segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

22- Você Aceita?

Continuação do PDV da Allanis

    Voltei para a mansão e me joguei no sofá. Naquele momento, a mansão estava deserta. Justamente quando eu precisava desabafar com alguém.
    Eu estava suada, descabelada, com unhas horríveis e dor de cabeça. Como eu poderia me casar naquele estado? Ou melhor, como eu poderia me casar tendo uma reunião no horário do meu casamento?
    Enquanto eu tentava pensar em alguma coisa, o telefone tocou. O telefone da mansão. Era Matheus, já que só ele sabia que eu estava em Hollywood.
-O que foi? – eu disse, mal-humorada
-Já tá voltando? – ele perguntou
-Ainda não – respondi – A reunião foi remarcada para amanhã
-O quê?! – ele exclamou – Olha, o pessoal já está ficando preocupado. Estão se perguntando se você morreu no banheiro
-Inventa alguma coisa pra tomar tempo
-Tá legal, vou dizer que você ficou com uma prisão-de-ventre repentina
-Nã...
    Antes que eu pudesse terminar, ele desligou na minha cara.
-Seu viado desgraçado infeliz! – gritei com o telefone
    Eu precisava pensar em alguma coisa, e rápido, senão eu tava ferrada.

Fim do PDV da Allanis

PDV da Karol

    O pessoal quase todo estava reunido no centro da cidade. Aproveitamos para dar um rolé por NY até o casamento. Enquanto passeávamos, vimos Matheus vindo em nossa direção, e acompanhado. Por Amy.
-Amy? O que faz aqui? – perguntou Bianca
-Nós estamos namorando. Esqueci de falar? – disse Matheus
-Serei a acompanhante dele – disse Amy
    Eles se beijaram. Um momento estranho de desconforto se instalou entre nós. Resolvi quebrar esse momento.
-E Allanis? – perguntei – Têm notícias dela?
-Hã... Ela tá com prisão-de-ventre, deve demorar mais – ele disse
    Allanis deve ter comido uma comida estragada há uns 2 meses. Como alguém pode ficar mais de 8 horas no banheiro?

Fim do PDV da Karol

PDV da Allanis

    Liguei novamente para Olivia, minha secretária.
-Preciso da sua ajuda – eu disse – Tente falar com os caras da OMT e veja se eles podem realizar a reunião mais cedo
-Ok – disse ela
-E mais uma coisa: preciso...
    Parei. Eu sabia que Olivia era a pessoa certa para isso – boatos na empresa – mas não sabia exatamente como pedir. Tomei coragem e disse:
-Preciso que descubra algum podre sobre o chefe da OMT – eu disse – Preciso de uma carta na manga
-Por que não falou antes? Pode deixar! – ela disse
    Uns 15 minutos depois, o telefone tocou novamente.
-Eles aceitaram marcar a reunião às 17h – disse Olivia
    Não era ótimo, mas já era alguma coisa.
-Hã... Olivia? – eu disse
-Ah, claro! Eu descobri algo que você vai adorar! – disse ela
    Fiquei boquiaberta com o que ela disse. Eu podia imaginar tudo, menos aquilo. Ou seja, seria ótimo. Eu já tinha minha carta na manga.
-Perfeito. Obrigada, Olivia – eu disse, encerrando minha ligação.
    Era meio-dia quando meu celular tocou. Olhei no identificador. Merda. Era o Pattison. Eu já devia ter imaginado que uma hora ele ia ligar. Peguei o celular, mas hesitei. Depois de alguns segundos, decidi atender.
-Oi, amor – eu disse
-Oi, querida – disse ele, não muito entusiasmado – Me disseram que você está com prisão-de-ventre
-É, eu comi comida estragada... – menti
-E está no banheiro desde ontem de tarde? Só se você comesse galinha de macumba – ele retrucou – Tem alguma coisa que você não quer me contar. O que é?
    Não havia mais motivo para mentir. Suspirei e contei-lhe a verdade.
-Estou em Hollywood – eu disse
-O quê? – ele exclamou – Esse tempo todo? E não me contou?
-É que eu tinha uma reunião importante e...
-Esquece, não quero saber – disse ele, encerrando a ligação
    Tentei ligar de novo, mas dava ocupado. Ótimo.
    Foi assim o resto do dia. Desisti de ligar às 17h e fui até a T.E.T.A. para a reunião com os caras da OMT. Eles já estavam na sala de reuniões. Uau, como são pontuais!
-Já considerou nossa ideia? – disse um deles
-Eu ia fazer a mesma pergunta – eu disse
-Me desculpa, mas isso está fora de cogitação
-Permita-me discordar. Qual de vocês é o chefe? – perguntei
    Um deles levantou a mão. Caminhei até ele e sussurrei em seu ouvido.
-Não seria nada legal se as pessoas descobrissem que o chefe da OMT é um leitor fiel da revista Loiras Peitudas. Faça um favor a si mesmo e aceite minha proposta.
    Ele parou por um momento e disse:
-Acordo fechado
    A minha vontade era de gritar “Toma, otário!”, mas me controlei. Rapidamente, fui até a saída da sala para ir ao aeroporto. A surpresa veio quando olhei para o corredor: minha família, o pessoal e uma decoração de casamento preenchiam o corredor.
-Surpresa! – disse Nath
-Se Maomé não vai à montanha... – disse Ana
-...a montanha vai a Maomé – Lucas C completou
-Ou Patt vai até Allanis – disse Isa, com um sorriso
    Patt surgiu atrás de mim. Havia até um pastor ali. Trazido por Patt, é claro.
-Vamos nos casar – disse ele
-O que? – eu disse – Mas você está de terno e eu... bom, eu também. Eu nem consegui colocar o vestido!
-Não importa. O que importa é estarmos juntos
    Nos viramos de frente para o pastor e ele começou a falar.
-Pattison, você aceita Allanis como sua legítima esposa?
-Aceito – disse Patt
-Allanis, você aceita Pattison como seu legítimo esposo?
-Aceito – eu disse
    E então, nós nos beijamos. A partir de agora, uma nova fase começava em nossas vidas. Agora nada nos separaria. Nem uma reunião, nem uma dor de barriga. Ficaríamos unidos. Para sempre.

Fim do PDV da Allanis

sábado, 28 de janeiro de 2012

21- Na Riqueza ou Na Pobreza

PDV da Allanis

   Naquele exato momento, eu e Pattison estávamos num avião rumo à Nova York. Faltava 1 dia para o nosso casamento. Era bom começar a preparação.
-A gente tem que agradecer à Ana – disse Pattison
-Se não fosse por ela, teríamos que aguentar os bebuns de ressaca – eu dei uma risada
   A aeromoça avisou no alto-falante que o avião estava prestes a pousar. Logo, eu estaria aterrissando no lugar onde eu iria meu casar. Eu mal me aguentava de tanta ansiedade.
   Alguns minutos depois, o avião aterrissou e nós dois pegamos nossas malas. Paramos no ponto de táxi para nos despedir. Iríamos para lugares diferentes, honrando a tradição que diz que o noivo não pode ver a noiva antes do casamento.
-Pra onde você vai? – ele perguntou
-Pro salão de beleza – respondi – Tenho hora marcada. Logo, logo, as meninas vão chegar pra me fazer companhia. E você?
-Pra um hotel aqui perto – ele respondeu – Não preciso me arrumar tanto como você. Garotas...
-Garotos... – eu disse, rindo
   Dei um beijo nele e entrei num táxi. Dei o endereço ao motorista e peguei meu celular em seguida. Haviam 8 ligações perdidas de Nath. Retornei as ligações.
-Sua maluca! – ela gritou, ao atender
-Oi pra você também – eu disse, sarcasticamente
-Você nos deixou desesperados! Achamos que foi abduzida! – disse Nath
-E fui sim. A visão aqui em Marte é horrorosa
-Engraçadinha – ela disse, mal-humorada – Já estamos no voo para NY. Beijos
-Pra você também
    Encerrei a ligação e continuei a checar as outras chamadas perdidas. Havia uma mensagem de voz. Era de Olivia, minha secretária na T.E.T.A.

“Allanis, onde você está? Retorne a ligação, por favor! É urgente!”

