quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

10- Pontos de Vista

   Estressado, voltei para a mansão. Nem liguei pra pegar carona com Leandro, voltei a pé mesmo. Vim pela rua, chutando lixeiras.
-2 anos sendo fiel. Uma única escapadinha e a minha namorada feiticeira vê. Ótimo! – resmunguei
   Cheguei na mansão, as luzes estavam apagadas. O pessoal já devia estar dormindo a essa altura. Entrei de fininho e me joguei no sofá, colocando a almofada na cabeça. Assim que me deitei, as luzes se acenderam sozinhas. Jéssica estava sentada na poltrona, de braços cruzados.
-Você sabia que fica ainda mais gostosa quando está brava? – tentei quebrar o gelo
   Ela continuou de braços cruzados e de cara fechada. Não era a hora de piadas.
-Por que você voltou? Não ia ficar numa Academia de Feiticeiras ou uma porra dessas? – perguntei
-Por quê? Queria ter tempo pra levar a biscate pra cama? – ela retrucou – E mais: “Uma porra dessas”? É assim agora?
-Foi mal – eu disse
   Jéssica revirou os olhos e se sentou na poltrona de novo. Ela passou a mão na cabeça e suspirou, mal-humorada.
-Por favor, me deixa explicar – pedi
   Irritada, ela pegou o abajur e o lançou na minha direção. Desviei e o abajur acertou a parede, fazendo barulho ao se quebrar.

PDV da Nath:

   Como Marcelo tinha viajado pra gravar o seu clipe novo, eu fiquei na mansão, pois haviam quartos vagos. Durante minha calma noite de sono, um barulho me fez acordar. Não era Eric nem Cecília, então saí do meu quarto para ver o que era.
   No corredor, bem na saída para a escada, estava todo o pessoal, olhando lá pra baixo. E pareciam estar se escondendo.
-O que está acontecendo? – perguntei
-Matheus e Jéssica estão lá embaixo – explicou Bianca
-E vocês estão vendo eles... Eca! – exclamei
-Não, não. Eles não estão fazendo isso – disse Karol – Aliás, estão longe de fazer isso
   Me juntei a eles e olhei lá pra baixo. Realmente, Jéssica estava bem estressada. O que será que Matheus fez para deixá-la assim?

Fim do PDV da Nath

   Jéssica estava nervosa demais. Eu precisava pensar em algo para acalmá-la.
-Vamos ser racionais, Jéssica. Precisamos conversar como pessoas civilizadas – eu disse
   Ela me olhou por um instante e suspirou. Analisou a ideia rapidamente e experimentou conversar. Mas não do jeito que eu queria.
-Ela era boa? – perguntou Jéssica
-Como assim? – eu disse, sem entender a pergunta
-Você não queria conversar? Então, como ela era? Era boa, ótima ou maravilhosa? – disse ela
   Parei para pensar na resposta. Ela não gostou de me fazer uma pausa para pensar, então me apressei. Comparado a “ótima” ou “maravilhosa”, “boa” parecia ser a melhor opção.
-Ela era boa – respondi
   Jéssica deu um suspiro forte, claramente irritada.
-Chute na trave – eu disse, comigo mesmo

PDV da Nath:

-Sua besta! Você devia ter dito “horrível”, “uma porcaria” ou sei lá! – falei comigo mesma, analisando a burrice de Matheus – Qualquer coisa menos “boa”
   Ana foi no seu quarto e voltou com pipoca para a gente.
-Querem pipoca? Essa briga vai durar e a gente pode ficar com fome – disse ela
-Ah, eu quero sim – disse Isa
   Isa pegou o pote de pipoca e comeu algumas. Ficamos passando o pote de mão em mão enquanto assistíamos a briga de Matheus e Jéssica.
-Isso tá melhor que novela das 8! – disse Karol, comendo a pipoca

Fim do PDV da Nath

   Jéssica se jogou com força no sofá. Me sentei do lado dela, mas aí ela se levantou.
-Por que você fez isso? – perguntou ela
-Porque sentia sua falta. Não sabia se você ia voltar – respondi
-Mas eu voltei. E você não esperou uma semana! Se fossem 6 meses... Mas foi uma semana!
   Ela se encostou na parede e passou a mão nos cabelos, se segurando para não chorar. Me aproximei dela e passei a mão pelo seu rosto. Lentamente, me aproximei dela para beijá-la. Quando eu estava quase lá, ela me empurrou e se desviou do beijo.
-Não dá, Matheus, não dá – ela disse
-Por favor, Jéssica. Eu te amo

PDV da Nath

-Beija! Beija! Beija! – disse Karol, comendo pipoca
-Ai, meu Deus! É muita emoção – disse Ana, pegando o pote de pipoca
-Shh, shh! Eu quero ouvir – eu disse
   Elas ficaram quietas e nós voltamos a ver a briga.

