quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

31- Começando de Novo

    Jessica saiu pra dar uma volta. Ela havia aceitado reatar o namoro, mas eu teria que planejar uma noite romântica para cortejá-la. O problema era que eu não tinha ideia do que eu poderia fazer e já eram 17h, a noite estava chegando.
    Pedi que o pessoal me ajudasse. Imaginei que algum deles tivesse uma boa ideia, mas eu estava enganado.
-Por que não tenta conquistá-la como da primeira vez? – Ana sugeriu
-Acho que não seria uma boa ideia – eu disse
-Pra falar a verdade, você nunca contou essa história – disse Lucas – Como você e Jessica começaram a namorar?
-Bêbados, num bar. Do bar, fomos para um motel. E o resto, você já sabe
-Que emocionante – Isa disse sarcasticamente
    Revirei os olhos e comecei a andar de um lado para o outro. O combinado era de Jessica me encontrar às 20h na mansão, mas eu não tinha muito tempo.
-Já sei! – Allanis exclamou
-Fala, Pelo amor de Deus! – eu disse
-Que tal um jantar romântico? – ela sugeriu – Uma boa comida, um bom vinho, velas e tudo mais
-Ótima ideia!
-Eu e Allanis podemos ir preparando a comida – disse Alice – Vá comprar o vinho e as velas. Nós te esperamos aqui
    Fui até meu carro e dirigi pela cidade. Comprei umas velas aromáticas, de morango, numa loja de conveniências. Em seguida, fui até uma loja de bebidas que eu conhecia, para comprar o vinho.
-Tem certeza? Esse vinho é meio novo... – disse o caixa
-E o que é que tem? – eu disse, apressado
-Então tá legal – disse o caixa, dando uma risadinha
    Logo depois, voltei à mansão. O pessoal todo foi embora, apenas Allanis e Alice continuaram, ajudando com o jantar.
-Preparamos espaguete – disse Alice – Faltam 40 minutos. Fique de olho no relógio
-Muito obrigado. Valeu mesmo – eu disse
-De nada. Eu e Derek ficaremos na casa de Nath para deixar a mansão bem disponível para você e Jessica – ela disse
    Depois que elas foram embora, comecei a arrumar a sala. Espalhei velas por toda a parte, deixando o cômodo com um cheiro suave de morango. Em seguida, peguei o vinho e as taças.
    Olhei no relógio: 19h57m. Agora era só esperar.
    Quando foi 20h05m, Jessica chegou. Eu abri a porta e a guiei até a mesa.
-Nossa! Que decoração! – ela exclamou
-É. Eu fiz pra você – eu disse
-Que cheiro... engraçado. O que é?
-São velas aromáticas. De morango. Gostou?
-Morango?! Essa não!
    Jessica levou uma mão à boca e outra ao nariz, para prender a respiração.
-O que foi? – perguntei
-Morangos me deixam enjoada – ela disse
    Antes mesmo que eu pudesse apagar as velas, Jessica correu para o banheiro. Como eu pude ser tão idiota? Eu devia ter imaginado que ela poderia ter alguns enjoos de gravidez.
    Assim que terminei de apagar as velas, Jessica voltou do banheiro e sentou-se novamente.
-Você tá bem? – perguntei
-Estou sim. Foi só um alarme falso, o enjoo passou – ela disse – Mas e o que terá para o jantar?
-Ah, terá espa...
    Alice disse que o espaguete ficaria pronto em 40 minutos. Quando olhei no relógio, percebi que meia-hora se passou do horário certo. Corri até o forno, mas era tarde demais. O espaguete estava preto de queimado.
-Ah, não. Droga! – eu disse, jogando o espaguete no lixo
-Não fica assim, não foi sua culpa – disse Jessica
-Foi sim
-Tem razão, foi sua culpa mesmo – ela disse
    Olhei para ela com um olhar confuso.
-Desculpa, a gravidez me deixa bipolar – ela explicou
    Me lembrei de mais uma coisa que poderia ser a salvação para esse suposto jantar romântico. Peguei o vinho e o servi nas taças.
-Me desculpa, mas eu não posso beber nada com álcool – disse Jessica – Não teria suco de uva aí?
-Suco de uva? Não, não tem – eu disse, desapontado
    Eu me sentia derrotado. Me sentei e soquei a mesa.
-Droga! Será que eu não sei fazer nada direito? – exclamei
    Jessica se sentou ao meu lado e colocou sua mão sobre a minha.
-Você faz sim – ela disse – Por incrível que pareça, eu adorei esse jantar. Foi divertido
    Dei uma risada.
-Lembro do nosso primeiro encontro como se fosse hoje – ela disse – Você estava  bravo comigo por causa do que fiz ao Lucas. Fomos a um bar. O pessoal do bar nos fez dançar e aí... aconteceu. 2 anos e meio se passaram, e aqui estamos nós. Começando de novo
-É, começando de novo – abri um sorriso
    Aproximei meu rosto do dela e nos beijamos. Passei minha mão pela sua nuca enquanto sentia o ótimo sabor de sua boca pela segunda vez no dia.
-Vem comigo – eu disse
    Peguei Jessica no colo e a levei ao 2º andar.
-O que você tá fazendo? – disse ela, rindo
-Você já vai ver – respondi
    Abri a porta do quarto com o pé e aí coloquei Jessica no chão. Também haviam várias velas pelo quarto, e um CD tocando “Secret”, do Maroon 5, para dar um clima.
-Relaxa, essas não são aromáticas – eu disse
    Fechei a porta. Jessica passou os braços por cima dos meus ombros e me beijou novamente, agora de maneira mais feroz. Ela retirou minha blusa e acariciou meu tórax. Retirei sua blusa também. Fomos para a cama enquanto eu desabotoava seu sutiã.
    Senti sua respiração quente em minha nuca enquanto eu retirava minhas calças.
    Beijei sua nuca e fui descendo aos poucos, passando pelos seus seios e sua barriga. Logo, retirei seu short e ficamos completamente nus. Subi novamente e sussurrei em seu ouvido:
-Você tinha razão. Como da primeira vez
    Jessica sorriu. Ela arranhava minhas costas enquanto eu a penetrava.
    Ela colocou as mãos em meu rosto e nós nos beijamos novamente. Segurei sua mão e a apertei de leve. Quanto tempo eu não segurava sua mão. Quanto tempo eu não sentia seu cheiro. Quanto tempo eu não era feliz de verdade.
***
-Foi ótimo! – eu disse
-Nem tanto. Foi bom, e só – disse Jessica
-Como?
-Brincadeira – ela riu
    Jessica estava deitada, com a cabeça apoiada em meu peito. Meu braço envolvia seus ombros. Eu podia sentir o cheiro de seu cabelo.
-Que bom que voltamos como um casal – eu disse
-Como uma família – disse Jessica
    Acariciei sua barriga descoberta. Quem diria: Matheus Rocha seria pai. A ficha ainda não havia caído completamente, mas eu estava gostando da ideia.
-É, como uma família

Anteriormente... #3

    Mais 10 capítulos se passaram, e como prometido, aqui está mais um "Anteriormente..." com o resumo do que aconteceu nesses 10 capítulos para vocês não se perderem.