   Só isso.
   Comecei a ficar preocupada, então liguei de volta, como ela pediu.
-Até que enfim! – Olivia exclamou – Por onde você andou?
-Estou em Nova York – respondi – Por quê?
-Nova York?! Esquece, preciso que volte para a Califórnia. Você tem uma reunião
-Cancele, ué! Eu posso fazer isso, sou a chefe
-Uma reunião com a OMT (Autor: Organização Mundial de Turismo, pra quem não sabe). Eles querem fazer um acordo de parceria
   Fiquei muda de repente. A maior empresa de turismo do mundo querendo uma parceria com a T.E.T.A.? Eu não podia perder essa chance.
   Tapei o fone do celular com a mão e falei pro motorista:
-Volte pro aeroporto – ordenei
-Como é? – ele exclamou, irritado
-Não discuta, sou eu quem está pagando – retruquei
   Depois, voltei a falar com Olivia.
-Estou voltando pro aeroporto. Vou pegar o próximo avião para Hollywood – eu disse, encerrando a ligação.
   O casamento seria no dia seguinte, à noite. O salão de beleza podia esperar. Essa reunião, não.
***
   Não esperei muito para pegar o próximo avião para Hollywood. Quando cheguei ao aeroporto, o último do dia saia em 20 minutos. Com sorte, chegaria em Hollywood antes das 17h
   Assim que entrei no avião, meu telefone tocou. Era Matheus.
-Onde você tá, mulher? – ele perguntou
-Hã... Indo para Hollywood de novo – respondi
-O quê? Tá maluca?! – ele exclamou – Isso virou o que? Viagem ao mundo?
-Por favor, fecha o bico. Tenho uma reunião importante. Devo chegar a tempo para o casamento. Fecha o bico, pelo amor de Deus
-Ok, ok. Vou dizer que você tá presa no banheiro do hotel com dor de barriga.
   Ele encerrou a ligação antes que eu pudesse responder. Quando tentei retornar, um aviso de “o celular está desligado ou fora de aérea” apareceu. Ele ia me pagar quando eu voltasse para Nova York.
   Depois de algumas horas de voo, finalmente cheguei a Hollywood. A primeira coisa que fiz foi passar na mansão pra pegar meu carro e ir pra T.E.T.A. Não pude deixar de notar que mansão ficava assombrosa quando estava vazia.
   Assim que cheguei na T.E.T.A., meu celular tocou. Dessa vez, era Isa.
-Você tá bem? – ela perguntou – O Matheus disse que você tá com dor de barriga
   Matheus Rocha, eu te mato.
-É que eu comi um crepe de camarão. Provavelmente estava estragado – menti
-Boa sorte, então – ela disse
-É, vou precisar
   “Vou precisar”? Depois dessa, nunca mais vou poder olhar Isa na cara de novo.
   Corri até a recepção, onde Olivia me esperava.
-Até que enfim, Allanis! – ela exclamou – Os caras da OMT já estão te esperando na sala de reuniões.
-Ok, já estou indo pra lá – eu disse
   Caminhei pelo corredor até a sala de reuniões, que ficava no fim do mesmo. Lá dentro, haviam 15 caras de ternos – nenhum com menos de 40. Me senti a ovelha negra ali dentro.
-Boa tarde – eu disse
   Ninguém me respondeu.
-Então... tá. Vamos começar? – eu disse, me controlando para não mostrar raiva
-Vamos – disse um deles
-Então, qual é a proposta de vocês? – perguntei
-A proposta – disse outro – é que a gente consiga fechar um contrato de 1 milhão
-O quê? Mas isso é uma mixaria! – exclamei – Para uma parceria seria necessário 5 milhões, no mínimo. Não dá pra expandir mundialmente só com 1 milhão
-Olha, srta. Rodrigues – disse o primeiro – Você não está em condições de negociar. Se não fecharmos esse acordo, a prejudicada será você
   Por mais que eu detestasse admitir, eles estavam certos. Mas eu não podia deixar que eles me enrolassem daquele jeito.
-3 milhões e não se fala mais nisso – eu disse
-Ora, srta. Rodrigues, vejo que essa reunião foi uma perda de tempo – disse o segundo
   Eles se levantaram e se prepararam para ir, mas eu os interrompi, dizendo:
-Espera! – eu os interrompi – Não podemos remarcar essa reunião? Para pensarmos melhor?
-Amanhã, às 18h – disse o primeiro
   E então, se foram. Mas havia um problema: amanhã, às 18h, seria meu casamento!

CONTINUA...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Anteriormente... #2

   Já se passaram mais 10 capítulos e, como prometido, aqui está mais uma recapitulação do que já se passou na saga Voture até agora.
   Pattison revelou que iria pedir Allanis em casamento, mas de uma maneira bem inusitada: pulando de paraquedas. O que ele não sabia era que Allanis tem medo de altura. Ela acabou passando mal com a aventura, Pattison ficou desesperado, mas no final conseguiu realizar o pedido. Ela, obviamente, aceitou e agora eles estão noivos. (Cap. 13, "Aquela Pergunta...")
   Matheus teve uma surpresa um tanto diferente, quando pegou Leandro e Isabela dando uns amassos na cozinha da mansão. Eles revelaram que estão namorando e... apaixonados. Tudo começou quando Leandro ajudou Isabela quando um cara tentou agarrá-la a força numa boate. (Cap. 14, "Expliquem-se!")
  Depois de um tempo de solidão, uma luz parece ter acendido para Matheus. Amy, uma garota muito atraente, entrou para a mesma gravadora dos PsyckoManiacs. Numa aposta, Matheus teria que "conquistá-la" em apenas um dia. Apesar de todo o trabalho e do pessoal contra ele, a misteriosa Amy topou ajudá-lo, mas até agora anda sumida... (Caps. 15 & 16, "A Garota Nova"/"Como Conquistar Uma Gostosa em 24 Horas")
   Num evento de música, Matheus, Lucas e Nath acabaram se metendo numa encrenca quando uma gangue de arruaceiros resolveram atacar o local. A "Gangue F" (como gostam de ser chamados)atacou o local como vingança por Nath não aceitar ser beijada pelo líder do grupo. Apesar de conseguirem vencer a gangue, agora eles estão desaparecidos. (Cap. 17, "A Gangue F")
   Nath recebeu a visita de uma amiga de infância, e tudo parecia bem. Até que Nath descobriu que sua amiga é na verdade uma mutante com problemas psicológicos. Letícia, sua amiga, tem poderes radioativos e, com os seus problemas mentais, isso pode colocar a vida de muitas pessoas em perigo. Nath então foi avisada que teria de matar essa sua amiga, o que a deixou arrasada. (Cap. 18, "Os Dois Lados da Mesma Moeda")
   Matheus recebeu uma visita um tanto "inesperada", quando Katheryn Williams, mãe de sua ex-namorada, resolveu se vingar por ele ter magoado sua filha. No final, podemos ver que Matheus realmente está arrependido pelo que fez, e também é mostrado que Jéssica ainda não superou realmente o término do namoro. (Cap. 19, "O Retorno da Sra. Williams")
   O casamento de Allanis está chegando, então o pessoal montou uma grande despedida de solteiro pra ela e Pattison, mas as coisas acabaram dando errado quando todos acordaram de ressaca e viram que Allanis e seu noivo estão sumidos. Depois de muita adivinhação, Ana finalmente revelou que ela liberou os dois da festa para que pudessem ir para Nova York, começarem a preparação para o casamento (Cap. 20, "Cara, Cadê os Noivos?")

   É, foi isso que aconteceu entre os capítulos 11-20. Muito mais coisa vem por aí. Por exemplo, agora no capítulo 21 e 22, será o casamento da Allanis! Isso mesmo! O que você espera que aconteça? Deixe sua opinião nos comentários.

20- Cara, Cadê os Noivos?

   Algumas semanas se passaram desde a “vingança” de Katheryn e eu já estava praticamente curado. O meu ombro ainda doía um pouco, mas não era nada demais.
   Faltavam 2 dias para o casamento de Allanis e Pattison. Eu ficaria encarregado de organizar a despedida de solteiro de Pattison, enquanto Nath organizava a de Allanis.
   Acordei com uma dor de cabeça horrível, como se eu tivesse sido atropelado por um caminhão. Eu estava deitado no chão da sala de estar. Olhei ao redor: várias garrafas de todo tipo de bebida se espalhavam pelo lugar; Lucas C, Marcelo, Leandro, Renato, Leonardo e Dean estavam espalhados pelo chão da sala, como se estivessem desmaiados; e o mais importante: Pattison havia sumido.

PDV da Nath

   Acordei no chão da sala da minha casa. Ana, Karol, Bianca, Isa e Julie estavam espalhadas pela casa, que estava uma bagunça: o sofá estava tombado, havia um post de pole dance no meio da sala, um chihuahua corria pela casa, o chão estava coberto por purpurina e havia uma cueca rosa amarrada em meu braço. E o pior: Allanis não estava em lugar nenhum.
-Ai, meu Deus! O que aconteceu aqui? – eu disse, assustada

Fim do PDV da Nath

-Ei! Geral acordando! – gritei no meio da sala da mansão
    Os caras foram levantando aos poucos.
-Fala mais baixo! – Renato reclamou
    Marcelo correu para o banheiro, pra vomitar. Lucas foi o próximo, que vomitou no vaso de plantas que ficava na sala.
-Ah, não! As orquídeas da Isa! – Leandro resmungou
-Sem tempo pra se preocupar com plantas – rebati – Alguém se lembra do que aconteceu ontem?
    Todos começaram a rir em coro.
-Tá brincando, né? – disse Leandro
-Não! Não é brincadeira! O Pattison sumiu! – gritei, irritado
    Poucos segundos depois, Nath e as garotas entraram na mansão e Nath disse:
-Pessoal, a Allanis sumiu!
-Como é? – disse Lucas – Isso é pegadinha?
-Não. Por quê? – disse Karol
-O Pattison também tá sumido – respondi
   Observei o braço de Karol e vi que havia um desenho estranho perto do seu ombro.
-Karol, que desenho é esse? – perguntei
   Ela olhou o desenho e fez uma expressão de susto.
-Não é desenho. É uma tatuagem! – ela gritou – E está escrito “Júlia”
   Karol deu mais um grito e desmaiou.
   Como a prioridade era encontrar Allanis e Pattison, deixamos Karol de lado e nos juntamos para ver o que a gente lembrava.