Fim do PDV da Nath

-Mentira – disse Jéssica – Se você realmente me amasse, não teria feito aquilo
   Ela pegou seu livro e se preparou para recitar um feitiço para ir embora, mas eu segurei seu braço.
-Me larga, Matheus – ela disse, irritada
-Me diz que vai me perdoar – pedi
-Um dia, talvez. Mas esse dia vai demorar a chegar.
   Eu a puxei pelo braço e lhe dei um beijo. Dessa vez, ela não relutou. Ela retribuiu. Passei a mão pelo seu ombro, retirando a alça de sua blusa. Eu a coloquei contra a parede e comecei a tirar a sua blusa. Porém, ela me empurrou mais uma vez e ajeitou a sua blusa.
-Eu não vou te perdoar, Matheus. Não tão cedo – ela disse – Acabou. Tudo entre a gente, acabou
   Rapidamente, ela pegou seu livro de feitiços e foi embora antes que eu pudesse impedi-la.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

9- Meios e Fins

1 semana depois...

   Desde a saída de Jéssica, algumas coisas mudaram. Tivemos que retirar “Horror City” do álbum dos PsyckoManiacs. Falei para os caras da banda que Jéssica teve que ir para uma filial da CCB na Rússia e ficaria fora por tempo indeterminado.
   Mas uma coisa irritante acontecia o tempo todo: o pessoal insistia com aquelas perguntas “Você está mesmo bem com tudo isso?” ou “Tá tudo legal com você?”. Mesmo eu respondendo que sim, eles continuavam.
   A verdade é que eu não estava bem. Eu tentava ao máximo esconder do pessoal e, às vezes, realmente parecia que estava tudo normal. O problema era quando chegava a noite. Me matava chegar ao quarto e ver que eu dormiria sozinho, sem ninguém para me fazer companhia.
   Tudo isso me deu inspiração para escrever uma música. Quando sentei na cadeira e peguei a caneta, ouvi uma música vinda da cozinha. Mais especificamente, “My Heart Will Go On”, da Celine Dión (Autor: a música do Titanic).
   Abri a porta do quarto e fui até lá. Ana estava cozinhando e cantando ao mesmo tempo.
-Pode abaixar o som, por favor? – pedi
-Calma, calma. Estou no meu momento emotiva – ela disse, se preparando para o refrão
   Ela pegou a colher de pau e fingiu que era um microfone. Tentando ignorá-la, fui para a sala e liguei a TV. No exato momento em que liguei a TV, Ana aumentou o som só para me provocar.
   Nath vinha de sua casa, trazendo Eric e Cecília. Eles dois foram para a cozinha, brincar com Ana, enquanto Nath vinha falar comigo.
-Então, como você tá? – ela perguntou
   Olhei para ela com cara de tédio, já cansado desse tipo de pergunta.
-Ah, qual foi! – ela exclamou – Estou querendo ajudar
-Ajude ficando quieta – retruquei
-Se abre, Matheus – disse ela
-Essa parte é com você e o Marcelo
   Ela olhou para mim, irritada com minha resposta.
-Quer saber? Morra de depressão! – ela reclamou
-Eu não estou deprimido – argumentei
-Tá legal. É você quem sabe – ela sacudiu os ombros
   Peguei meu celular e procurei alguma música para ouvir, mas nenhuma me veio à cabeça. Mas, estranhamente, não liguei quando Ana colocou “Without You”, da Mariah Carey, pra tocar no rádio.
-Meu Deus, eu estou deprimido – falei comigo mesmo
   Rapidamente, me levantei do sofá e fui até o quintal, onde estavam Lucas C, Isa, Allanis e Bianca. Lucas mexia em seu celular, procurando alguma música para ouvir. Já as 3 estavam na piscina, se refrescando do calor infernal, típico de Hollywood, que estava fazendo.