    Começando, temos o complicado casamento de Allanis. Justo no dia do tão esperado casamento dela e Pattison, uma reunião de última hora é marcada na empresa de Allanis. Depois de enrolar bastante o pessoal, a mentira de Allanis acaba sendo revelada, mas Pattison acha um jeito bastante inusitado de se casar com ela: na empresa mesmo! (Caps. 21 & 22 "Na Riqueza ou Na Pobreza"/"Você Aceita?")
    Uma visita surpresa acaba deixando todos de boca aberta, principalmente Matheus. Jessica resolve passar na mansão para pedir ajuda do pessoal. Eles são levados para conhecer a Academia de Feiticeiras, onde uma amiga de Jessica está agindo de maneira muito estranha, como se estivesse possuída; enquanto outra está desaparecida. No fim do capítulo, podemos ver que a amiga desaparecida de Jessica está, na verdade, morta. E também podemos perceber que tanto Matheus quanto Jessica ainda sentem algo um pelo outro. (Cap. 23, "A Academia de Feiticeiras")
    Também pudemos ver Ana tendo problemas com a polícia. Isso mesmo. Ela havia sido acusada de estar roubando lojas pela cidade, mas no fim descobrimos que era uma armação de Hellen, antiga parceira de trabalho de Ana, que também era uma mutante, que havia copiado os poderes de Ana para se passar por ela. (Cap. 24, "É Sempre a Ana!")
    Tivemos uma divertida competição para ver quem se tornaria o novo dono da mansão. Depois que Allanis revelou que iria se mudar da mansão, Matheus e Isa entram numa competição de perguntas para ver quem se tornaria o novo proprietário da mansão. De um jeito bem curioso, Matheus acaba vencendo a competição, fazendo com que Isa tenha que se mudar. (Cap. 25, "Que Comecem os Jogos!")
    Depois da competição, Matheus tem que procurar por hóspedes novos para morar na mansão. No final, a escolhida é Alice, uma cadeirante mutante com dons de telecinese. Apesar de um primeiro desentendimento entre ela e Matheus, ela acaba sendo aceita e se tornando uma boa amiga do pessoal (Cap. 26, "Temos Vagas")
    Pudemos ver também que Jenny tem mais poder do que imaginado, mas isso talvez possa ser um problema. Quando Matheus leva a filha de seu amigo para um passeio e eles são confrontados pela Gangue F, Jenny acaba saindo do controle e quase mata duas colegas da escola. No final, é mostrado que Jenny sofria bullying por ser mutante e que a raiva desperta o poder incontrolável dela. (Cap. 27, "A Caixa de Pandora")
    Seguindo a linha de história do capítulo "A Academia de Feiticeiras", agora é mostrado que Isa também foi uma das vítimas dessa pessoa misteriosa que está causando problemas por aí. Isa foi deixada como uma morta-viva, assim como a amiga de Jessica. Matheus nota que todas as vítimas, incluindo Isa, possuem uma misteriosa estrela negra em seu braço. Mesmo depois de Jenny ter curado Isa, no fim, Isa é atacada novamente por essa pessoa misteriosa, deixando-a para morrer novamente (Cap. 28, "A Sentença de Isabela")
    Chrono retorna à mansão para mostrar a localização de Letícia, a amiga descontrolada de Nath. Ela, junto a Chrono e a Matheus, viaja até a Rússia. Eles se infiltram num trem e descobrem que Letícia estava planejando suicídio todo o tempo, pois ela sabia que estava perigosa. No fim, Nath aceita que Letícia teria de morrer, mas não muito bem. (Cap. 29, "Yin/Yang")
    E, pra terminar, Jessica reaparece na mansão, mas desta vez é para comemorar. Agora ela estava formada na Academia e ficaria de uma vez com o pessoal. Matheus resolve terminar com Amy, pois vê que ainda está apaixonado por sua ex. No final, Jessica faz uma revelação surpreendente: ela está grávida de Matheus. Depois que eles se reconciliam, Matheus descobre que ainda tem um desafio: ela teria que bolar uma noite romântica para Jessica. Será que ele consegue? (Cap. 30, "A Filha Pródiga Retorna")

    O que você tá achando dos novos capítulos de "A Família Voture"? Comente! E não deixe de ler, muitas surpresas vem por aí nos novos capítulos da fic!

30- A Filha Pródiga Retorna

*Clique no nome das músicas para ver as traduções

   Eu, Wallace, zp Thearth e Daemon Josh estávamos na sala da mansão, tocando algumas músicas que poderiam entrar no novo álbum dos PsyckoManiacs. Ficou bem mais prático depois que montamos o pequeno palco na mansão.
    No meio do treino, Isa me ligou.
-Se prepare, você tem visita – ela disse – O pessoal todo tá indo pra mansão
-Visita? Quem é? – perguntei
-É surpresa – ela exclamou. Pelo tom de voz, estava animada
    E desligou. Mas quem será que era essa tal visita? E por que tanta animação?
    Mais ou menos 5 minutos depois, a campainha tocou e todo o pessoal entrou na mansão.
-Ué, e a surpresa? – eu disse
    Isa tinha razão. Era mesmo uma surpresa. A última pessoa a passar pela porta foi Jessica. Ela estava bem diferente: cabelo curto e picotado, e não era mais loira, seu cabelo estava pintado de preto. Mas continuava linda como sempre.
-Pessoal, eu me formei! Agora voltei pra ficar! – Jessica exclamou – Que tal comemorarmos?
-É claro! – todos disseram em coro
    O pessoal arrumou as cadeiras como uma plateia. Enquanto isso, Jessica subiu ao palco junto com os PsyckoManiacs. Ela sussurrou para eles qual música ela queria e começou a cantar. A música era “Never Again”, da Kelly Clarkson. Todo mundo começou a pular com a música, menos eu. Estava praticamente certo de que a música era pra mim.
    Depois que terminou a apresentação, Jessica agradeceu aos caras da banda. Então, pediu para Bianca ficar encarregada da aparelhagem de som. Em seguida, ela desceu do palco para escolher quem cantaria com ela. O escolhido foi Leandro.
    Como se já não bastasse, a música escolhida foi “I Know What You Want”, do Busta Rhymes com a Mariah Carey. Eu não ia admitir, mas aquilo meio que me irritou.
-Uau, mas que escolha! – Karol comentou
-Fica quieta, tá? – rebati
    Leandro cantava sentado numa cadeira, enquanto Jessica acariciava seu pescoço e cantava as partes da Mariah sussurrando em seu ouvido.
    Depois que encerraram e todos bateram palmas, Jessica chamou Lucas e Pattison ao palco. A música que eles três iam cantar era “Sexy and I Know It”, do LMFAO. Na apresentação, os três começaram com uma pequena encenação onde Lucas e Pattison fingiam querer conquistar Jessica. No refrão, Jessica encenava abdominais e levantamento de peso, enquanto dizia ser “sexy e saber disso”.
    Houve uma pausa e o pessoal parou para um lanche. Enquanto isso, chamei Leandro pra falar com ele sobre sua apresentação com Jessica.
-Vem cá, o que foi aquela palhaçada? – eu disse
-Como? Do que você tá falando? – ele disse, meio surpreso pela pergunta
-Você e Jessica. Ela cantando no seu ouvido...
    Leandro revirou os olhos.
-Pra começo de conversa, quem escolheu a música foi ela – disse Leandro – Segundo: eu tenho namorada, esqueceu? Terceiro: isso aqui é uma festa. É pra comemorar, não pra brigar
    O pessoal voltou aos seus assentos. Estava na hora de uma nova apresentação.
    Jessica, Ana, Allanis e Nath se posicionaram de costas para o palco. Elas iriam cantar “Lady Marmalade”, da Christina Aguilera, Pink, Mýa e Lil’ Kim.
    A música começou com Allanis fazendo o verso de Mýa; depois, foi a vez de Nath, que fez o verso da Pink; em seguida, Ana fez o rap da Lil’ Kim; e Jessica fez o verso da Christina Aguilera. Os refrãos eram cantados por elas todas juntas.
    A coreografia era basicamente uma dança com umas cadeiras, como a coreografia de “Buttons”, das Pussycat Dolls. No final, elas deram um abraço em grupo para comemorar.
    Ver Jessica cantando e dançando naquele palco acabou me dando uma sensação de nostalgia. Amy era uma boa pessoa, tinha um corpo incrível e era ótima na cama. Mas quando comparada a Jessica, ela se tornava a maior baranga do mundo. Continuar com ela seria burrice. Chamei ela para o lado de fora da mansão.
-O que foi, Matheus? – disse Amy – Por que me chamou?
-Ér, Amy... Não dá mais. Eu estou terminando com você – eu disse
-Como é? – ela exclamou
-Olha, a Jessica... Ela não foi simplesmente uma amiga
    Amy arregalou os olhos, furiosa.
-Então, você tá me trocando por aquela vadia? – disse Amy
-Vadia, não! – aumentei o tom de voz
    Agora, muito mais furiosa, Amy deu um tapa na minha cara.
-Galinha! – ela exclamou
    Não respondi.
-Vai ter volta. Pode ficar com a vadia. Mas vai ter volta – ela disse
    Amy deu as costas e foi embora da mansão. Pode parecer algo ruim de se dizer, mas não me importei com o fato dela partir.
    Voltei para a mansão. Jessica estava no palco e chamou as crianças. Elas iriam cantar “Fireball”, da Willow Smith com a Nicki Minaj.
    Jessica começou cantando a introdução. Em seguida, Jenny e Cecília entrelaçaram os braços e foram até o centro do palco para cantar o 1º verso. O 2º verso contava com Rafael e Daniela. Na hora do rap da Nicki Minaj, Marcelo subiu ao palco para fazer o rap com Eric, seu filho. A apresentação terminou com todos cantando o refrão juntos.
    Assim que a apresentação acabou, Jessica deu outra pausa. Eu a chamei para o lado de fora da mansão para conversar a sós com ela.
-Como você pôde fazer isso? – eu disse – Quando eu me acostumei a viver sem você, você entra na minha vida de novo!
-Eu também tenho amigos aqui. Não aja como se fosse o centro do universo – Jessica rebateu
-Todo esse tempo que passei com Amy, cada abraço, cada beijo... Tudo. Eu queria que fosse com você
-E por que me atraiu lá no bar com aquela piranha?
-Eu estava bêbado, e Leandro a empurrou. Eu me arrependo a cada dia. Eu te amo, cacete! É tão difícil assim acreditar em mim? Eu chorei por sua causa e o pessoal nem sabe disso. Eu quero ficar com você. Quero te abraçar, te beijar, andar de mãos dadas e tudo mais
    Jessica continuou me encarando, em silêncio. Depois de alguns segundos em silêncio, ela finalmente disse:
-Estou grávida. De 4 meses. O filho é seu
    Eu tentei processar tudo. Quando consegui, ela já tinha voltado para dentro da mansão. Ela subiu ao palco para se apresentar de novo, mas eu pedi que ela o liberasse para mim.
-O que você tá fazendo? – disse Jessica
-Você vai ver – respondi
    Chamei os PsyckoManiacs ao palco e avisei a escolha da música para eles se prepararem. Em seguida, me virei para a plateia e disse:
-Pessoal, hoje recebi uma ótima notícia. Não sei se palavras podem descrever, então usarei uma música
    Comecei a cantar “With Arms Wide Open”, da banda Creed. A música foi feita quando o vocalista descobriu que seria pai. Quando comecei a cantar, lágrimas vieram aos olhos de Jessica. Todos ficaram boquiabertos quando entenderam o motivo da música.
    Assim que terminei, Jessica correu ao palco e me beijou. A primeira vez em 4 meses. Senti até um calafrio. Pensei que nunca mais sentiria o gosto de sua boca novamente.
-O que me diz? Me aceita de volta? – eu disse
-Sim. Mas com uma condição – disse Jessica – Agora você terá que me conquistar. Seja romântico
-Como é?
-O que você ouviu. Hoje teremos uma noite romântica. E quem vai bolar é você. Se prepare
    Por aquela eu não esperava. Parece que as coisas não seriam tão fáceis assim.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