PDV da Nath

   O pessoal todo se reuniu para tentar lembrar de onde Allanis e Pattison poderiam estar. Foi aí que eu tive um flash da festa:
   Eu e as meninas estávamos na minha casa, confessando quais foram as maiores loucuras que já fizemos. De repente, a campainha tocou e Bianca foi correndo para atendê-la.
-São eles! São eles! – ela deu um gritinho
   Dois caras de terno entraram, e traziam um pequeno rádio com eles.
-Prontas para a gente? – um deles perguntou
-Sim! – disse Allanis
-Então estão prontas para a diva Gloria Gaynor? – disse o outro
-Sim! Não, peraí, o quê? – disse Allanis, confusa
   Um deles ligou o rádio, que começou a tocar “I Will Survive”, da Gloria Gaynor (autor: aquela música do filme “Priscila: A Rainha do Deserto”). Eles rasgaram o terno e mostraram estar vestindo roupinhas curtas e cor-de-rosa.
-Vocês chamaram isso? – Allanis perguntou
-Opa, acho que cometi um pequeno engano – disse Isa

Fim do PDV da Nath

   Uma risada em coro ecoou na sala da mansão. Parece que Allanis não gostou muito da surpresa em sua despedida de solteira.
   Enquanto isso, alguns flashs da noite anterior vinham à minha cabeça:
   Vários copos de cerveja estavam enfileirados na mesa da sala de jantar, enquanto nós assistíamos Leandro e Marcelo competindo pra ver quem aguentava beber mais.
   Depois de 10 copos, Marcelo acabou vomitando, quase igual à cena da competição em “Eu te amo, cara”, mas Leandro conseguiu desviar.
-Eu não vou limpar isso – eu disse
   Voltando ao presente... as garotas fizeram uma expressão de nojo com a história.
-Eu não acredito que vocês sujaram a sala que eu tive tanto trabalho pra limpar! – gritou Isa
   Antes que Isa viesse em nossa direção para nos dar uma bronca, Karol despertou e começou a gritar:
-Eu lembrei! Eu lembrei!
-O que? De onde estão Allanis e Pattison? – disse Bianca
-Não, do motivo da tatuagem. É que o cara confundiu meu nome – ela disse –Por sorte, a tatuagem é removível
   De repente, Nath estalou os dedos e sorriu, como se acabasse de ter uma ideia. Só faltou uma lâmpada se acender em cima de sua cabeça.
-Sabe o que eu percebi? – ela disse – Na festa, todo mundo bebeu, menos a Ana. Será que ela não sabe onde eles dois estão?
   Como reflexo, todos olharam para Ana.
-Ah! Parem de me olhar assim! – disse ela, tapando o rosto com as mãos – Eu admito!
-Admite o quê? – perguntei
   Ela deu um suspiro e começou a falar.
-Vocês começaram a bolar a festa, mas nem se perguntaram se eles realmente queriam isso – ela disse – A própria Allanis estava ficando irritada com a festa. Então, dei um jeito de livrar eles dois enquanto as garotas se distraiam com os dançarinos gays e os garotos com a competição de cerveja.
-Como é? – disse Nath
-Tenha dó – Ana exclamou – Você é uma mulher casada. Você – ela apontou para Lucas – é um pai de família. E você – ela apontou para mim – eu já nem sei mais o que você é
-Tá, mas e onde eles estão? – perguntei
-Viajando, rumo a Nova York, para o casamento – ela respondeu
    Irritado, passei a mão no rosto. Eu não conseguia acreditar que passamos por tudo isso porque Ana ativou seu lado “protetor”.
   Ela já estava saindo da mansão quando disse:
-Ah, e aquele chihuahua é roubado. Da vizinha. Se eu fosse vocês, o devolvia antes que ela chame a polícia.
    Fazer o quê? Ainda assim, a festa valeu a pena.

19- O Retorno da Sra. Williams

    Alguns dias se passaram desde aquela confusão com Letícia. Apesar dela não ter voltado ainda, Nath continuava arrasada por saber do destino trágico que sua amiga deveria ter.
   Eu estava na sala de estar da mansão, assistindo TV junto com Bianca, Isa e Karol. A campainha tocou e Bianca foi atender a porta. Assim que ela abriu a porta, começou a gritar de felicidade.
-Gente, o Dean voltou! – ela gritou
   Isso não era um bom sinal. Dean, namorado de Bianca e irmão de Jéssica, estava fora da cidade há uns 3 meses, numa viagem à trabalho. Isso significava que ele ainda não sabia sobre eu e Jéssica termos terminado.
-É bom estar de volta – disse ele, com um sorriso – Cadê a Jéssica?
-A Jéssica... – começou Karol, sem jeito para continuar
-Jéssica foi embora – completei
-Embora? – disse Dean, se aproximando – Por quê?
    Expliquei a ele toda a história: a Academia de Feiticeiras, o bar, a briga. A sua reação foi exatamente a que eu imaginei: ele me pegou pelos ombros e me jogou pela janela da sala. Rolei em meio aos cacos de vidro e à grama do jardim.
   Eu já ia me levantar, mas ele veio e acertou alguns socos em meu rosto.
-Dean, para! – Bianca gritou
   Mas ele não parou. Foi preciso que Isa, Allanis e Karol fossem puxá-lo para que ele se acalmasse.
-Não, quer saber? Podem me soltar – disse Dean – Eu não vou gastar meu tempo com esse babaca. Tem alguém que pode fazer coisa pior que eu
   Dean deu as costas e foi para sua casa, junto com Bianca. Allanis e Isa vieram para me ajudar.
-Como você tá? – perguntou Allanis
-Maravilhoso, não tá vendo? – retruquei, impaciente
-Credo, não precisa ser ignorante! – exclamou Isa
-Desculpa – eu disse – O que será que ele queria dizer com “tem alguém que pode fazer coisa pior que eu”?
-Sei lá! Eu tenho cara de adivinha? – disse Allanis
    Elas fizeram os curativos para os meus machucados. Depois disso, fui para o meu quarto para descansar um pouco e esquecer essa confusão. Assim que adormeci, tive um sonho estranho em que a Mariah Carey dava em cima de mim.
    No meio da minha noite de sono, lá pelas 02:00, ouvi um barulho vindo do meu quarto mesmo.
-Quem tá aí? – eu disse, ainda sonolento
   De repente, houve um brilho e uma onda de energia me empurrou contra a janela. Eu iria me esbofetear no chão, mas eu estava desperto o suficiente pra agarrar a cerca que havia na parede externa da mansão. No momento que me segurei, alguns pedaços de madeira rasgaram a pele do meu braço. Dei um berro de dor enquanto o sangue escorria pelo meu braço.
   Fui descendo pela cerca/escada até chegar ao chão de maneira segura. Tirei minha camisa e enrolei no braço, para estancar o sangramento.
-Mas o que é que foi aquilo? – eu disse, olhando para o buraco que ficou na parede do meu quarto
-Ficou tristinho porque estraguei sua decoração? – ouvi uma mulher dizer
   Olhei em volta e não consegui ver ninguém. Rapidamente, uma pulsação elétrica acertou em cheio as minhas costas e me jogou longe. Rolei na grama e, quando finalmente parei, alguém colocou o sapato em meu pescoço e apertou lentamente. Senti falta de ar.
-Quem é você? – eu disse, juntando todas as forças que eu podia
-Uma conhecida – ela respondeu
   Usei meu braço bom para socar sua perna e foi aí que a reconheci. Com seu habitual manto negro, a mãe de Jéssica estava passando a mão na perna ferida pelo meu soco.
-Katheryn? O que você está fazendo aqui? Veio me matar? – eu disse
-Não – ela respondeu – Minha filha está sofrendo por sua causa. Te matar seria fácil demais. Eu quero torturá-lo
-Quer mesmo fazer isso aqui, na mansão, onde posso chamar meus amigos pra acabar com você?
-Acho que não. Usei um feitiço para deixa-los num sono profundo. Não irão ouvi-lo. Quer um conselho? Fuja!
    Fiz o que ela mandou. Me levantei e fui o mais rápido possível até o meu carro. Girei a chave e fui para o lugar mais longe possível da mansão.
    Fui parar numa estrada deserta que passava por uma floresta. Num piscar de olhos, uma barreira de energia apareceu no meio da estrada. Desviei dela, mas acabei acertando uma árvore com o carro. Antes que eu pudesse sequer pensar em fazer algo, Katheryn arrancou a porta do carro e me tirou lá de dentro, para me lançar na direção de uma árvore. Meu ombro – do braço que já estava machucado – acertou em cheio o tronco da árvore e senti uma dor horrível. Eu tinha deslocado o ombro.
   Quando vi que ela vinha em minha direção, lancei um vórtice para fazê-la sumir, mas ela desviou.
   Katheryn me pegou pelo pescoço e me ergueu.
-Ao contrário de Jack, eu amava minha filha – eu disse – Fui forçada a viver separada dela por 24 anos. 24 anos! Sabe o que é isso para uma mãe?
   Continuei calado e ela prosseguiu.
-Quando voltei, vi que minha filha estava namorando, e pensei “Que bom! Ele parece ser um bom rapaz!”. Agora, por sua causa, minha filhinha está magoada. Ela está sempre falando em você e...
-Falando de mim? – eu a interrompi
-Sim, mas apenas para falar coisas ruins
   De certo modo, talvez isso pudesse ser bom. Ao menos, isso significava que ela não tinha me esquecido.
-Olha, você não faz ideia do quanto estou arrependido – eu disse – Eu fui um idiota por ter seguido o meu amigo
   Katheryn pareceu surpresa com o que eu disse. Mas algo me dizia que ela estava surpresa por acreditar em mim.
-A senhora não precisava vir aqui me torturar. Só o que Jéssica me disse naquele dia doeu o suficiente – continuei
-Não foi suficiente para mim – ela retrucou
   Quando pisquei os olhos, vi que já estávamos no jardim da mansão mais uma vez.
-Já liberei seus amigos do feitiço – disse Katheryn – E não se preocupe com o ombro, eu já o curei. E mais uma coisa: não precisa se preocupar comigo. Não irei sujar minhas mãos com você de novo.
   E então, ela sumiu. Gritei, pedindo por ajuda, e logo Isa e Leandro apareceram.
-Meu Deus! O que aconteceu? – exclamou Isa
-O que aconteceu... foi que eu cometi um erro – respondi 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