-Como você es...? – começou Lucas
-Bem, obrigado – respondi de uma vez – Alguma novidade?
   Ele mostrou o celular, indicando que estava procurando alguma música.
-Vem, entra na piscina – Allanis me chamou
-Não estou a fim – respondi
   Antes que eu pudesse perceber, me empurraram e eu caí na piscina, de roupa e tudo.
-Quem foi o...? – exclamei
   Olhei para cima e vi que era Leandro.
-Fui eu, mané – ele pegou a bola de borracha de Eric e jogou na minha cara – Se prepare. Hoje você vai sair
   Depois disso, Ana colocou “All By Myself”, da Celine Dion. Momento emotiva uma ova. Ela tava é me provocando.
   Quando chegou a noite, me joguei no sofá e fiquei assistindo o programa da Oprah com Karol e Bianca.
-A Oprah é tão engraçada! – disse Bianca, rindo
   Olhei para ela, surpreso por ela achar engraçado uma mulher que só fica sentada o programa inteiro.
   Entediado, peguei uma almofada e coloquei no rosto, tentando dormir. Nessa hora, alguém socou a almofada, me impedindo de dormir. Leandro, de novo.
-Eu não estava brincando – disse ele – Vai, levanta daí. Vamos dar uma volta
   Leandro me puxou e me fez sair junto com ele. Me levou até um bar que ficava a umas quadras da mansão.
   Pra quebrar o clima monótono das músicas depressivas de Ana, no bar tocava “Lady Marmalade”, da Christina Aguilera.
   Nós nos sentamos em frente ao balcão e Leandro pediu 2 cervejas para nós.
-Olha, você tem que sair dessa – disse Leandro
-Sair dessa o quê?
-Esse truque pode funcionar com os outros, mas não funciona comigo – disse ele – Olha o que eu vou fazer. Me agradece depois.
   Leandro se levantou da cadeira, foi até o outro lado do balcão e começou a conversar com uma morena que estava sentada com as amigas. Ele conversava com ela e algumas horas apontava para mim. A morena deu um risinho e acenou para mim. Acenei de volta.
-Enche o copo – eu disse ao garçom
   Se eu realmente fosse fazer isso, seria melhor estar bêbado.
   Num certo ponto da conversa, a morena se levantou da cadeira e veio na minha direção. Leandro levantou o polegar e deu um sorriso, em sinal positivo.
-Vocalista, hã? – disse a morena
-E baterista também – completei
   Ela deu um sorrisinho, se mostrando interessada.
-Sabe, tenho uma quedinha por vocalistas de bandas. Axl Rose, Corey Taylor, M. Shadows... – ela disse
-Hayley Williams também? – brinquei
-Hayley Williams também – ela confirmou, com um risinho
   A morena se aproximou lentamente e encostou seus lábios nos meus. De início, hesitei. Mas o que mais eu tinha a perder? Apenas me deixei levar.
   Quando abri os olhos, vi Leandro passando a mão no pescoço, fazendo um sinal como “abortar missão”. Me virei para ver o que era e me deparei com Jéssica na porta do bar. Me levantei para ir atrás dela.
-Aonde você vai? – perguntou a morena, me segurando pelo braço
-Me desculpa, mas eu tenho que ir – respondi
    Corri atrás de Jéssica, que já tinha passado pela porta.
-Jéssica, espera aí – eu disse
-Nunca mais, NUNCA MAIS, quero ver seu rosto – ela esbravejou
-Por favor, me escuta – pedi
   Ela fez um feitiço que me jogou longe. Quando me levantei, ela já tinha sumido.
-O que foi que aconteceu? – perguntou Leandro, saindo do bar
-Você acabou de estragar a minha vida. Feliz? – retruquei, indo embora