29- Yin/Yang

PDV da Nath

    2 semanas se passaram desde o problema de Isa. Ela ainda estava bem atordoada com tudo que aconteceu, então raramente era encontrada em casa.
    Eu, Karol, Bianca  e Alice estávamos na cozinha da mansão. Tínhamos ido lá para ajudar com o almoço, pois sabíamos que os rapazes não iam conseguir prepará-lo sozinho.
-Que cheiro bom! – disse Matheus – O que estão fazendo?
-Lasanha de bolonhesa – Bianca respondeu
-Não deveríamos te deixar comer, deveríamos te deixar se virando sozinho – Alice brincou
-É, mas eu sei que vocês não resistem a me ajudar – ele disse
    Coloquei a lasanha no forno e, em seguida, me sentei para descansar.
    Nossas vidas estavam acalmando. Já não tínhamos tantas pessoas nos assediando por sermos mutantes. Mas eu tinha um pressentimento de que a calmaria não iria durar muito. E o pressentimento estava certo.
    Chrono surgiu na cozinha repentinamente. E quando ele aparece, é porque a coisa é séria.
-Nathália, chegou a hora – ele disse
-A hora? Hora de quê? – eu disse, confusa
-Letícia. Eu a encontrei – Chrono respondeu – Na verdade, anda difícil rastreá-la. Letícia está sempre mudando de localização, provavelmente porque seus níveis de radiação estão muito altos. Ela já passou pela Índia, México, Japão e atualmente está na Rússia
    Respirei fundo. Eu sabia que essa hora ia chegar, só queria que ela demorasse mais para acontecer.
-Pessoal? – eu disse
-Não – disse Chrono – Letícia está perigosa. Um grupo grande pode espantá-la. Escolha apenas 1 para ir com você
-Matheus – eu disse, sem pensar muito
-Eu? – ele disse, surpreso
-Só existe 1 Matheus aqui, né? – rebati
    Depois, eu e Matheus fomos pegar nossas roupas de frio. Em seguida, Chrono nos teletransportou para a Rússia. Havia neve por todo o lado. E fazia frio, muito frio.
-Meu Deus! Como aqui faz frio! – disse Matheus
-Eu avisei – disse Chrono
    Estávamos numa floresta. Uma floresta muito sombria, por sinal. A floresta deserta, somada a neve e ao céu cinza, ficava bem medonha.
-Olhem ali – disse Chrono
    Haviam trilhos de trem ali perto. Fomos até lá. Pudemos avistar um trem no horizonte, vindo em nossa direção.
-Letícia está dentro daquele trem – Chrono explicou
-Ela está naquele trem? – exclamei – Ela não pode ferir os passageiros com a radioatividade?
-Nessa época do ano, esse expresso costuma ficar bem vazio – disse Chrono – Agora se preparem
-Preparar para o quê? – Matheus perguntou
    Quando o trem chegou mais perto, fomos parar dentro dele. Chrono. Eu odiava quando ele fazia isso.
-Consegue acha-la? – perguntei
-Não, ela está instável demais – Chrono respondeu – Teremos que fazer à moda antiga. Eu vou pela esquerda. Vocês dois, pela direita
    Eu e Matheus fomos pela direita, como Chrono mandou. Ficamos andando em silêncio por alguns minutos. Matheus pareceu ficar incomodado com o silêncio, então começou a falar.
-Por que eu? – perguntou
-Hã... Eu não sei o que esperar desse caso. Acho que não vou suportar. Estou com medo de desmoronar e a única pessoa com a qual eu poderia desabafar era você. Afinal, você é meu primo, mesmo que de consideração. Estou falando muito? Desculpa, vou ficar quieta.
    Então, ficamos em silêncio novamente.
    Passamos por uma porta e fomos até um outro vagão. Era o vagão-restaurante. Havia apenas umas 5 pessoas almoçando.
-Nossa – Matheus exclamou – Chrono tinha razão. Isso aqui tá vazio mesmo
-Ainda temos 4 vagões. Vamos! – eu disse
    Vasculhamos outros 3 vagões. Nada. Até que chegamos ao último vagão. Antes que pudéssemos atravessar, notei algo no ferro que liga os vagões: estava deteriorado.
-Olha – eu disse – Letícia passou por aqui
    Matheus tentou abrir a porta, mas estava trancada. Passei por ele e lancei uma lâmina na fechadura, fazendo a porta se abrir facilmente.
    Aquele era o vagão final, onde ficavam as ferramentas. Letícia deveria estar escondida atrás de alguma prateleira.
-Letícia, pode aparecer. Sou eu, Nathália! – eu disse
    De repente, sentimos um empurrão brusco e o vagão começou a andar na direção contrária. Quando viramos, vimos Letícia na porta. Ela havia soltado o vagão.
-Você não entende – disse Letícia – Eu vim para me suicidar. Parte dos trilhos foi derretida, esse vagão irá cair num precipício
-Como é que é? – Matheus exclamou
-Você não precisa fazer isso. Eu quero te ajudar – eu disse
-Eu não vou me suicidar! – agora era a outra personalidade dela que falava – Eu vou é sair daqui. Vocês é que se danem.
    E aí, a Letícia original começou a discutir com a sua outra personalidade. Elas começaram uma discussão, presas no mesmo corpo.
-Eu sou perigosa demais. Nós somos perigosas demais
-Perigosas não. Poderosas! – disse a outra Letícia – Pense no que poderíamos fazer
-Colocaríamos a vida de várias pessoas em perigo. Chega! – a original gritou
    Letícia lançou um raio radioativo no teto do vagão. Seu corpo continuava naquela bizarra divisão “hippie/valentona”.
-Vamos pular do vagão enquanto ela está distraída – sussurrei para Matheus
    Fomos até a porta do vagão e eu empurrei Matheus nos trilhos.
-Me desculpa, mas eu não posso abandonar Letícia agora – eu disse
-Não! Desce daí! – ele gritou
    Mas eu já estava longe. Agora eu teria de agir rápido. Lancei uma lâmina contra Letícia, derrubando-a. Tentei me aproximar, mas sua radiação não permitia.
-Você não precisa fazer isso – eu disse – Venha comigo. Meus amigos podem te ajudar
-Não, não podem – disse Letícia – No fim, eu acabaria matando seus amigos e sua família. Seus amigos não fazem milagres, entenda isso
-Mas eu não posso te deixar morrer – eu disse, com lágrimas nos olhos – Somos amigas de infância. Você foi como uma segunda irmã pra mim. Acha que isso é fácil? Acha que é fácil deixar minha melhor amiga morrer?
    A metade valentona do corpo de Letícia sumiu. Agora ela estava completamente como a hippie que eu conhecia. E chorando, como eu.
-Também não é fácil pra mim, mas ambas temos que superar – disse Letícia
    Ela se levantou e pegou uma prateleira. Em seguida, ela me empurrou para fora do vagão com a prateleira. E aí... o vagão caiu no precipício.
-Não! Não!!! – gritei, de maneira desesperada
    Matheus e Chrono surgiram atrás de mim.
-Você quase morreu! Que bom que está bem! – disse Matheus
-Fisicamente? Sim. Psicologicamente? Nem um pouco. Preciso ficar sozinha – eu disse