18- Os Dois Lados da Mesma Moeda

PDV da Nath

    Eu estava em meu escritório na GNO, arrumando as papeladas da empresa. Sempre havia alguma dor de cabeça pra mim, como processos ou problemas técnicos da revista, mas nada grande demais a ponto de me desorganizar.
    No meio da arrumação, o telefone do meu escritório tocou. Era Kim, a secretária.
-Pode falar, Kim – eu disse
-Tem uma moça aqui, querendo falar com você. Diz que é sua amiga – disse Kim
-Ok, manda ela subir – respondi
    Desliguei o telefone e voltei à arrumação. Na mesa do meu escritório também havia um jornal, deixado pela Kim, no qual a página principal falava de uma série de roubos a bancos a Hollywood. Nada incomum.
    De repente, a porta do escritório se abriu e Letícia entrou. Letícia era uma amiga minha de infância, que eu não via há muito tempo. Ela era hippie – uma das poucas dessa raça em extinção – e usava um grande óculos escuros, uma calça boca-de-sino, uma blusa cheia de desenhos de flores e tinha um longo cabelo loiro ondulado.
-Letícia, quanto tempo! – exclamei
    Me levantei da cadeira e corri para abraçá-la.
-Só... – disse Letícia – Eu me mudei para os “States” e resolvi fazer uma visitinha
-Claro, claro! Sem problema algum! – eu disse, empolgada
    O lado bom de ser chefe é que você pode sair a hora que quiser. Levei Letícia até minha casa, onde poderia hospedá-la, e depois a levei até a mansão para apresentá-la ao pessoal.
-Pessoal, essa aqui é a Letícia –eu disse
    Eles pareceram um pouco surpresos ao ver as roupas dela.
-Sim, eu sou hippie – disse Letícia, enfim – Mas e aí? Tudo beleza?
-Tudo. É sempre bom reviver o passado – brincou Ana
-Já é... – Letícia responder, sem perceber o sarcasmo de Ana
    Lancei um olhar de reprovação na direção de Ana pela brincadeira. Logo em seguida, eu a apresentei ao pessoal e depois a levei de volta para a minha casa.
-Eric, Cecília, sejam legais com a tia Letícia, ok? – eu disse
-Pode deixar – os dois disseram juntos
    Mostrei à Letícia o quarto onde ela ia ficar e a deixei desfazendo as malas. Depois, fui até o meu quarto, onde Marcelo me esperava.
-E aí? O que achou dela? – perguntei
-Parece ser gente boa – disse ele – Você tem bom gosto até pra amizades
-E para o marido também – eu disse, com um sorriso
    Eu dei um beijo nele e me deitei para dormir.
***
    No meio da noite, lá pelas 02:30, ouvimos um estrondo vindo da cozinha e um grito de Cecília. Eu e Marcelo nos levantamos da cama rapidamente.
-Cecília! – gritou Marcelo
    Quando saímos do quarto, vimos Cecília parada no corredor, com uma expressão de medo.
-Cecília? Você tá bem? O que te assustou, querida? – perguntei
    Sem dizer nada, ela apontou em direção à cozinha. Lá estava Letícia, mas bem diferente. Seu cabelo, ao invés de loiro e ondulado, agora estava preto e liso. Suas roupas, ao invés de largas e coloridas, agora eram de couro e pretas. E ela usava um óculos do tipo que os bandidos dos filmes usam. Ao redor dela, todos os objetos da cozinha flutuavam, energizados.
    Assim que notou minha presença, ela lançou uma panela de pressão contra meu estômago.
-Mãe! – gritou Eric
-Vai pro seu quarto. Vocês dois – disse Marcelo para Eric e Cecília
-Eu tô legal – eu disse
    Quando eu e Marcelo nos viramos, Letícia já tinha sumido. Eu e Marcelo fomos até a mansão e explicamos a situação à Matheus, Allanis e Isa.
-Deixa eu ver se entendi bem: - disse Matheus – uma hippie violenta? Isso é quase como violar as leis da física
-Vão ajudar ou não? – eu disse, impaciente
-Tá, foi mal, foi mal – disse ele
-Podemos ajudar sim – disse Isa
-Ótimo! – disse Marcelo – Tome conta de Eric e Cecília enquanto nós saímos, ok?
     Eu, Marcelo, Matheus e Allanis fomos para a rua, procurando por Letícia.
-Alguma ideia de onde ela esteja? – perguntou Allanis
-Que tal seguir aquela trilha? – sugeriu Marcelo
     Ele apontou para um rastro que vinha da nossa casa. Mas era um rastro diferente: não havia grama por onde ele passava, como se a grama tivesse sido evaporada; e a terra parecia apodrecida. Era como se aquele rastro acabasse com qualquer tipo de vida.
    Seguimos o rastro – que, aliás, era um longo rastro – e fomos parar do outro lado de Hollywood.
-É, - disse Allanis – o rastro acaba aqui
    Havíamos chegado a uma casa abandonada no meio da floresta. Olhei pela janela e vi Letícia, agora com suas roupas de hippie novamente, dormindo junto a uma pilha de dinheiro e várias joias. Foi aí que me lembrei da matéria de jornal que falava sobre uma série de assaltos a bancos. Era Letícia.
-Deixem isso comigo – eu disse
    Entrei na casa abandonada e andei em direção à Letícia, mas fui interrompida quando Chrono – um mutante viajante do tempo que não víamos há muito tempo – apareceu na minha frente.
-Chrono? – eu disse, surpresa – O que faz aqui?
-Vim te alertar – disse ele – Sua amiga não está bem. Física e psicologicamente. O corpo dela está deteriorando toda matéria sólida que toca. Tome cuidado.
-Vou tomar – respondi
    Passei por ele e me abaixei na direção de Letícia. Dava pra ver que o dinheiro no qual ela se deitava estava derretendo.
-Letícia, está me ouvindo? – eu disse – Eu soube que está com problemas. Me diz o que é
    Rapidamente, ela se levantou e agarrou meu pulso.
-Me ajuda – ela suplicou
    Gritei de dor. Senti meu pulso queimar conforme ela o apertava. Marcelo arrombou aporta e usou seus poderes para lançar todo objeto de metal da casa na direção de Letícia. Ela caiu, aparentemente desmaiada, e largou meu pulso. Conforme ela fez isso, tive uma visão assustadora: meu pulso agora estava em carne viva. Dei mais um grito de dor.
-Venha cá – disse Chrono
   Ele colocou a mão em meu pulso e ele ficou curado.
   Quando olhei de novo, Letícia estava de pé. E agora seu corpo parecia estar dividido: de um lado ela usava as roupas de hippie; do outro, as roupas de valentona.
-Me desculpa – ela disse
    Então, ela deu um grito de dor e sumiu. Simplesmente sumiu.
-Que coisa mais... estranha – disse Matheus
    Chrono se aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro.
-Ela tem poder de radioatividade – ele explicou – mas, além disso, ela tem um problema psicológico: dupla personalidade
-Como o Lucas, daquela vez? – perguntei
-Não, aquilo foi proposital – ele respondeu – Nesse caso, é uma doença de verdade. As duas personalidades entraram em choque, não sabem mais quem é que controla. Com isso, os poderes dela saem do controle. Não se sabe o que pode acontecer. Ela pode matar várias pessoas com a radiação. Da próxima vez que vê-la, terá que matá-la
    Me virei para abraçar Marcelo e comecei a chorar.
-Ela era minha melhor amiga – eu disse, entre lágrimas
-Sinto muito – disse Marcelo, me abraçando – Eu sinto muito

Fim do PDV da Nath

17- A Gangue F

   Haveria um grande evento em Los Angeles com várias bandas de rock, e os PsyckoManiacs eram uma delas.
   Eu e o resto da banda estávamos nos bastidores, preparando os instrumentos para o show. Seríamos os próximos depois do Slipknot.
   Enquanto nos preparávamos, Nath e Lucas C entravam nos bastidores. Eu tinha pedido que eles agissem como os seguranças do show, mas eles não estavam tão satisfeitos com o “emprego”.
-E aí, como vai o emprego? – perguntei
-Colocamos um bêbado arruaceiro pra fora do estádio – Nath respondeu, um tanto desanimado
-Não fiquem tão desanimados! – eu disse – Pelo menos podem ouvir música de graça
-Pra isso ficaríamos em casa – Lucas retrucou
    Um cara passou nos bastidores para nos avisar que o show do Slipknot acabou e que agora era a vez dos PsyckoManiacs. Nós fomos até o palco, deixando Nath e Lucas para voltar aos seus trabalhos de segurança.