8- Sem Tempo para Despedidas

   Levantei da cama apressado. Tinha que me encontrar com os PsyckoManiacs, íamos começar as gravações do novo disco da banda. Já tínhamos 14 canções escritas, só precisávamos gravar.
   Como o nosso dueto com Jéssica tinha feito muito sucesso, resolvemos gravar um outro dueto para esse novo disco. Combinei com Jéssica dela nos encontrar depois no estúdio para o nosso dueto. Enquanto isso, eu e a banda gravávamos as outras 13 canções.
-Fala aí, Wallace – eu o cumprimentei, assim que cheguei ao estúdio
-Fala aí – disse ele, distraído, lendo as letras das músicas
-Cadê a Jéssica? Tu não disse que ela gravaria “Horror City” com a gente? – perguntou Angelo
-Ela disse que depois passaria aqui. Nada ainda? – perguntei
   Eles responderam com um meneio de cabeça, indicando que a resposta era “não”.
-Talvez seja melhor eu ligar pra ela – eu disse
   Peguei o meu celular e liguei para o celular de Jéssica. Nada. Tentei mais duas vezes e ela não atendeu. Resolvi tentar ligar para o telefone da mansão e funcionou. Quem atendeu foi Nath. Ela estava bem séria.
-Alô? Nath, a Jéssica está aí? – perguntei
-Ahn, está. Olha, talvez seja melhor você vir pra cá, Matheus – ela disse
-Por quê?
-Apenas venha – disse ela, encerrando a ligação

Algumas horas atrás...
PDV da Jéssica:

   Essa noite, eu não consegui dormir em momento nenhum. Tive vários pesadelos e acabei perdendo o sono. Olhei para o relógio. Eram 06:30. Como eu já estava tendo pesadelos e o ronco de Matheus não ia ajudar em nada, resolvi me levantar da cama.
   Fui até a cozinha, onde estavam somente Bianca e Isa.
-Bom-dia – eu disse, um pouco sonolenta
-Que animação! – brincou Bianca
-Ah... É que os roncos do Matheus não me deixam dormir – expliquei
-Nem me fala! Meu quarto fica do lado do de vocês. Tenho que dormir com fones de ouvido – disse Isa
   Pouco depois, as duas se levantaram e foram para seus respectivos trabalhos, me deixando sozinha na mansão, enquanto o resto dormia.
   Olhei mais uma vez para o relógio e vi que eram 07:00. Resolvi ir logo para a CCB e gravar o programa, para depois ir para o estúdio e gravar o dueto com os PsyckoManiacs.
   Liguei o rádio do carro numa estação musical, onde tocava “We Found Love”, da Rihanna. Talvez uma música agitada me deixasse acordada.
   Optei pelo caminho mais longo, uma estrada deserta um pouco afastada do centro da cidade. Tudo que você poderia ver passando pela tal estrada era mato e alguns animais de fazenda vagando pelo mato.
   A travessia pela estrada durava uns 70 minutos. Mal percorri 20 minutos e o motor do carro pifou. Saí para ver o estrago e vi que muita fumaça vinha do motor. Como eu estava no meio do nada, não havia ninguém para me ajudar.
   Tanto para seguir em frente quanto para voltar era muito longe para ir a pé. Me encostei na porta do carro e suspirei, tentando pensar em alguma coisa. Peguei meu celular para pedir ajuda, mas estava sem sinal.
-Ótimo! – resmunguei – No meio do nada, com o carro pifado e sem ideia alguma de como consertá-lo
-Ideia alguma? – uma voz conhecida surgiu atrás de mim – Tsc, tsc. Aquele livrinho tem utilidade, sabia?
   Me virei e vi que minha mãe estava bem atrás de mim. Ela vestia um longo manto negro que tampava até seus braços e só dava para vê-los quando ela levantava a mão para gesticular.
   Apesar do fato de que algumas rugas pudessem ser notadas em seu rosto, ela abriu um sorriso digno de uma jovem de 20 anos e fez um gesto com as mãos me chamando para abraça-la. É claro que eu obedeci.
   Despois do nosso abraço, ela apontou a mão em direção ao motor do carro e falou umas palavras complicadas. Logo depois, a fumaça e as chamas se foram.
-Por que voltou? Não disse que tinhas assuntos pra resolver? – perguntei
   A pergunta não significava que eu não gostava da sua visita. Pelo contrário, eu estava radiante com a sua passagem surpresa.
-Ah, sim. Eu estava resolvendo uns assuntos com a Academia de Feiticeiras – ela explicou
-Academia de Feiticeiras? E que raios é isso? – dei uma risada
-É onde você vai passar seus dias a partir de agora – ela disse
***
   Katheryn me levou para a mansão usando um dos seus feitiços. Nós duas nos acomodamos no sofá e ela começou a explicar.
-Jéssica, querida, você é uma feiticeira. E, assim como qualquer outra iniciante, você precisa fazer parte da Academia de Feiticeiras – ela explicou – É lá onde as melhores feiticeiras se formam. Eu me formei lá, e agora você também. Aliás, eu já te matriculei
-Como é? – falei mais alto do que deveria – Você me matriculou sem nem me perguntar a minha opinião?
-Toda feiticeira tem que passar pela Academia – ela disse
   Fechei os olhos e soltei um suspiro, mal-humorada.
   Allanis e Karol foram até a sala para saber o que estava acontecendo.
-O que houve? – perguntou Allanis
-Vocês terão que se despedir de Jéssica – Katheryn respondeu
-O quê? Por quê? – perguntou Karol
-Ela vai embora. Comigo

Fim do PDV da Jéssica

Agora, no presente...

   Voltei para a mansão, preocupado com a seriedade de Nath – que é rara como os dinossauros. Assim que passei pela porta, dei de cara com todos na sala de estar, à minha espera. Todos, inclusive Katheryn, mãe de Jéssica.
-O que está acontecendo? – perguntei, preocupado
-Ahn... a Jéssica... – começou Ana
-Talvez seja melhor os dois conversarem a sós – sugeriu Lucas C
   Jéssica se aproximou e me puxou pelo braço, me guiando até a cozinha, onde poderíamos conversar em paz.
-Pode me explicar esse drama todo?
   Ela suspirou e olhou para o lado. Seus lábios tremiam, ela se segurava para não chorar. Nesses 2 anos de namoro, eu só a vi chorando 2 vezes. O que estava acontecendo devia ser mais sério do que eu imaginava.
-Eu tenho que ir. Me desculpa – ela disse, com lágrimas escorrendo pelas suas bochechas
-Como assim “tem que ir”? O que você quer dizer? – falei apressadamente
-Tenho que ir com a minha mãe, para a Academia de Feiticeiras. Treinar meus poderes... Não posso ficar aqui – ela explicou
-Não... – eu disse, perplexo
   Me aproximei de Jéssica, colocando meu rosto bem próximo ao dela. Quando eu estava bem perto de beijá-la, sua mãe apareceu na porta da cozinha, nos interrompendo.
-Temos que ir, filha – disse ela
   Voltamos para a sala, onde Katheryn deu a mão à filha, pronta para ir.
-Eu te amo – disse Jéssica
   Eu deveria dizer “Eu também te amo, Jéssica”, “Vou sentir sua falta” ou qualquer outra coisa. Mas eu congelei e tudo que fiz foi sacudir a cabeça, como se estivesse concordando com algo.
-Então, é isso. Adeus – disse Jéssica
   Ela olhou para mim, esperando por uma resposta, mas não disse nada. Desapontada, ela apenas baixou a cabeça e deixou ser levada pela mãe.
-Adeus – eu disse