Fim do PDV da Nath

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

28- A Sentença de Isabela

PDV da Isa

    Matheus havia chamado o pessoal todo para um grande jantar em grupo. Estávamos todos reunidos na mesa principal, conversando.
-Matheus, que boca grande você tem! – disse Amy
-É pra te comer melhor – ele brincou
-Ai, que nojo! – Ana exclamou
    No meio do jantar, comecei a sentir um pouco de dor de cabeça.
-Pessoal, acho que já vou indo – eu disse, me levantando da cadeira
-Aaaah – Allanis resmungou – Fica mais!
-Eu tenho que ir. Amanhã a gente se fala, pessoal – me despedi
    Fui para o meu carro e dirigi até a minha casa, com Leandro. Assim que chegamos, ele me abraçou por trás. Leandro beijou minha nuca e passou a mão por debaixo da minha blusa. Eu retirei as suas mãos.
-Eu não estou a fim hoje – eu disse
-Tá legal, eu posso me virar sozinho – ele disse
    Fui ao banheiro e me olhei no espelho. Eu estava com uma aparência horrível: olheiras, pele pálida, aparência envelhecida.
    E então, olhei para a estrela negra que havia em meu braço. Estava começando a fazer efeito. Eu precisava de ajuda.

Fim do PDV da Isa

    Acordei com um barulho. Um relâmpago, para ser mais exato. Me levantei e olhei pela janela. Estava tendo uma forte tempestade. O quintal da mansão estava completamente encharcado.
    Acabei perdendo o sono com o relâmpago, então fui até o 1º andar, peguei umas cervejas e fiquei assistindo TV. A cada 3 minutos, um relâmpago ecoava pela mansão. Às vezes, me assustando.
    Resolvi olhar pela janela da sala, pra ver como estava a tempestade. Quando fiz isto, vi uma pessoa desmaiada na calçada do quintal. Corri até lá. Quando me aproximei, pude ver melhor: Isa, caída no quintal, encharcada pela chuva. Me ajoelhei na calçada e procurei por sinais vitais. Nada.
-Isabela! Isabela! – gritei
    De repente, seus olhos se abriram. Estavam completamente brancos. E ela emitia grunhidos. Essa não! Estava acontecendo de novo.
***
    Liguei para todo o pessoal. Pouco tempo depois, todos estavam na mansão.
-O que aconteceu de tão importante pra chamar a gente às 2h da manhã? – Karol exclamou
-Venham comigo e vão ver – respondi
    Eu os levei ao banheiro. Isa estava presa no box de vidro, pois era o mais próximo de uma prisão que havia ali.
-Meu Deus! – disse Bianca
-É, eu sei – eu disse – Está acontecendo de novo
-O que está acontecendo de novo? – disse Allanis, confusa
-Há um tempo atrás, quando você estava na lua-de-mel, - comecei a explicar – fomos chamados até a Academia de Feiticeiras. Uma aluna de lá estava nesse mesmo estado de Isa. Já outra, foi encontrada morta. Há uma coisa em comum entre essas feiticeiras e Isa: todas possuem uma estrela negra no braço
-Isso significa que Isa recebeu uma sentença de morte – disse Lucas, espantado
    Eu não sabia direito o que responder. Minha esperança era de que Lucas estivesse errado.
-Eu... eu não sei – respondi
    Isa continuava a golpear o vidro do box e a emitir grunhidos. Ana se aproximou e encostou a mão no vidro. Depois, abaixou a cabeça e sussurrou:
-Ah, Isa, no que você foi se meter?
    Suspirou. Depois, se virou para a gente e disse:
-Por favor, não a deixem morrer
-Nós vamos tentar – disse Nath, colocando a mão no ombro de Ana
    O pessoal ficou ali, olhando para aquela Isa. A Isa irreal. A que não era a nossa Isa.
    Enquanto eles ficavam ali, eu chamei Nath para o lado de fora.
-O que a gente faz? – perguntei
-Eu não sei – ela disse – Lembra que a professora da Academia de Feiticeiras disse que não conhecia uma cura?
-Merda! – exclamei – A gente não pode simplesmente assisti-la morrer
-Peraí – disse Nath – Acabei de ter uma ideia
    Ela sussurrou em meu ouvido. Não era exatamente uma ótima ideia, mas era a única que tínhamos. Mesmo assim, havia uma pessoa que ia discordar.
-Não – disse Lucas – De jeito nenhum
-Por favor, Lucas – disse Nath – É a nossa única opção. Você sabe que não pediríamos se não fosse realmente importante
-Jenny só tem 5 anos. Não controla seus poderes totalmente – Lucas argumentou
-Quando você estava com problemas, ela te curou. É só tinha 2 anos – argumentei
    Lucas suspirou. Parecia derrotado.
-Tá legal. Acho que ela consegue – ele disse – Irei acordá-la e já volto
    Enquanto isso, eu e Nath entramos no banheiro novamente. Me aproximei do vidro do box e olhei melhor a marca no braço de Isa. O que será que aquela estrela negra queria dizer? E quem fez aquilo?
    Liguei para Leandro. Achei justo que ele soubesse o que estava acontecendo com a namorada. Ele disse que já estava a caminho da mansão.
    Alguns minutos depois, a porta se abriu e Lucas entrou com Jenny no cômodo.
-Nossa. Legal! – disse Jenny
    Lucas se ajoelhou na frente dela e a olhou nos olhos.
-Você acha que consegue? – ele disse
-Faz tempo que não pratico, mas acho que sim – ela respondeu
    Bianca abriu a porta do box para Jenny, mas a Isa-zumbi avançou na direção dela. Eu segurei Isa pelo abdômen para que ela não ferisse Jenny.
-Antes eu preciso que alguém a acalme!! – Disse Jenny, que havia caído no chão com o susto
-Deixa comigo – disse Ana, se aproximando de Isa – Isabela, sei que está aí. Também sei que está difícil se concentrar, mas preciso que faça um esforço. É pro seu bem. Sei que você é uma guerreira, então eu sei que você não vai deixar ser tomada por essa doença ou sei lá o quê. Resista!
    Por mais incrível que pareça, a as-zumbi pareceu se acalmar com as palavras de Ana. Com isso, Jenny se aproximou de Isa e apertou a marca em seu braço. A parte do braço de Isa que estava sendo apertada começou a brilhar. Aos poucos, o rosto de Isa foi ganhando cor, Ela foi ganhando vida novamente. Mas, quando o processo finalmente acabou, Jenny abriu os olhos com uma expressão assustada e disse:
-Ela não estava morrendo. Ela já estava morta!
    Isa se ajoelhou e começou a chorar.
-Isa você se lembra de quem fez isso a você? – perguntei
    Ela sacudiu a cabeça de um lado para o outro, indicando que a resposta era “não”.
    Leandro chegou no exato momento e correu para abraçar Isa, mas ela se afastou do abraço.
-Me. Desculpem. Mas. Preciso. Ficar. Sozinha. – ela disse, pausando para retomar o fôlego
    E então, Isa entrou em seu carro e foi embora