PDV da Nath
  
   Matheus e os PsyckoManiacs subiram ao palco e me deixaram para trás com Lucas.
-Vamos voltar? – eu perguntei
-Fazer o quê? É o nosso “trabalho”, pelo menos por hoje – disse Lucas
   Voltamos para o lugar onde estava a plateia. Eu fui observar o lado esquerdo do ginásio, enquanto Lucas observava o lado direito.
   No ginásio havia um quiosque, onde as pessoas compravam aperitivos durante os intervalos do show. Infelizmente, também era lá onde a maioria comprava bebidas, fazendo com que ali fosse onde ocorresse a maioria das confusões.
   Me sentei num dos bancos que haviam em frente ao quiosque e fiquei tomando conta do local, esperando acontecer alguma confusão. O que eu não esperava era que eu estivesse envolvida na confusão.
   Um cara alto, bombado, de cabeça raspada e aproximadamente de uns 30 e poucos anos, se aproximou de mim.
-E aí, delícia? – disse ele
-Não estou interessada – eu disse, friamente
   Me virei para o outro lado, mas o cara insistiu e veio tentar me beijar à força. Ele usou suas mãos enormes para me segurar.
-Me larga, seu tarado! – gritei
    De repente, me lembrei da minha super-força. Me concentrei o máximo que pude e dei um chute no joelho do cara. Ele gritou de dor e me largou no chão.
-Fora desse ginásio. Agora! – ordenei
-Vadia – o cara praguejou – Eu tenho amigos e irei voltar com eles
-Vai me apresentar seus namorados? Ai, que fofo! – rebati
   Passei a mão na roupa para tirar a poeira e me recompus. Depois, fui até o lado do ginásio onde estava Lucas.
-E aí? Alguma coisa? – perguntei
-Nada. E você? – ele disse
-Só mais um bêbado – respondi – Ele tentou me agarrar, mas eu consegui me soltar. Disse que ia voltar com os “amigos” – revirei os olhos
    Foi aí que ouvimos um estrondo, vindo da direção da porta do ginásio. Quando vi, Lucas estava com uma expressão de espanto.
-O que? O que foi? – perguntei
-Hã... Aquele é o cara que te agarrou? Se for, ele trouxe mesmo os amigos – ele disse
    Me virei em direção à entrada do ginásio e lá estava o cara que me agarrou, junto com outros 4 caras, cada um em cima de uma placa de metal flutuante. Um segurava um serra elétrica; outro segurava algo como bombinhas brilhantes; outro tinha uma mochila com algo feito ácido e uma mangueira para dispará-lo; e outro tinha uma espécie de óculos que disparava lasers. Já o cara que me agarrou tinha armas em seus braços, ombros e um cinto que disparava.
-Ferrou – eu disse

Fim do PDV da Nath

    Os PsyckoManiacs já estavam na 6ª música, e o público delirava com o zp Thearth cantando. Só que quando estávamos indo para a 7ª música, eu pude ver pequenas explosões ocorrendo na entrada do ginásio.
    De repente, Nath subiu ao palco, tomou o microfone da mão do zp Thearth e disse para a plateia:
-O show acabou. Podem ir pra casa – ela disse
    Indignado, saí de trás da bateria e puxei Nath para um canto, pra questioná-la.
-O que é que você tá fazendo? – perguntei
-A gente tá precisando da sua ajuda. Vem comigo – disse ela, me puxando pelo braço
    Ela me levou até a entrada do ginásio, onde Lucas lutava com uns 5 caras. E estava indo mal: um dos caras o pegou pelo pescoço e o jogou numa barraca de lembrancinhas.
-Tudo bem aí? – perguntei
-O que você acha? – ele rebateu
    Um cara veio e lançou umas bombinhas na barraca, mas Lucas se blindou passando para a forma de pedra. Enquanto ele cuidava do cara das bombas, eu e Nath íamos falar com os outros caras.
-Quem são vocês? – perguntei
-Pode nos chamar de Gangue F – disse um cara cheio de armas, provavelmente o líder
-F? F de quê? – eu disse
-É porque nós somos “feras” – respondeu um cara de óculos
-“Feras”? Ai, que coisa brega! – disse Nath
     Irritado, o líder da gangue se aproximou de Nath e tentou socá-la. Antes que ele pudesse fazer isso, Nath segurou seu punho e virou um pouco seu braço para o lado. Depois, deu uma joelhada no estômago do cara, o pegou pelo ombro e o jogou no chão.
-Nunca mais, NUNCA MAIS, coloque seu punho na minha direção – ela disse, seriamente
    Olhei para ela com expressão de medo.
-Contanto que não tente me socar, tá tudo tranquilo – ela deu um sorriso
    Para honrar o chefe, os outros caras vieram nos atacar. O com a mochila de ácido e o cara de óculos laser vieram atrás de mim. O com a serra elétrica foi atrás de Nath.
    Corri para me esconder atrás de uma das barracas do festival, mas eles me acharam. Peguei um pedaço de madeira numa das barracas e tentei lutar contra eles, mas o cara do ácido derreteu a madeira. Então, me lembrei de um truque que eu poderia usar: meus vórtices. Criei um vórtice que engoliu a mochila de ácido do cara.
-Ainda se achando durão? – perguntei
    Dei um soco na cara dele e ele desmaiou.
    Enquanto eu fugia do cara com óculos-laser, passei por uma barraca que tinha um espelho como prenda. Perfeito.
-Ei, aqui! Não quer me pegar? – berrei
    Ele caiu na armadilha rapidinho. Na hora que ele lançou o laser, peguei o espelho e coloquei na minha frente. O laser voltou na direção do cara e ele caiu no chão, desmaiado.
    Saí à procura de Nath e encontrei ela e Lucas.
-Já demos um jeito nos outros – disse Lucas
-Peraí, vocês deixaram eles sozinhos? – eu disse
    Voltamos para procurar pela Gangue, mas eles já tinham ido embora.
-Eu não acredito – eu disse, colocando a mão no rosto
-Bom, se eles voltarem, agente dá conta – disse Nath
    Olhei ao redor e vi que ainda sobraram algumas pessoas no ginásio, provavelmente curiosas pela briga.
-Talvez a gente continue o show – eu disse – Vão continuar de seguranças?
-Não, definitivamente não – Lucas e Nath disseram juntos
-É, eu já sabia – eu disse, com um sorriso
    Uma coisa eu sabia: essa não seria a única vez que veríamos a Gangue F.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

16- Como Conquistar uma Gostosa em 24 Horas

22hrs51min4s

   Voltei para a mansão. Precisava pensar em alguma estratégia para conquistar Amy e vencer a aposta.
   Quando cheguei, encontrei o pessoal todo reunido na sala de estar. Eles formavam um círculo e cochichavam por algum motivo.
-E aí? Que é que tá pegando? – perguntei
-Ah, você chegou! – disse Nath
-Por que o círculo?
-Sabemos da aposta – disse Bianca
   Ah, ótimo! Já não bastasse o pessoal da banda, agora também tinha o pessoal da mansão. As coisas só pioravam.
-Como descobriram? – perguntei
-zp Thearth ligou pra avisar – disse Karol
-Quem apostou ao meu favor? – eu disse
   Apenas Lucas C e Allanis levantaram a mão.
-O quê? Só isso? – exclamei
-E nem foi porque a gente queria – disse Allanis – Alguém teria que ficar do seu lado, senão todo mundo iria vencer. Nós dois aqui fomos os azarados. Acho até que vou pagar eles de uma vez pra acabar logo com isso
   É sempre reconfortante ver que seus amigos lhe dão um voto de confiança.
***
-Eu não vou te emprestar a Jenny pra você se passar por paizão – disse Lucas
-Ah, qual foi! Você não quer perder a aposta, quer? – argumentei