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

7- Amuleto

   Depois do café da manhã com o pessoal, fui até a sala pra ver TV. No exato momento em que sentei no sofá, Nath veio me pedir carona.
-Me dá uma carona pro trabalho? O Marcelo saiu com o carro... – ela começou
-Qual foi! Eu acabei de acordar – resmunguei
-Você ainda tá vivo, né? Vamos! – disse ela
   Mesmo sem vontade, me levantei do sofá e fui até o carro com Nath. Quando estávamos chegando ao carro, um gato passou pela gente e se deitou na frente da porta.
-Olha, um gatinho! – disse Nath, pegando o gato no colo
-Larga esse gato, Nathália. É um gato de rua, deve estar cheio de doença – disse
-Mas ele é fofinho. A única doença que ele pode passar é a doença da fofura – disse ela, acariciando o gato
   Entramos no carro e ela trouxe o gato junto.
-Tira esse gato doente do meu carro – ordenei
-Não fala assim dele. Ele fica magoado – disse ela, aproximando o gato ao meu rosto
   Apesar de não gostar de ter aquele gato esquisito dentro do meu carro, levei Nath até o trabalho mesmo assim. Chegamos 20min mais rápido do que o normal, porque todos os semáforos pelos quais passamos estavam verdes.
   Assim que Nath saiu do carro, ela achou uma nota no chão, bem em frente à porta do carro.
-50 dólares! Que sorte! – ela disse, dando pulinhos
   Ela saiu do carro e deixou o gato lá dentro, comigo.
-Ei, e esse gato doente? – perguntei
-Não posso ficar com ele no escritório. Leve ele de volta pra mansão e dê comida pra ele – ela respondeu
   Nath fechou a porta e deixou o gato o gato comigo. Ele ficou parado, me encarando. Olhando pelo lado bom, não era um gato preto, e sim um gato branco.
   Dei meia-volta com o carro e voltei para a mansão. Quando estávamos chegando, ouvi um estouro. Saí do carro e vi que o pneu tinha estourado.
-Tá de sacanagem! – exclamei
   Eu ia até a mansão, mas me lembrei do maldito gato da Nath. Peguei ele e o levei pra mansão comigo. Na hora que cheguei na porta, um monte de água caiu em cima de mim. Ah, o maldito gato pulou antes de a água me acertar.
   Olhei para o alto e vi que era a Allanis.
-Foi mal! Eu tava lavando o quarto. Você apareceu na hora errada – ela gritou da janela do 2º andar
-Como sempre – gritei de volta
   Conforme entrei na mansão, o gato entrou junto e se deitou ao lado do sofá. Karol e Ana estavam sentadas no sofá e logo pegaram o gato pra brincar com ele.
-Own... Que gato bonitinho – disse Karol, acariciando o gato
   Bianca veio da cozinha com uma bandeja de sucos. Ela tropeçou no tapete e os derramou em mim.
-Foi mal, Matheus. Eu tropecei – disse Bianca
-Caramba! – exclamou Ana – Se o Matheus não tivesse na sua frente, quem ia se molhar seria a Karol. Que sorte, hein, Karol?
-É, que sorte... – resmunguei
   Me virei para ir até a garagem e pegar outro pneu. No que me virei, o gato pulou do colo de Karol e me seguiu novamente.
-Xô, gato, xô! – tentei espantá-lo
    Assustado, o gato saiu correndo e foi para fora da mansão. Depois disso, peguei o pneu e consertei o carro. Quando eu estava voltando, ouvi Lucas C berrando da casa dele.
-Eu achei! Eu achei! – ele gritava
   Curioso, resolvi passar por lá para ver o que era.
-Eu achei! O script de “A Morte Não Tem Hora”, um filme que eu ia fazer – ele explicou – Ele tava sumido um tempão... Mas eu achei! Eu achei!
   Quando olhei melhor, vi que o gato estava junto dele.
-Lucas, o que esse gato tá fazendo com você? – perguntei
-Ah, ele apareceu agora pouco. Ele deitou em cima do meu criado-mudo. Quando olhei, o script tava lá. Muita sorte, né? – disse ele
-Esse gato é o demônio. Sai capeta, sai capeta! – eu disse, batendo palmas para assustar o gato
   O gato pulou e se aninhou no ombro de Lucas.
-Capeta? Coitado dele – disse Lucas
-Isso não é gato. É o demônio em forma de gato – eu disse
   Lucas pegou a mangueira para regar o jardim e eu voltei pra mansão, com o gato me seguindo. Quando eu tava saindo da casa de Lucas, tropecei na mangueira e caí de cara no chão.
-Eu disse: esse gato é o demônio! – berrei
   Isa estava sentada no quintal da mansão, tomando sol. O gato chegou e deitou em seu colo. No quintal, Jenny e Eric brincavam de queimada. Jenny lançou a bola, que foi em direção à Isa, que desviou da bola. Resultado: a bola me acertou, bem no meio das pernas.
-Por... caria – me consertei, lembrando que haviam crianças ali
   Me ajoelhei, com dor. Você deve estar pensando: “Ah, as crianças são tão educadas... Elas devem ter ido te ajudar, né?”. Mas, na verdade, Jenny e Eric apontaram pra mim e riram. Isa também.
-Vou chamar Jéssica para te ajudar – disse Isa (ainda rindo)
   Jéssica me levou para dentro e me deu um saco de gelo para o machucado. Nath chegou do trabalho e veio trazendo o gato em seu colo. No que ela sentou no sofá, ela achou algo.
-Olha! Mais 50 dólares! – ela exclamou
    Mais do que estressado, fui para o meu quarto e me deitei na minha cama. Assim que me deitei, o gato veio para o meu quarto.
-Ah, não. Sai, sai, sai – tentei espantá-lo
   Me levantei para me sentar. No exato momento em que me sentei, a cama quebrou e eu caí no chão.
   Com raiva, me levantei e saí correndo atrás do gato. Quando estava descendo as escadas, um degrau quebrou e eu saí rolando pela escada.
-Alguém pega aquele gato! – eu berrei
-Credo! Ficou maluco, agora? – disse Bianca
   O gato pulou no colo de Nath e ficou esfregando a cabeça nela.
-Morre, diabo! – gritei com o gato
   Assustado, o gato pulou do colo de Nath e saiu correndo em direção à rua. Na hora que ele atravessou a rua, veio um caminhão e passou por cima dele.
-Não! O gatinho! – disse Nath, cobrindo os olhos
-Tudo bem quando acaba bem – dei um sorriso
-Como assim? O gato foi atropelado! – exclamou Bianca
-Tem razão. Tudo ótimo! – eu disse, voltando para dentro da mansão com um sorriso