PDV da Isa

    Estava chovendo. Chovendo muito. Os trovões e o barulho das gotas deixavam a noite mais sombria do que havia sido realmente.
    Dirigi até a fronteira da cidade e parei num posto. Desliguei o motor e encostei a cabeça no volante. Tudo que eu ouvia naquele momento era o barulho da chuva. Até que eu ouvi a voz. A maldita voz. A voz dele.
-Tentando fugir de mim? Não adianta. Irei te achar nem que eu tenha que ir ao inferno-Desgraçado – praguejei – Por que não me mata de uma vez?
-Porque seria fácil demais. Gosto do que é difícil. Me excita
    Cuspi em sua cara. Irritado, ele segurou meu braço e apertou. Senti uma dor excruciante. E então, uma estrela negra apareceu em meu braço.
-Não. Não!!! – dei um grito, desesperada – Você não pode fazer isso! Não de novo!
-Eu disse que não seria fácil
    E aí... ele foi embora. Me deixando para morrer. De novo.

Fim do PDV da Isa

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

27- A Caixa de Pandora

    Lucas havia me chamado a sua casa, disse que precisava que eu ajudasse ele com uma coisa.
    Da mansão para a casa de Lucas eram 10 metros (ele era nosso vizinho). Como eu estava livre, fui até lá. Toquei a campainha e ele me disse para entrar.
    Lucas estava na sala e trazia umas malas. Estava de óculos escuros, bermuda e uma blusa com um desenho tropical.
-O carnaval começou mais cedo e eu não sabia? – brinquei
-Haha – ele riu de maneira forçada – Não, não é isso. Vamos viajar. Para Barbados
-E por que disse que precisava da minha ajuda?
-Eu e Julie vamos comemorar 5 anos de casamento. E, bom, a gente vai precisar ficar sozinho pra... você sabe
-Acho que sei sim. Mas por que você me escolheu pra tomar conta de Jenny? Por que não a Nath, sei lá?
-E acha que não pensei nisso? – ele rebateu – Mas não fui eu quem escolheu
-Jenny me escolheu? – eu disse surpreso
    Lucas assentiu.
-Pode fazer isso? – ele perguntou
-Ok – respondi
-Jennifer! Tio Téia chegou! – Lucas berrou
    Ouvimos um grito de “oba” e logo Jenny veio correndo do 2º andar. Ela correu em minha direção e eu a peguei no colo.
-Opa! Calma aí, eu sou 1 só – brinquei
   Julie veio logo depois. Ela vestia uma blusa vermelha amarrada na altura do abdômen, deixando seu umbigo de fora; e uma discreta tanga branca.
-Estamos indo, querida – disse ela – Seja boazinha com o Tio Téia
    De novo. Aquela palavra. Não tem jeito, eu seria sempre o “Tio Téia”.
    Alguns segundos depois, Lucas e Julie foram embora para sua viagem de segunda lua-de-mel, ou seja lá o que for, e me deixaram com Jenny.
-E então, o que quer fazer? – eu disse, com um sorriso
-Brincar com a sua bateria! – ela exclamou
-Jennifer... Lembra o que aconteceu da última vez que brincou com a minha bateria? – eu disse, em tom reprovador
-Eu incinerei as baquetas...
-É, isso mesmo. Sugira outra coisa. Algo que não envolva minha bateria
-Podemos levar o Bob pra passear no parque! – ela sugeriu
    Bob era o cachorro de estimação de Lucas e família. Era um grande labrador amarelo, muito dócil. Quando ele era filhote, deram ele como presente no aniversário de 3 anos de Jenny.
    Eram 16h da tarde e ainda fazia sol. Um passeio no parque parecia ser uma boa ideia. Coloquei a coleira em Bob e fui ao parque com Jenny.
    Haviam muitas crianças no parque, assim como cães e seus donos. Jenny pegou um frisbee e o lançou para que Bob fosse busca-lo. O cão voltou alguns segundos depois, trazendo o frisbee em sua boca.
-Isso! Bom garoto! – disse Jenny, acariciando o cachorro
    Depois, eu e Jenny brincamos juntos de jogar o frisbee pro cachorro. Depois que nós nos cansamos, nos sentamos embaixo de uma árvore.
-Você é o melhor tio do mundo! – ela disse, me abraçando
-E você é a melhor sobrinha do mundo – eu disse, sorrindo – Que tal tomar um sorvete?
-Ótimo! – ela respondeu
    Havia um carrinho de sorvete ali perto. Quando nos levantamos, 5 caras fortões apareceram na nossa frente. A Gangue F.
-Fica atrás de mim – eu disse para Jenny. Depois, para a Gangue F: - O que é que vocês querem?
-Vingança – disse o líder
    Revirei os olhos. Não esperei que ele acabasse o discurso e soquei o seu rosto. Logo depois, dei um chute em seu tórax, derrubando-o. Antes que eu pudesse continuar, um deles me pegou pela gola da camisa e me jogou a uns metros de distância.
    Senti um pouco de dor com o impacto com o chão, mas rapidamente me esqueci da dor quando me lembrei de que Jenny estava sozinha com a Gangue F. Corri até lá. Jenny parecia furiosa por eles terem me agredido.
-Vocês machucaram o tio Téia – ela dizia, com a voz ficando distorcida
    Quando Lucas falava daquele jeito, assustava. Mas quando era com Jenny, era... horripilante. Vê-la falando com aquela voz me dava calafrios.
    Suas mãos começaram a soltar faíscas. As faíscas foram se unindo e formando faixas de energia. Em seguida, ela lançou as faixas ao redor de cada membro da Gangue e apertou, eletrocutando-os. Eles caíram no chão, inconscientes.
-Uau! – eu disse, surpreso
    Notei que ela ainda estava criando faíscas.
-Já pode parar, Jenny – eu disse
    Mas ela não parou. Seus olhos passaram de pretos a vermelhos. Então, seu corpo começou a flutuar e... ela voou para longe.
-Ah, que ótimo! – exclamei
    Peguei meu celular e liguei para Alice.
-Preciso da sua ajuda – eu disse – Aconteceu algo estranho com a filha de Lucas e preciso que me ajude a achá-la
-Como assim? Essa cidade é enorme! – ela exclamou
-Não deve ser difícil achar uma criança de 5 anos flutuando por aí – rebati
    Encerrei a ligação e depois corri até a saída do parque, onde estava meu carro. Coloquei Bob no banco de trás e comecei a procurar por Jenny. Alguns minutos depois, Alice retornou.
-Ela está na LA Junior School – ela respondeu
    Foi aí que me lembrei de uma coisa: essa era a escola onde Jenny estudava. Mas era época de férias. O que ela estava fazendo ali?
    Dirigi até a tal escola. Chegando lá, encontrei Alice me esperando na entrada.
-Você não vai gostar do que vai ver lá dentro – ela disse
-O que quer dizer?
-Ela amarrou duas garotas e está mantendo-as presas. Duas garotas da turma dela. As mães vieram pra pagar a mensalidade e foi isso que aconteceu.
    Passei pela entrada e vi: duas meninas estavam amarradas por uma raiz. Jenny estava bem a frente delas, com faíscas saindo das mãos.
-Jennifer! – gritei
-O que você quer? – ela disse, ainda com a voz medonha
-Solta elas. Você não faz isso. Você não é má! Solte-as!
    As faíscas sumiram. As garotas foram soltas e correram para suas mães. Fui até Jenny e a abracei. Ela desabou em lágrimas.
-Me desculpa. Me desculpa – ela dizia
***
    Um pouco depois, entramos no carro e voltamos para a mansão. Durante todo o trajeto, Jenny permaneceu calada. Só quando eu a levei para o quarto, para que ela dormisse, ela resolveu falar.
-Eu fiquei com raiva – ela disse
-Como?
-Quando vi aqueles caras maus baterem em você, me descontrolei
-Mas e aquelas meninas? – perguntei
-Elas riam de mim. Falavam que eu era esquisita por ser mutante. Eu só queria... me vingar. Desculpa – disse Jenny, começando a chorar
-Não se desculpe. Você é maior do que palavras. Sabe o que fazemos com pessoas inferiores? Ignoramos. Sem dúvidas, você é muito superior a elas.
    Jenny enxugou as lágrimas e sorriu.
-Você é o melhor tio do mundo – ela disse novamente
    Dei um riso e me abaixei para beijar sua testa.
-Durma bem, Jenny – eu disse
    E então, ela adormeceu.
    Jenny é como uma Caixa de Pandora. Ela pode ter muitos lados sombrios por dentro. A Gangue F abriu essa caixa e foi isso que aconteceu. Dali pra frente, nós teríamos que vigiar para essa caixa não ser aberta novamente.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

