sofrendo por sua causa. Te matar seria fácil demais. Eu quero torturá-lo
-Quer mesmo fazer isso aqui, na mansão, onde posso chamar meus amigos pra acabar com você?
-Acho que não. Usei um feitiço para deixa-los num sono profundo. Não irão ouvi-lo. Quer um conselho? Fuja!
    Fiz o que ela mandou. Me levantei e fui o mais rápido possível até o meu carro. Girei a chave e fui para o lugar mais longe possível da mansão.
    Fui parar numa estrada deserta que passava por uma floresta. Num piscar de olhos, uma barreira de energia apareceu no meio da estrada. Desviei dela, mas acabei acertando uma árvore com o carro. Antes que eu pudesse sequer pensar em fazer algo, Katheryn arrancou a porta do carro e me tirou lá de dentro, para me lançar na direção de uma árvore. Meu ombro – do braço que já estava machucado – acertou em cheio o tronco da árvore e senti uma dor horrível. Eu tinha deslocado o ombro.
   Quando vi que ela vinha em minha direção, lancei um vórtice para fazê-la sumir, mas ela desviou.
   Katheryn me pegou pelo pescoço e me ergueu.
-Ao contrário de Jack, eu amava minha filha – eu disse – Fui forçada a viver separada dela por 24 anos. 24 anos! Sabe o que é isso para uma mãe?
   Continuei calado e ela prosseguiu.
-Quando voltei, vi que minha filha estava namorando, e pensei “Que bom! Ele parece ser um bom rapaz!”. Agora, por sua causa, minha filhinha está magoada. Ela está sempre falando em você e...
-Falando de mim? – eu a interrompi
-Sim, mas apenas para falar coisas ruins
   De certo modo, talvez isso pudesse ser bom. Ao menos, isso significava que ela não tinha me esquecido.
-Olha, você não faz ideia do quanto estou arrependido – eu disse – Eu fui um idiota por ter seguido o meu amigo
   Katheryn pareceu surpresa com o que eu disse. Mas algo me dizia que ela estava surpresa por acreditar em mim.
-A senhora não precisava vir aqui me torturar. Só o que Jéssica me disse naquele dia doeu o suficiente – continuei
-Não foi suficiente para mim – ela retrucou
   Quando pisquei os olhos, vi que já estávamos no jardim da mansão mais uma vez.
-Já liberei seus amigos do feitiço – disse Katheryn – E não se preocupe com o ombro, eu já o curei. E mais uma coisa: não precisa se preocupar comigo. Não irei sujar minhas mãos com você de novo.
   E então, ela sumiu. Gritei, pedindo por ajuda, e logo Isa e Leandro apareceram.
-Meu Deus! O que aconteceu? – exclamou Isa
-O que aconteceu... foi que eu cometi um erro – respondi 

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