19hrs34min18s

-Oi, Amy! – eu disse – Quero te apresentar Katy, minha filha
-Own... Ela é uma gracinha! – disse Amy
    Pensei em adicionar um “puxou ao pai”, mas achei melhor ir com calma. Quando eu e Amy finalmente estávamos nos dando bem, Ana apareceu no “centro de apresentações”.
-Vigarista! Você está me trocando por essa perua? – Ana gritou
-O quê? Você é casado?! – Amy exclamou
-Não, é que... – tentei pensar numa resposta
-Como ousa usar nossa filha para seus joguinhos sujos? Venha, Maria – disse Ana, puxando Jenny
-Pensei que ela se chamasse Katy – disse Amy
-Maria Katy – Ana respondeu rapidamente – Estamos no século 21, os nomes evoluíram!
    Ana deu as costas e foi embora levando Jenny, se fingindo irritada.
-Espera um pouco, tá? – eu disse a Amy
   Segui Ana e a interrompi antes que ela saísse da gravadora.
-O que foi aquela cena toda? – perguntei
-Estamos numa aposta. E eu vou vencer – ela disse, com um risinho
-Desafio aceito – eu disse

15hrs10min34s

   Eu estava de volta à mansão, sentado no sofá, tentando pensar em algo para conquistar Amy. Já eram 22h, então minhas tentativas pelo dia já eram. Mas ainda faltavam 15 horas e eu podia tentar de novo na manhã do dia seguinte. Mesmo assim, eu precisava pensar logo num plano.
   Achei que talvez eu devesse começar explicando o escândalo de Ana e depois tentava puxar assunto. É, era um bom plano.
   No outro dia, acordei às 8h da manhã. Faltavam apenas 5 horas, então era melhor eu me apressar.
   Fui até a gravadora para procurar por Amy. Rapidamente, achei o seu camarim e fui falar com ela.
-Você de ovo? Não devia estar com sua Maria Katy? – ela disse
-Ah, isso? Foi tudo uma grande confusão, eu posso explicar...
-Pode explicar, é? – ouvi alguém dizer
    Quando me virei, vi Isabela parada à porta, com Rafael (Autor: filho da Ana, para quem esqueceu kk’) ao seu lado.
-Você tá com essa aí e como ficamos eu e o José Marcelino? – ela gritou – Vai abandonar o seu filho assim?
-OUTRO filho? –disse Amy, surpresa
-Ele é casado! O cafajeste não te contou? – disse Isa
   E quando eu achava que não podia piorar, Ana apareceu para aumentar ainda mais a confusão.
-Ele é casado COMIGO! – gritou Ana
-Não, COMIGO! – gritou Isa
-Você é bígamo?! – exclamou Amy
   Ana puxou o cabelo de Isa e as duas caíram no chão, brigando. Me levantei e fui até Jenny e Rafael.
-Foi mal, crianças – eu disse – Eu posso levar vocês de volta pra mansão, se quiserem – eu disse
-Não precisa – disse Jenny – A gente QUER ficar. Tia Isa e Tia Ana vão dar uma parte pra gente se vencerem
-Como é? – eu disse, perplexo
-Tios, tios. Dinheiro à parte – disse Rafael
    Algumas crianças sabem ser bem maquiavélicas de vez em quando.

1h5min28s
 
    Só faltava uma hora. E eu não pensava em nada. Acabei desistindo e fui para o meu quarto, para me trancar e evitar a humilhação. No meio do caminho, encontrei Lucas.
-Está desistindo? – perguntou
-É, estou – respondi – Não consigo pensar em mais nada
-Que tal ser sincero? Explique que é tudo um jogo. Mesmo que não dê certo, ao menos você se livra da fama de bígamo.
   Realmente, era uma boa ideia. Fui mais uma vez até a gravadora para me explicar com Amy.
-Quer dizer que foi tudo uma aposta? – disse Amy, assim que terminei de explicar tudo
-É... Desculpa. Prometo que não vou mais te incomodar, e...
-Quer saber? Eu topo – ela disse
-Hã? Topa o quê? – perguntei, confuso
-Me leve até a tal mansão

15min50s

    Cheguei na porta da mansão, com Amy escondida ao lado da porta.
-E aí? Pronto pra me pagar? – disse Ana
-Na verdade, não – retruquei
    Amy saiu de seu esconderijo e veio até mim para me dar um beijo. Um beijo de língua, com vontade. Ela até colocou a mão no meio das minhas pernas para ficar mais convincente.
-E agora? – disse Amy, ao terminar – Prontos para NOS pagar?
   Todos na sala de estar ficaram boquiabertos, principalmente Ana.
-Eu venci a Ana! Que emoção! – Lucas brincou
   Antes de ir embora, Amy colocou a mão em meu bolso e sussurrou em meu em meu ouvido.
-Deixei o meu número em seu bolso. Vamos repetir um dia desses?
   E então, ela se foi.

15- A Garota Nova

   Depois de uma semana agitada (Allanis e Pattison ficando noivos; Isabela e Leandro começando a namorar), a mansão ficou num clima de calmaria. Pra falar a verdade, era a primeira vez em 2 anos que acontecia algo “grande” entre o pessoal. As coisas ficaram meio paradas desde a morte de Jack Williams.
   Na cozinha, estavam Nath – junto com Eric e Cecília –, Bianca e Isa. Eric brincava com algumas colheres fazendo-as flutuar – e Nath assistia, com lágrimas nos olhos. Ela sempre ficava assim quando via o filho aprimorando os poderes.
-Tio Téia! – disse Cecília, vindo me abraçar
-Ah, não! Quem foi que ensinou isso pra ela? – resmunguei
-Jenny – disse Nath – Mas também tenho minha culpa no cartório
   Peguei Cecília no colo para brincar com ela. Quando se tem vários amigos com filhos, você PRECISA ter jeito com crianças. (Apesar de Karol não gostar de Daniella ouvir Metallica por minha causa).
   Lucas C surgiu na cozinha, acompanhado de Julie, que trazia seu habitual sorriso simpático estampado no rosto, e Jenny.
-É, teremos um casamento daqui a 1 mês, né Allanis? Animados? – disseram
-Muito! Já estamos planejando a despedida de solteira – disse Bianca
   Antes que Karol e Bianca pudessem começar a dar os detalhes, meu celular começou a tocar.
-Salvo pelo gongo! – exclamei
   Me levantei da mesa e saí da cozinha para atender o celular.
-Fala – eu disse
-Vem pra gravadora, o chefe pediu pra te chamar – disse Wallace
-Pra quê? A gente acabou de lançar um álbum, pensei que estivéssemos de férias
-É, mas o chefe quer TODO MUNDO da gravadora. O zp Thearth já tá aqui. Falta você
-Ok, ok. Já tô indo – eu disse, encerrandoa ligação
   Eu não estava muito a fim de ir na gravadora, mas qualquer coisa é melhor do que ouvir Nath, Bianca e Karol falando da despedida de solteira da Allanis.
   Entrei em meu carro e dirigi até a gravadora. Wallace me esperava na porta.
-Até que enfim! – ele exclamou
-O que foi? Pra quê tanta pressa? – perguntei
-O chefe tem um pronunciamento – disse ele
   Fomos até o “centro de apresentações” (nome idiota dado pelo chefe ao local onde os artistas da gravadora se apresentam nas festas) e nos surpreendemos ao ver que a gravadora toda tava lá.
   Alguns minutos depois, o chefe apareceu no palco para se pronunciar.
-Bom, - ele começou – sabemos que somos uma das maiores gravadoras dos EUA. Temos artistas bem-sucedidos do pop, R&B, hip-hop e do rock. E hoje eu tenho o prazer de lhes apresentar o nosso mais novo talento: Amy Fox.
   Ele saiu do palco e as luzes se apagaram. Uma música começou a tocar e ouvimos uma voz, a voz de Amy. O começo da música era fácil de identificar: Womanizer, da Britney Spears.

Boy, don't try to front (Garoto, não tente me encarar)
I, I know just what you a-a-are (Eu sei exatamente o que você é)
Boy, don't try to front (Garoto, não tente me encarar)
I, I know just what you a-a-are (Eu sei exatamente o que você é)
You got me going (Você me excita)
You're also charming(Você é tão charmoso)
But I can't do it (Mas eu não posso fazer isso)
You womanizer (Seu mulherengo)

   Amy saiu de trás das cortinas, vestindo uma fantasia de policial, de óculos escuros e cabelo preso. Antes de começar a música, ela soltou seus longos cabelos pretos e os sacudiu lentamente.
   Ela tinha a pele clara e um corpo escultural, do tipo que está nos sonhos de todos os homens.
   Conforme a música começou, Amy a cantar, andando pelo palco de maneira confiante, como uma modelo numa passarela.
   Havia também um poste de pole dance no palco, o qual Amy andou ao redor enquanto cantava.
   Com o começo do segundo verso, ela retirou suas luvas de couro e abriu um pouco mais sua blusinha de policial, para o delírio de todos os caras presentes no local.
   Na hora do segundo refrão, ela desceu do palco e foi desfilando por cada fileira do “centro de apresentações”. Quando ela chegou em mim, ela se abaixou e cantou em meu ouvido “you’re a womanizer”, dando um beijo em minha nuca.
   Para finalizar, ela subiu ao palco para cantar o refrão mais uma vez e fechou a apresentação girando no poste de pole dance.
   Todos (todos os homens) aplaudiram de pé.
-O que acharam dela? – perguntei a Wallace e zp Thearth
-Gata – disse Wallace
-Gostosa – disse zp Thearth
   Simples assim. Se você que está lendo é mulher, saiba que, com essas 2 palavras, eles quiseram dizer que o show foi ótimo.
-Vamos lá falar com ela? – sugeri
-Não, vai lá você – disse Wallace
-Por que?
-Por que eu e o zp Thearth estávamos apostando que você não consegue pegar ele – Wallace disse, com um sorriso
-É claro que eu consigo! – exclamei
-Em 1 dia – disse zp
-1 dia??? – eu disse
-Que foi? Vai amarelar? – zp provocou
   Eles apostaram. Eu não ia dar a eles o gostinho de me ver perder.
-Não. Eu nunca amarelo – retruquei
   Fui até o palco, onde Amy parava para um descanso depois da coreografia.
-Oi, Amy – eu disse – Eu sou Matheus, atual baterista e ex-vocalista dos PsyckoManiacs
-Oi, Matheus – Amy deu um sorriso simpático – Eu gosto muito das músicas da sua banda
-Que legal! Sabe, Amy, eu tava pensando se a gente poderia...
   Amy fez uma cara de entediada e revirou os olhos.
-Ah, eu já sabia! – ela exclamou – Poupe seu tempo. Eu NÃO vou sair com você
   Então, ela se virou e foi para o camarim. Quando olhei para a plateia, vi Wallace e zp Thearth rindo da minha cara.
   Foco, Matheus. Você precisa ganhar essa aposta.