26- Temos Vagas

1 semana depois...

    Depois que me tornei oficialmente dono da mansão, chamei os caras do PsyckoManiacs para morarem na mansão. Também contratei empregadas, porque eu duvido que os caras da banda façam faxina.
    Além disso, montamos um pequeno palco, onde poderíamos treinar para os shows e também teríamos um lugar para o nosso famoso “karaokê” nas festas.
    Por fim, ficamos com um quarto vago. Resolvemos colocar um anúncio de “vagas abertas” e colocamos o quarto para ser alugado. Eu, os caras da banda e Lucas entrevistávamos quem aparecia pra alugar o quarto.
    Primeiro, apareceu um cara vestindo uma blusa preta, de cabelo mal-cuidado, expressão cansada e segurando uma sacola.
-Fale sobre você – disse zp Thearth
-Meu nome é Dave, tenho 20 anos – disse ele – Sou muito ecológico. Trabalho vendendo plantas
-Que tipo de plantas? – Wallace perguntou
    Dave abriu a sacola e mostrou que estava carregando uma muda de maconha.
-Você vende maconha? – Lucas exclamou, espantado
-Sim – disse Dave, como se fosse a coisa mais normal do mundo
-Me desculpa, mas não aceitamos traficantes – eu disse
    Ele fez uma expressão de decepção e foi embora.
    Depois dele, uma linda garota loira entrou na mansão para ser entrevistada.
-Fale um pouco de você para a gente – eu disse
-Eu me chamo Patricia, tenho 18 anos – ela disse – Sou bissexual, topo tudo
-Tudo mesmo? – Wallace perguntou
-O que quiser, eu faço – disse Patricia
    Lucas se aproximou de mim e de Wallace e disse:
-Lembre-se: temos crianças no pessoal – disse Lucas
    Wallace revirou os olhos e disse para Patricia:
-Me desculpa, mas não vai dar. Mesmo assim, pega meu número
    2 horas se passaram. Entrevistamos mais de 20 pessoas, mas nenhuma passou no teste. Sempre havia algum problema: suicida, fugitivo da polícia, mais ninfomaníacas, e por aí vai.
    Nós já estávamos parando pelo dia, quando a campainha tocou novamente.
-Só mais uma. Acho que não tem problema – eu disse
    A porta se abriu. Uma jovem entrou na mansão, sentada numa cadeira de rodas.
-Meu nome é Alice, tenho 16 anos. Vim para alugar o quarto – ela disse
-Foi mal, mas é que o quarto fica no 2º andar – eu disse
-E...? – disse Alice
-Não é meio óbvio? – eu disse, um tanto sem-jeito
    Alice suspirou e revirou os olhos.
-Então é isso? Vai me julgar pelas aparências? Eu não sou uma inútil, sabia? – ela disparou
-Tá legal! – eu disse – Fale pra gente sobre você
-Tenho 16 anos. Sofri um acidente de carro quando tinha 9 anos e, desde então, sou paraplégica. Porém, desde que nasci sou uma mutante
-O que você faz? – perguntei
    De repente, sua cadeira de rodas começou a flutuar. Logo, Alice estava no 2º andar da mansão. Ela tinha o dom da telecinese.
-Não é meio óbvio? – ela retrucou
-Gostei dela – Lucas sussurrou
    Wallace e zp Thearth concordaram.
-Parabéns, Alice. Você foi aceita – eu disse
-Oba! – ela deu um gritinho
    Já estava ficando tarde. Dispensamos os outros candidatos e, logo em seguida, nos preparamos para dormir.
***
    No meio da noite, senti sede e fui ao 1º andar, rumo à cozinha. Quando cheguei à sala, ouvi um barulho estranho. Quando liguei a luz, vi um cobertor se mexendo no tapete. Alice e um cara saíram debaixo do cobertor.
-Ah, oi, Matheus – disse Alice – Esse é Derek, meu namorado
-Mas... – eu disse, meio confuso
-Olha, apenas minhas pernas não funcionam. O resto está em perfeito estado – disse ela
    Fiquei parado como uma estátua, constrangido com a situação.
-Eu me amarro nas músicas da sua banda – disse Derek
-Ahn... Obrigado, eu acho – eu disse
    Depois dessa cena, até esqueci que precisava beber água e voltei para o meu quarto.
  
Moral da história: Nunca julgue ninguém pela aparência. Quem vê cara não vê coração.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

25- Que Comecem os Jogos!

    Eu e a banda estávamos no estúdio. Estávamos gravando um cover de “Given Up”, do Linkin Park, com direito a um dueto com o Chester Bennington. Apesar do zp Thearth ser o novo vocalista da banda, ele deixou que eu fizesse os vocais dessa música junto com o Chester.
    Assim que acabamos a gravação, meu telefone tocou. O identificador de chamadas mostrava que era Nath.
-Que foi? – eu disse
-Credo! E o alô? – ela brincou
-Nathália...
-Tá legal, tá legal. Olha, Allanis disse que tem algo importante a dizer e quer todos aqui
    Como os PsyckoManiacs já haviam terminado as gravações do dia, eu saí do estúdio e dirigi até a mansão. Cheguei lá e encontrei o pessoal todo reunido. Allanis, Pattison, Ana e Renato estavam no meio do círculo.
-O que foi? O que está acontecendo? – perguntei
-Bem... – disse Allanis
-Fala logo, mulher! – Bianca exclamou
-Eu falo se você não me interromper – Allanis retrucou – O que eu tenho a dizer é que estou indo embora da mansão
-E eu também – disse Ana
    A sala ficou em silêncio por alguns segundos. Quem quebrou o silêncio foi Lucas.
-Vocês estão indo embora pra valer? – ele perguntou
-Não, apenas vamos nos mudar – disse Ana – Teremos nossas próprias casas, assim como você, Nath, Bianca e Karol
-Ufa! Não nos assustem assim! – disse Isa
-Há mais uma coisa – disse Allanis – Eu sou a última dona restante da mansão. Como eu não posso escolher um de vocês, eu e Ana resolvemos criar uma competição
    O pessoal olhou um para o outro, ainda tentando absorver tudo.
-Mas essa competição só vale para quem ainda está morando na mansão – disse Ana
-Ou seja, Matheus e Isa – disse Allanis
-Mas e quem perder? – disse Karol
-Vai embora da mansão – Allanis respondeu
    Um desafio. Agora estava ficando um pouco mais interessante.
-O que me diz? – perguntei a Isa
-Eu topo – ela respondeu
    Fomos todos até os fundos da mansão. Haviam duas bancadas preparadas. Eu fiquei de um lado, ela do outro. Pensei que a competição fosse algo como corrida ou outra coisa relacionada a esportes. Tive uma má impressão.
-Preparados para o quiz? – disse Nath
-Quis? Como é que é? – exclamei
-Você achou que a competição fosse o quê? Achou que isso virasse uma sede das Olimpíadas?
-Preparada – disse Isa
-Preparado – resmunguei
***
    1 hora de competição havia se passado. O placar era de 120 para Isa e 30 para mim. Faltava apenas uma pergunta. Eu devia ter entregado a mansão para Isa de uma vez, talvez fosse melhor.
-Agora, a pergunta que vai decidir quem será o novo dono da mansão – disse Nath
-Peraí, se essa era a grande pergunta, - eu disse – porque você só resolveu fazê-la agora? – perguntei
-Porque seria divertido ver você perdendo – ela riu
    Allanis pegou seu notebook e o colocou em cima de uma mesa. Ela pesquisou no Google e entregou a resposta para Nath.
-Não brinca que essa é a pergunta – disse Nath
    Allanis confirmou. Nath colocou a palma da mão no rosto, mostrando decepção. Em seguida, perguntou:
-Qual foi a única música da banda Guns N’ Roses a alcançar o 1º lugar na Billboard?
    Agora eu entendia porque Nath ficou tão desapontada ao ver a pergunta. Porque eu sabia a resposta.
-Isabela? – disse Nath
-Eu... eu não sei! – disse Isa
-Eu sei! – exclamei – A resposta é “Sweet Chil O’ Mine”
-Resposta certa – disse Nath, desanimada
    Ana fez um “aaah” e se mostrou desapontada.
-Por que vocês gostam tanto de me ferrar? – perguntei
-Porque é divertido – Allanis respondeu – Parabéns, agora você é o novo dono da mansão!
    É bom ganhar alguma coisa, pra variar, pelo menos. Então agora, a mansão era minha. Só minha. Talvez eu não seja tão azarado assim.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