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

6- A Renegada

   Recentemente, Jéssica tem tentado investir na carreira de cantora, mas desde que seu pai morreu, ela assumiu o controle do CCB, o que deixa sua agenda agitada. Pensei em dar uma passada no trabalho dela, fazer uma visitinha.
   Cheguei na CCB e fui até seu estúdio.
-Toc-toc – eu disse, batendo na porta
-Ei, você veio – disse Jéssica, feliz
   Ela passou os braços por cima dos meus ombros e me deu um beijo.
-O que te traz aqui? – ela perguntou
-Só pensei em fazer uma visita. Eu sempre animo o dia de quem me vê – brinquei
-Modéstia em 1º lugar – ela sacudiu a cabeça – Bom, estou ocupada. Tenho muita coisa pra fazer
-Se não me quer aqui, é só dizer
   Jéssica riu. Ela pensou em dizer algo engraçado, mas o telefone de seu escritório tocou antes que ela pudesse dizer.
-Jéssica, tem uma senhora querendo falar com você – disse a mulher do outro lado da linha
-Quem é? – Jéssica perguntou
-Ela não disse o nome, só disse que é importante
-Tá, manda subir
   Jéssica desligou o telefone e se virou para mim. Fiquei distraído, olhando seus longos cabelos loiros pousando sobre seus ombros. Ela estalou os dedos para me fazer sair do “transe”.
-Virou estátua, é? – ela brincou
-Um beijo e eu volto a me mexer – brinquei
   Ela se levantou da cadeira para me beijar. Ouvimos o barulho da porta se abrindo e ela parou na mesma hora. Sua expressão de felicidade se transformou numa expressão de espanto. Me virei e vi que a tal senhora tinha chegado. Ela deveria ter uns 50 e pouco, mas era bem conservada, do tipo “Panela velha é que faz comida boa”. Tinha um olhar firme, mas parecia prestes a desmoronar. Jéssica e ela ficaram se encarando por alguns minutos, até que a senhora resolveu quebrar o silêncio.
-Quanto tempo, hein, Jéssica? – disse a senhora
-É, quanto tempo... mãe – disse Jéssica
   Fiz um “uau” em silêncio, Apesar de que se você olhasse a senhora por trás, veria na hora que ela é mãe de Jéssica. As filhas não puxam apenas a cor dos olhos.
-Matheus, vamos embora – disse Jéssica, seriamente
-Como? – eu disse, ainda distraído, procurando o que mais Jéssica puxou da mãe
   Rapidamente, Jéssica me puxou pelo braço e me tirou da sala. Ela me levou até o carro dela e voltamos para a mansão em silêncio durante todo o trajeto. Quando chegamos, ela se trancou no quarto dela, sem me dar chances de perguntar o que estava acontecendo.
   Nath viu Jéssica correndo até o quarto e veio me perguntar o que aconteceu.
-Depois que a mãe dela apareceu, ela veio correndo para cá e não disse nada – expliquei
-A mãe dela? – perguntou Nath
   Respondi com um meneio de cabeça.
-Pensei que a mãe dela estivesse morta. Ela nunca falou dela para mim – disse Nath
-Muito menos pra mim – completei
-Fale com o Dean, ele pode explicar melhor – ela sugeriu
   Fui até a casa de Bianca para falar com seu namorado – e também irmão de Jéssica.
-O Dean está aí? – perguntei
-Está sim. Vou chamá-lo – Bianca respondeu
     Dean foi até a porta e eu expliquei tudo que aconteceu. Ele ficou eufórico ao saber da mãe.
-Mamãe? Onde ela está? Onde? – perguntou
-Eu não sei. Mas antes, me explique: por que Jéssica ficou daquele jeito? – perguntei
    Dean soltou um suspiro e passou a mão no cabelo. Ele parecia não ficar confortável mexendo naquele assunto. Antes de começar a falar, ele olhou para o alto por um tempo e começou a explicar.
-Mamãe nos largou quando eu tinha 5 anos e Jéssica, 3 – ele explicou – Foi muito difícil para Jéssica, viver sem a mãe. E depois, eu a larguei. Nunca devia ter feito isso
-Eu pensei que a mãe de vocês tivesse morrido. Vocês nunca falaram sobre ela – eu disse
-Nunca gostamos de falar sobre ela. Principalmente Jéssica
-E por que ela abandonou vocês? – perguntei
-Éramos novos demais. Nunca soubemos – ele respondeu
   Percebi que Dean estava ficando incomodado com aquela conversa. Voltei para a mansão e deixei Dean em paz.
   Do lado da mansão havia um cerca que servia também de escada. Usei ela para subir até a janela do quarto de Jéssica. Olhei pela janela e vi que Jéssica estava deitada na cama, com as mãos sobre o peito. Seus olhos estavam vermelhos, o que significava que ela andou chorando. Pensei em falar com ela, mas ela disse que queria ficar sozinha, então desci pela escada.
   Lucas C estava no portão da mansão, conversando com alguém. Quando me aproximei, vi que era a mãe de Jéssica.
-Ah, Matheus. Essa é Katheryn, ela quer falar com Jéssica – disse ele
-Pode deixar que eu falo com ela – eu disse
   Puxei Katheryn para o canto, onde ninguém pudesse ficar olhando para a gente, e a confrontei.
-Olha, eu quero você longe da minha namorada, entendeu? – ordenei
-Escuta aqui – ela levantou o tom de voz – Você não sabe nada sobre mim
-Sei sim. Sei que você magoou a minha namorada – revidei
-Você não sabe de nada – ela disse – Pense bem: se Jack era humano, a quem Dean e Jéssica puxaram?
-Peraí, você é mutante?
    Ela me olhou como se eu perguntasse se o Obama é negro.
-Opcs Neturn – ela disse essas palavras estranhas
    Nisso, várias flores surgiram no quintal da mansão, transformando-o num jardim gigante.
-Jéssica herdou meus dons de feiticeira – Katheryn explicou – Quando Jack soube que eu era mutante, ele me expulsou de casa
   Ouvi passos. Quando me virei, vi que Jéssica estava atrás de mim, com lágrimas nos olhos. Ela correu até a mãe e deu um abraço apertado.
-Foi por isso que você foi embora? – perguntou Jéssica, chorando
-É. Me desculpa, filha – disse Katheryn, também chorando
-Você vai ficar?
-Não posso, querida. Tenho alguns assuntos para resolver
    Mais lágrimas vieram aos olhos de Jéssica.
-Antes de ir... – disse Katheryn
    Katheryn levou a mão ao bolso e pegou um livrinho, que deu à Jéssica.
-Use esse livro de feitiços para aperfeiçoar seus poderes – disse ela
    Jéssica e a mãe se abraçaram mais uma vez. Depois, Katheryn se afastou e fez um feitiço para ir embora. Depois, Jéssica entrou na mansão e foi para o quarto.
-Vai fazer o quê? – perguntei
-Treinar – disse ela, com um sorriso, olhando para o livro