TEMPO RESTANTE: 23hrs55min28s

14- Expliquem-se!

   Já era 01:30 da manhã. Eu estava deitado em minha cama, tentando dormir, mas não conseguia. Tentei dormir de costas, de lado e nada do sono chegar.
   Enquanto o sono não chegava, achei uma boa ideia assaltar a geladeira, já que todos estavam dormindo.
   Fui até o primeiro andar e, quando estava chegando na cozinha, ouvi um barulho. Algo como suspiros. Resolvi ligar o interruptor e levei um susto com o que vi: Isabela e Leandro deitados na mesa de jantar, se beijando.
-Mas que porra é essa?! – gritei
-Ahn... Matheus? – disse Leandro – O que faz aqui?
-Eu ia perguntar a mesma coisa, mas não preciso de resposta – retruquei
   Os dois pularam de cima da mesa rapidamente. Felizmente, eles ainda estavam vestidos, senão eu teria que queimar a mesa.
-É bom vocês se explicarem – eu disse – O que está acontecendo?
-Bom... Eu e Leandro estamos namorando – disse Isa
-Como é? – perguntei, confuso
-Anime-se! Você foi o primeiro a saber! – disse Leandro
-Que emocionante... – eu disse, sarcasticamente – Há quanto tempo... vocês sabem, estão fazendo...? – fiz um gesto com a mão para eles entenderem
-Primeiro: que nojo, Matheus! – exclamou Isa – Segundo: há 1 mês
   Puxa! 1 mês! E eu fui o primeiro a saber. Imaginei quando seria que descobririam por último.
-Houve uma química entre a gente naquele jogo de verdade ou consequência – disse Leandro –, mas só no mês passado que descobrimos o que sentíamos um pelo outro
-Ainda estou confuso – eu disse
-Bem, foi assim: - disse Isa

1 mês atrás...
PDV da Isa

   Era um dia ensolarado. Eu estava em meu carro, de volta do trabalho, presa num engarrafamento. Um engarrafamento em frente à praia. Chegava a dar inveja daquelas pessoas se divertindo no mar, enquanto eu assava dentro do meu carro.
   Assim que cheguei na mansão, me joguei na piscina, onde estavam Allanis, Karol, Ana e Leandro. As crianças brincavam à beira da piscina.
-Ah, finalmente! – exclamei, pulando na piscina – 41ºC não é pra qualquer um!
-Ainda bem que temos essa piscina aqui – disse Karol
-Quais os planos pra essa noite? – perguntei
-Abriu uma boate nova aqui perto, a gente poderia ir – sugeriu Allanis
-Não vai dar pra mim, virei uma mãe de família agora – disse Ana, rindo
-Nem pra mim – disse Karol
   Às vezes é um porre ser uma das poucas pessoas solteiras do pessoal.
-A gente poderia chamar o Matheus – sugeri
-Não, não – disse Leandro – Faz só 3 dias que a Jéssica terminou com ele, é melhor deixá-lo sozinho
-Então quem sobrou? – perguntei
-Eu, você e Leandro. Fechado? – disse Allanis
-Fechado – eu e Leandro respondemos
   Eu saí da piscina e fui até o meu quarto, tirar um cochilo e me preparar para a noite. Quando deu 22h, fui até a sala de estar, à procura de Allanis e Leandro.
-Prontos? – perguntei
-Mais que prontos. Vamos! – disse Allanis
   Fomos para a boate à pé mesmo, era bem perto da mansão. Mesmo do lado de fora da boate, podíamos ouvir “Turn Me On”, do David Guetta com a Nicki Minaj, tocando a todo volume.
   Por ser conhecida como parte do grupo de “Grandes Salvadores da Terra”, Allanis conseguiu fazer com que nós entrássemos direto, sem fila.
   Sim, “Grandes Salvadores da Terra”. Esse foi o nome que deram ao pessoal depois de destruírem Jack Williams. É ridículo, eu sei, mas não foram eles que escolheram o nome.
   Assim que entramos, eu e Allanis fomos até o bar, e Leandro foi dançar. Apesar de ter ficado um tempo me fazendo companhia, Allanis se levantou e também foi dançar.
-Garçom, por favor, qualquer coisa com álcool – pedi
   Alguns minutos depois, um cara sentou ao meu lado e começou a puxar conversa.
-Oi – disse ele
-Oi – respondi, não muito interessada
-Meu nome é Dave – disse o cara
-Isabela
-Hmmm... Isabela é um nome bonito, assim como o seu rosto
   Dave se aproximou e passou o braço sobre os meus ombros. Devo dizer que aquilo me deixou incomodada.
-Você não estaria interessada em ir pro meu apartamento? – ele perguntou
-Não, obrigada – recusei gentilmente
-Ah, qual foi, gata – disse ele, tentando me beijar
-Não! – eu disse, tentando empurrá-lo
   Ele me puxou mais pra perto e me apertou, tentando me beijar à força. Comecei a gritar e a dar tapas nele. De repente, alguém colocou as mãos entre a gente e jogou Dave no chão. Era Leandro. Ele se aproximou de Dave e deu um soco em seu rosto.
-Ela disse que não! Cai fora! – disse Leandro
   Depois disso, Leandro se sentou ao meu lado.
-Você tá legal? – ele perguntou
-Estou, eu só... só preciso ir pra casa – eu disse
   Ele me deu a mão e me levou de volta para a mansão. Fomos conversando no meio do caminho.
-Obrigada – eu disse
-De nada. Ele mereceu – Leandro deu um sorriso
   Ficamos em silêncio por um tempo, então achei que talvez fosse uma boa ideia eu finalmente dizer.
-Olha, desde aquele jogo... desde o nosso beijo... eu tenho sentido algo por você – desabafei – Não sei o que é, mas é algo forte. E aumentou hoje, com tudo aquilo que aconteceu lá na boate
-Não é só com você – disse Leandro – Eu já beijei muitas mulheres, mas com você foi diferente. Havia algo mais
-O que você quer dizer? – perguntei
   Então, Leandro se aproximou e me deu um beijo. Ele passou a mão pela minha cintura, pressionando meu corpo contra o dele. Quando nos beijamos, senti uma fraqueza súbita, uma falta de ar. Ele tinha razão: era diferente.
-O que eu quero dizer é: quer namorar comigo? – disse ele

Fim do PDV da Isa

Agora, no presente...

-Só isso? – eu disse – Uma briga, um beijo... Pensei que fosse ter mais ação: uma perseguição policial, sei lá
-Matheus, isso é a vida real, não o GTA – Leandro rebateu
-Bom, mesmo assim, felicidades ao casal – eu disse
   Me virei para voltar ao meu quarto, mas, antes, Leandro chamou minha atenção.
-Ah, Matheus, mais uma coisa – disse ele
-O que? – perguntei
-Não é a primeira vez que fazemos aqui na mesa
   Ele e Isabela deram um risinho. Eles poderiam fazer em tantos lugares, mas tinha que ser justo na mesa de jantar?
-Me lembre de tacar fogo na mesa amanhã – eu disse

domingo, 15 de janeiro de 2012

13- Aquela Pergunta...