24- É Sempre a Ana!

PDV da Ana

    Como de costume, acordei às 7:00 da manhã. Vesti meu jaleco e fui até a cozinha para tomar café com o pessoal. Allanis e Isa estavam lá.
-Allanis, já voltou? – eu disse, surpresa – Me conta como foi a lua-de-mel
-Ah, foi ótima! A gente... – Allanis começou a falar
-Xi, estou atrasada! – eu a interrompi – Desculpa, querida. Depois você acaba de me contar
    Ela pareceu ficar meio irritada por não poder contar a história, mas deixou pra lá.
    Corri para meu carro e fui para o trabalho com o rádio ligado. Estava tocando “Domino”, da Jessie J.
    Ao chegar no hospital, levei um susto ao ver vários carros de polícia e alguns repórteres. O que será que estava acontecendo? Era muito raro o “LA Medical Centre” ficar movimentado assim.
    Assim que saí do meu carro, os repórteres dispararam em minha direção. Eu os ignorei, como sempre faço. Já estava acostumada com repórteres querendo falar comigo, já que todos querem entrevistar a mutante.
-Sra. Martins, aqui, por favor – disse um dos repórteres
-Poderia falar comigo, sra. Martins? – disse outro
    E então, um terceiro falou algo que me fez congelar.
-Sra. Martins, o que tem a dizer sobre os assaltos nos quais anda envolvida?
    Parei. Então era por isso que os carros de polícia estavam ali. Mas eu não estava envolvida em assalto nenhum. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, um policial surgiu atrás de mim e me algemou.
-Quero minha advogada – eu disse

Fim do PDV da Ana

PDV da Nath

    Assim que Marcelo saiu para o trabalho, e as crianças foram pra escola, eu resolvi passar na mansão. Matheus e Bianca estavam na sala-de-estar, assistindo TV. Me juntei a eles.
-O que estão assistindo? – perguntei
-Não sei. Não estou prestando atenção – disse Bianca
    De repente, meu telefone tocou. Era Ana.
-Me ajuda, eu fui presa – ela disse – Preciso que seja minha advogada
-Presa?! – exclamei – O que aconteceu?
-Anda logo, besta! Eu não tenho a vida toda! – ela disse, impaciente
-Ok, me diz onde você está – eu disse
    Anotei o endereço e me preparei para ir.
-O que houve? O que aconteceu? – disse Matheus
-Ana está presa – respondi

Fim do PDV da Nath

PDV da Ana

    Eu havia sido deixada numa cela fedida e suja, junto a uma mulher fortona e esquisita.
-E aí, delícia? – disse a mulher
-Ai, meu Deus! Nath, cadê você? – eu disse, apavorada
    Naquele exato momento, um policial abriu a cela e disse que minha advogada havia chegado. Eu quase exclamei um “Graças a Deus”, mas fiquei quieta.
    Fui levada até uma daquelas salas com espelho falso, como as da TV. Primeiro, eu e Nath ficamos a sós na sala, para que eu explicasse tudo a ela. Depois, o policial iria me interrogar.
-Eu não fiz isso – eu disse a Nath
-Eu sei disso. Você pode ser maluquinha, mas não é assaltante – ela disse – Mas há um problema: existem vários vídeos que contradizem isso. Nos vídeos, dá pra ver uma mulher idêntica a você assaltando alguns bancos.
-Ótimo – resmunguei – E como vamos provar minha inocência?
-Isso eu não sei. Mas já tem alguém cuidando disso
-Quem? – perguntei
    Nath deu um sorrisinho malicioso.

Fim do PDV da Nath

-E então, Matheus? Conseguiu alguma coisa? – Nath perguntou pelo telefone
-Eu e Lucas estamos procurando por vídeos das câmeras de segurança dos bancos – respondi – Ele pediu pra um amigo de Paris que ajudasse também
    Desliguei o celular e voltei a olhar para o computador. Lucas C estava no celular com o seu amigo de Paris e vendo os vídeos ao mesmo tempo. De repente, ele desligou o celular e digitou um link, de maneira rápida.
-Olha esse vídeo do Google Street View – disse Lucas
    Ele mostrou o vídeo de um assalto de 1 semana atrás. A farsante de Ana andava por umas ruas e... se transformava em outra mulher.
-Ela é uma metamorfa como a Ana? – eu disse, surpreso
-Não é só isso – disse Lucas – O meu amigo de Paris disse que essa mulher no vídeo é Helen Chase. Estava na cadeia há 2 anos e meio... e trabalhava no LA Medical Centre
-Caramba! – exclamei – E onde ela está agora?
-É só perguntar pro Google – disse Lucas, num tom sarcástico

PDV da Ana

    O policial estava me interrogando. Ele começou com perguntas bestas como “onde você estava nesse dia?” e depois partiu para uma alternativa mais agressiva. Disse que não adiantava mentir, porque eles sabiam a verdade. Admito que comecei a ficar com medo. E se Nath, Matheus ou Lucas não conseguissem provar minha inocência?
    Mas quando o medo começou a se instalar, a porta se abriu e Matheus e Lucas entraram na sala de interrogatórios. Junto deles estava Helen. Ela havia armado para que eu fosse demitida do hospital há 2 anos atrás. O que ela estava fazendo ali?
-Podem liberar a Ana – disse Matheus
-Vocês não tem liberdade para isso – o policial argumentou
-Temos sim. Já falamos com seus amigos lá fora – disse Lucas
    Eu já estava ficando confusa com aquilo tudo.
-O que é que tá acontecendo aqui?
-Helen estava se passando por você. Ela é uma mutante metamorfa – disse Matheus
-Não – Helen corrigiu Matheus – Eu posso copiar poderes das pessoas que toco. Foi isso que fiz com ela aí – elas cuspiu as palavras “ela aí”
    A fúria começou a me controlar. Uma súbita falta de ar veio junto. Eu não conseguia acreditar que uma pessoa que um dia considerei amiga pudesse fazer isso.
-Poderiam nos deixa a sós? – eu disse
    Eles assentiram. Alguns minutos depois, eu e Helen ficamos sozinhas na sala.
-Por quê? – eu disse
-Por sua causa, fiquei mais de 2 anos numa prisão. Perdi a minha vida! – ela exclamou
-Você ia fazer a mesma coisa comigo. Lembra?
    Helen ficou calada.
-Espero que tenha feito amiguinhas na prisão, porque eu darei um jeito de fazê-la ficar lá pra sempre
    Antes de sair, cuspi na roupa dela, irritada.
   Depois, encontrei Matheus, Nath, Lucas e o policial, que estavam do lado de fora da sala de interrogatórios.
-E então? – perguntei
-Ela ficará na solitária – disse o policial – É a primeira vez que prendemos uma mutante, então a solitária parece a opção mais apropriada
-Ótimo – eu disse – Quanto mais longe de mim, melhor
    Então, me virei para Nath, Lucas e Matheus, e disse:
-Vamos, não aguento mais olhar pra cara daquela... daquela coisa – eu disse