5- Verdade ou Consequência

    Já estava anoitecendo, mas como dizem, a noite é uma criança. Leandro girou a garrafa de whisky e o resultado foi: Ana pergunta para Nath.
-Verdade ou consequência? – Ana perguntou
-Verdade – disse Nath
-Quando você engravidou de Eric, foi sua primeira vez?
-Foi
    Allanis pegou um livro e o jogou para o alto. Se a capa saísse para cima, daria verdade. Se o verso saísse para cima, daria para cima. O verso saiu para cima.
-Não nos engane, Nath. Você não é puritana – brinquei
   Nath girou a garrafa e, dessa vez, saiu: Allanis pergunta para Nath
-Com quantos anos, você sabe, pela primeira vez? – Allanis perguntou
-Não vale. A resposta tem que ser “sim ou não” – disse Nath
-Foi com 10 anos?
-Qual é, Allanis! – Nath exclamou
-Viu? Ela não respondeu, foi sim! – disse Ana, rindo
   Ana girou a garrafa e saiu: Bianca pergunta para Nath.
-Ah, não. Essa garrafa tá viciada! – Nath sacudiu os braços, como faz quando está irritada
-Qual foi o lugar mais estranho que, você sabe? – Bianca perguntou
-“Sim” ou “não”, Bianca!
-Foi na montanha-russa?
-Ah, para de palhaçada! – Nath resmungou
-Foi na montanha-russa! – disse Karol, rindo
-É, seus segredos estão sendo revelados – brinquei
    Dessa vez, quem girou a garrafa fui eu. Saiu o Leandro.
-Verdade ou consequência? – perguntei
-Consequência – ele respondeu
-Oba – disse
    Olhei ao redor, para cada um que estava na rodinha. Quando olhei para Isa, tive uma ideia. Quase estalei os dedos.
-Leandro, - fiz uma pausa para dar um suspense – você vai ter que beijar a Isabela
-Qual é, Matheus. Esses desafios não valem – disse Allanis
-Não, Allanis. Quer saber? Eu topo. Tudo depende dela – Leandro olhou para Isa
-Você me desafiou. Eu gosto de desafios – disse Isa
    Leandro se aproximou de Isa e a beijou lentamente. Um beijo de língua. Quando eu pedi um beijo, quis dizer um selinho. Mas ele deu um beijo de língua e demorado, ainda por cima.
-Pronto, desafio cumprido – disse ele
-É, cumprido – disse Isa
   Ficamos boiando por uns segundos, distraídos pelo beijo deles dois. Leandro chamou nessa atenção para continuar o jogo. Ele girou a garrafa.
-Quem quer ir agora? – disse ele
***
   No dia seguinte, acordei junto com Jéssica e desci até o 1º andar para tomar café junto do pessoal. Na cozinha estavam Allanis, Karol, Lucas C e Nath.
-Ontem a noite foi agitada – comentou Karol
-Agitada? O que aconteceu? – perguntou Lucas
-Veja você mesmo – eu disse, vendo que Leandro e Isabela estavam chegando
    Leandro foi mexer na geladeira, procurando algo para comer; Isabela pegou uma xícara de café e se sentou, sem tirar os olhos da xícara. Era óbvio o clima estranho entre os dois.
-Uau! – Lucas exclamou, entendendo o que eu quis dizer
-O que foi? – perguntou Isa
-Ahn... Sabia que Lady Gaga vai criar sua própria banda de rock? – Lucas despistou
    Ficamos em silêncio por um tempo. Já que nada estava conseguindo sumir com aquele clima estranho, o pessoal foi saindo da cozinha aos poucos. Eu fui um desses, o silêncio na cozinha estava me incomodando.
   Fui para o meu quarto e coloqueis os fones de ouvido. Me joguei na cama e coloquei pra tocar “Question!”, do System of a Down, no celular. Foi só eu fechar os olhos para me concentrar que Jéssica apareceu pra falar comigo.
-Você tem que dar um jeito nesse lance do Leandro e da Isabela – disse ela
-O quê? – eu disse, sem entender nada
-Isabela está se sentindo incomodada com esse clima estranho e do Leandro sem falar com ela...
-Mas é só um jogo! – tentei me justificar
-Não interessa. Vamos procurar Leandro para você falar com ele. Ele saiu há pouco tempo, não deve estar longe
   Jéssica me puxou da cama e me fez ir com ela pra procurar por Leandro. Conhcendo ele, deveria estar num bar não muito longe. Achei ele no 1º bar que entrei.
   Para a nossa surpresa, ele já estava dando uns “pegas” numa loira.
-às 09:00 da manhã? Uau! – exclamou Jéssica
-Eu disse: é só um jogo – repeti – Isa não precisa se preocupar, em 1 semana ele esquece ela. Podemos voltar agora?
    Por mais que Leandro fosse meu amigo, uma coisa não dava pra negar: uma vez cafajeste, sempre cafajeste.