Fim do PDV da Ana

sábado, 4 de fevereiro de 2012

23- A Academia de Feiticeiras

   Eu estava sentado no tapete da sala da mansão, jogando videogame com Eric. Nath, Bianca e Ana estavam sentadas no sofá, lendo uma revista de moda; Lucas estava na cozinha, preparando o jantar do pessoal; Isa estava sentada num puff, mandando sms’s para Leandro, que estava viajando; e Karol ouvia um pouco de música em seu fone de ouvido. Allanis e Pattison estavam fora da cidade, em sua lua-de-mel.
    De repente, a campainha tocou. Ana foi até a porta para atendê-la. Tivemos uma surpresa ao ver quem estava do outro lado da porta: Jessica. Ela e Ana se abraçaram e sorriram.
-O que você faz aqui? – Ana perguntou
    O sorriso no rosto de Jessica desapareceu.
-Eu vim aqui porque preciso da ajuda de vocês – ela disse
-Como assim? – disse Isa
-Não sei como falar, talvez seja melhor mostrar – disse Jessica- Chame Lucas, quero todos vocês
    Disfarcei e fingi que estava dormindo no sofá.
-Todos, Matheus. Inclusive você – ela disse
    Aquilo me pegou de surpresa. Olhei para ela com expressão de confusão.
-Isso é importante – disse ela, olhando para mim. Depois, se virou para o pessoal e disse: - Agora deem as mãos
    Fizemos o que ela mandou. Demos as mãos e ela recitou umas palavras complicadas. Quando abri os olhos, percebi que estávamos numa floresta. À nossa frente, havia um portão de ferro que dava para um grande castelo feito de pedras.
-Bem-vindos à Academia de Feiticeiras – disse Jessica
-Uau – disse Bianca – Sempre quis saber onde ficava. Que país é esse?
    Jessica soltou um risinho abafado.
-Não é um país diferente. É uma dimensão diferente – ela disse
    Ficamos parados, boquiabertos. Jessica deu outro risinho abafado e recitou algumas palavras para que o portão se abrisse.
    Havia um jardim e uma trilha com pedrinhas brilhantes no caminho que levava até a porta do castelo.
-Então... – disse Lucas – Por que trouxe a gente aqui?
-Vocês logo verão – ela disse, com um tom misterioso
    Chegamos à porta do castelo. Tive uma surpresa ao vê-lo por dentro. As paredes tinham uma pintura feita com textura, pintada de azul marinho; a mesa do provável refeitório era feita de alumínio; haviam lâmpadas. Eu havia imaginado algo mais antiquado, num estilo da escola do Harry Potter, e não uma coisa tão... moderna.
    Havia também outro detalhe: lá só haviam garotas.
-Aqui só estudam garotas? – Karol perguntou
-Sim, talvez seja por isso que se chame Academia de Feiticeiras – disse Jessica
    Uma mulher de óculos, aparentemente de uns 30 e poucos anos, e vestindo um terninho branco, se aproximou de Jessica.
-Conseguiu a ajuda? – perguntou
-Sim, aqui estão eles – disse Jessica – Pessoal, sra. Ramirez. Sra. Ramirez, pessoal. Ela é nossa professora
-Venham comigo – disse a Sra. Ramirez – Precisam ver uma coisa
    Ela nos guiou até o segundo andar, onde ficavam os dormitórios. No fim do corredor, havia uma faixa amarela, tipo aquela usada por policiais. Sra. Ramirez nos levou até o outro lado da faixa.
-Isolamos essa parte do corredor para proteger as outras estudantes – disse
    O que será que havia ali que as fez isolar o lugar?
    Sra. Ramirez abriu a porta e o que nós vimos quase nos fez pular de susto. Naquele dormitório, havia uma garota, com o cabelo desgastado, pele envelhecida e olhos totalmente brancos. Ela estava acorrentada. Assim que nos viu, começou a se debater, tentando nos pegar, mas a corrente não deixava. Ela não falava, apenas emitia grunhidos. Parecia... um zumbi.
-Meu Deus... – disse Nath, abismada
-Essa é Lisa – disse Jessica – Está assim há 1 semana. Uma outra amiga minha, Tess, está desaparecida há 3 semanas.
    Percebi algo de estranho no braço de Lisa. Havia uma marca em seu braço. Me aproximei para ver o que era.
-O que você tá fazendo? – disse a Sra. Ramirez – Tome cuidado, não sabemos se é contagioso
    Não me aproximei à ponto de Lisa me pegar, apenas o suficiente para ver a marca em seu braço. Era uma estrela negra.
-Jessie, Lisa tinha alguma tatuagem? – perguntei
-Não, ela nunca mencionou nada – ela respondeu – E me chame de Jessica
-Hum... E o que seria essa estrelinha negra no braço dela?
    Jessica se aproximou e olhou para o desenho no braço da Lisa-zumbi.
-Que estranho – ela disse – Eu nunca reparei nesse desenho
    Ela suspirou e disse:
-Por enquanto, isso não significa nada. Preciso que alguém venha comigo para procurar Tess
-Nath, pode ser você? – eu disse
-Não – Jessica interrompeu – Eu quero você, Matheus
    Fiquei um pouco surpreso, mas apenas obedeci. O pessoal todo se dividiu em duplas e foi até a floresta para procurar a amiga de Jessica.
    Eu e Jessica ficamos em silêncio o tempo todo, então resolvi quebrar o silêncio de uma vez:
-Faz ideia de onde Tess esteja? – perguntei
    Jessica não disse nada. Apenas continuou andando em silêncio.
-Jessica? – eu disse
-Tess é minha melhor amiga – disse ela, finalmente – Não sei o que eu faço se... Não, é melhor não pensar nisso
    Ficamos mais um tempo andando em silêncio, até que ouvimos um assovio. Jessica começou a correr em direção ao barulho e eu a segui. Duas garotas, também feiticeiras, esperavam no local de onde veio o assovio.
-E então? Acharam ela? – disse Jéssica
-Hã... Sim, achamos – disse uma das feiticeiras
    Quando olhamos melhor, pudemos ver o cadáver de Tess, jogado no meio dos arbustos. O corpo não parecia de uma jovem, e sim de uma idosa, como se o processo de envelhecimento dela tivesse sido acelerado.
-Não! – Jessica exclamou
    Ela começou a chorar e se virou para me abraçar.
-Peraí, por que eu? – eu disse – Por que me escolheu para procurar Tess com você, e não Nath?
-Porque eu não poderia abraçar a Nath – ela disse
    Fiquei sem respostas quando ela disse isso. De repente, notei algo de estranho no cadáver da amiga de Jessica. Me aproximei do corpo e foi aí que vi: uma estrela negra no braço dela.
-Jessica, olha isso – eu disse
    Assim que ela viu a marca, secou os olhos e ficou séria novamente.
-Isso quer dizer que... – eu disse
-Que o mesmo desgraçado que transformou Lisa num monstro também matou Tess – ela disse, friamente
***
    Algumas horas depois, assim que a Academia foi avisada da morte de Tess, que o funeral dela foi marcado e etc, Jessica levou todos nós de volta à mansão.
-Obrigada, por tudo – disse Jessica – A ajuda de vocês foi muito importante
-De nada. Qualquer coisa, é só falar com a gente – disse Nath
    Antes de ir, Jessica me deu um abraço. Um abraço apertado.
-Obrigada, Matheus – ela disse
    E então, ela se foi. De novo.