   Eu estava em meu quarto, sozinho. Estava precisando de um pouco de paz depois de acontecer tanta coisa na minha vida recentemente.
   Estava jogado na cama, com os fones de ouvido ligados no máximo em “One”, do Metallica. Quando estava chegando no refrão, ouvi alguém bater na porta. Será que pedir um descanso é muita coisa?
-Pode entrar – resmunguei
   A porta se abriu e Pattison entrou no quarto.
-Pattison? O que você quer? – perguntei
-Preciso de um conselho seu – ele respondeu
   Ele colocou a mão no bolso e retirou um pequeno cubo felpudo. Com um anel de casamento.
-Vai pedir a minha mão? Que emocionante – brinquei
-Não! É pra Allanis... – ele disse – O que achou?
-Muito legal! Felicidades ao casal – eu disse, com um sorriso – Como vai fazer a pergunta?
-Pulando de paraquedas! – ele disse

PDV da Allanis

   Eu estava na T.E.T.A., organizando alguns documentos. Ser chefe é o sonho de todo mundo, mas não é todo mundo que sabe a dor de cabeça que isso dá. Recentemente, com o sucesso da empresa, muitas outras empresas de turismo queriam se tornar sócias ou até processar. Desde que me tornei chefe da empresa, vi os processos mais absurdos. Uma mulher tentou processar a T.E.T.A. por que perder o celular durante uma das sessões de turismo pela cidade.
   Olivia, minha secretária, entrou em minha sala trazendo uma papelada enorme.
-Que papéis são esses? – perguntei
-É a papelada do processo que a TouR fez contra a gente – ela respondeu – Eles querem 5 milhões
-O que? – exclamei – 5 milhões? Eles estão malucos?
-Pode ser, mas são malucos persistentes. Disseram que não vão desistir – disse Olivia
-Ok, obrigada, Olivia. Pode ir – eu disse
   Assim que Olivia saiu da sala, dei um grito e um puxão nos cabelos. Estava com saudades da época em que minha maior preocupação era qual episódio dos Simpsons ia passar na TV.
   De repente, meu telefone tocou e eu atendi de maneira agressiva:
-O que foi, porra? – berrei
-Desculpa, srta. Rodrigues. É que a senhora tem visitas – disse Olivia
-Manda ir se f... Quer saber, manda entrar
   Pouco tempo depois, a porta se abriu e Pattison entrou em meu escritório.
-Até que enfim! Algo para alegrar meu dia! – dei um sorriso
   Me levantei da cadeira e corri até ele para lhe dar um beijo.
-Vem, Allanis. Vamos sair – disse Pattison
-Sair? – eu disse – Vamos aonde? Ou melhor, eu não posso sair! Tenho muita coisa para...
   Pattison colocou o dedo sobre meus lábios, para me calar.
-Você é a chefe, certo? – disse ele – Pode sair. Vamos!
   Ele me puxou pelo braço e me levou para fora da empresa. Entrei em seu carro e ele me conduziu até uma parte afastada da cidade.
-Aonde estamos indo? – perguntei
-Shh... Você já vai saber – ele respondeu
   Quando ele finalmente parou, percebi que estávamos num campo aberto, com um avião a nossa espera.
-Pattison, tem uma coisa que você precisa saber... – eu disse
-Shh... Apenas fica quietinha – disse ele, me levando ao avião
   Meu coração começou a bater mais forte quando entramos no avião. Se ao menos Pattison tivesse me deixado falar...

Fim do PDV da Allanis

PDV do Pattison

   Eu e Allanis nos sentamos no banco do avião. Mal podia esperar para pedi-la em casamento.
   O instrutor veio até nós e colocou a mochila em nós dois. Estranhamente, Allanis estava paralisada feito uma estátua.
-Patt, eu preciso... – Allanis começou
-Calma, Nís – eu disse – A gente já tá quase lá
   Chegamos à altitude correta. O instrutor veio até eu e Allanis e terminou de arrumar nossas mochilas. Logo depois, ele abriu a porta do avião e sinalizou que eu podia pular.
-Patt, eu... – disse Allanis
   Antes que ela terminasse, eu pulei do avião com ela. Assim que pulamos, ela começou a gritar, desesperada. Depois de alguns minutos, ela finalmente parou de gritar e eu aproveitei a oportunidade:
-Allanis Rodrigues, quer casar comigo? – perguntei
   Nenhuma resposta.
-Allanis Rodrigues, quer casar comigo? – perguntei mais uma vez
   De novo, nenhuma resposta. Quando olhei melhor, vi que Allanis tinha desmaiado.
-Ai, meu Deus! Allanis! – exclamei, preocupado
   Rapidamente, eu nos teleportei de volta à mansão para pedir ajuda ao pessoal. Na sala, estavam Lucas C, Isa, Ana e Nath.
-Meu Deus, o que aconteceu?! – perguntou as
-A gente tava pulando de paraquedas, aí eu a pedi em casamento, só que ela tava desmaiada – expliquei, falando apressadamente
-Peraí, pedido de casamento? Ai, que lindo! – disse Nath
-Gente! Me ajuda a acordar ela! – eu berrei
-Deixa comigo! Eu sou médica – disse Ana
   Ana se abaixou e ficou de frente para Allanis, que estava caída no chão. Depois, ela preparou o punho e deu um soco na cara de Allanis.
-Acorda, perua! – ela gritou
-Ai, sua vaca! – Allanis berrou
-Eu não acredito. Funcionou – disse Lucas
   Me aproximei de Allanis e lhe dei um abraço apertado.
-Que bom que você está bem! – exclamei – Você desmaiou de repente e...
-Eu tenho medo de altura, sua besta! – Allanis berrou
-Me desculpa – eu disse – Me deixe recomeçar
   Então, eu me ajoelhei à sua frente. Ela levou a mão à boca, surpresa.
-Estamos juntos há 3 anos – comecei – Você é uma pessoa maravilhosa. A melhor com quem eu já tive um relacionamento. E eu quero continuar com você pro resto da minha vida. Quer casar comigo?
-É claro que eu quero! – ela respondeu
   Ela deu um pulo e me abraçou. Lágrimas desciam pela sua bochecha. Peguei o anel e o coloquei em seu dedo. Emocionada, ela me deu um beijo.
-Ouviram isso? Eu me tornei o sr. Rodrigues! – berrei, feliz
-É, mas da próxima vez que me colocar num avião, eu vou te jogar lá de cima e sem paraquedas! – disse Allanis, me dando outro beijo.

Fim do PDV do Pattison

12- Os Substitutos

1 mês depois...

    Como na minha rotina de sempre, meu celular despertou às 07:30 da manhã, com “Prison Song”, do System of a Down.
    Com o tempo, eu já estava me acostumando a dormir sozinho. Aliás, eu até preferia assim. Desse jeito, eu poderia voltar a dormir atravessado na cama. A vida de solteiro também tem suas vantagens.
    Desci as escadas do 2º andar da mansão e fui até a cozinha, onde estavam Nath, Lucas C, Ana e Isa. Peguei um pouco do café que tinha na cafeteira em cima da mesa. Percebi que os 4 estavam ouvindo uma música e gostando.
-Que música vocês estão ouvindo? – perguntei
    Eles olharam um para o outro, esperando para ver quem ia responder.
-Que música vocês estão ouvindo? – perguntei mais uma vez
-“Falling Skies” – respondeu Nath
-De quem é?
-Jéssica Williams ft. M. Shadows – disse Lucas
-Ela está gravando música? Pensei que estivesse na tal Academia de Feiticeiras – comentei
-Ela tem tempo para fazer outras coisas – disse Ana – Hora ou outra ela aparece pra fazer uma visita. Ela visita todo mundo, menos... bom, menos você – disse Isa
    Ergui a mão para pegar o fone de ouvido. Tenho que admitir: a música era boa. Na hora do refrão, Jéssica fazia as partes cantadas e M. Shadows fazia as partes gritadas. Os vocais dos dois combinaram bastante e era rock. Jéssica era minha ex, mas eu não tinha deixado de apreciar boa música.
    Uma das qualidades que eu gostava em Jéssica era que ela nunca gostou de modinhas adolescentes. Odiava Lady Gaga, Katy Perry ou qualquer outra música pop. Ela sempre curtiu mais o rock.
    Mas deixando esse clima nostálgico de lado, fui até o estúdio. Wallace me disse que eu precisava me encontrar com a banda e que era urgente.
    Chegando lá, encontrei todos na sala da banda. Todos muito sérios, aliás.
-O que foi? – perguntei
-Bom, eu tenho um anúncio a fazer – disse Ângelo
-Que anúncio? – perguntou Wallace
    Ângelo respirou fundo e decidiu soltar a bomba:
-Eu vou deixar os PsyckoManiacs – ele disse, afinal
-Como é? Por quê? – perguntei
-Eu tenho tido muito trabalho. Escrevendo as letras, criando melodias... Eu preciso de um descanso, e de mulher, urgente! – ele explicou
    Talvez ele tivesse razão. De todos nós, Ângelo era o que mais se esforçava para fazer as músicas. Em compensação, não ia dar certo se ficasse apenas eu e Wallace na banda.
-Como fica agora? – eu disse – Eu pensei em sair dos vocais e voltar pra bateria, mas se você sair, quem será o novo vocalista? – atropelei as palavras, um pouco preocupado
-Eu já pensei nisso. E você pode largar os vocais tranquilamente – disse Ângelo – Porque eu achei substitutos
    Então, Ângelo abriu a porta e entraram na sala Dameon Ash, ex-baixista do Avenged Sevenfold, e ZP Thearth, ex-vocalista do Dragonforce.
-Tá de sacanagem! Isso é uma pegadinha? – eu disse, com um sorriso
-Não, não. Eu pensei em tudo antes de sair – disse Ângelo
-Ele me disse que vocês tinham vagas – disse ZP Thearth – Como estou sem banda e gosto do som de vocês...
-O que me diz? – perguntou Ângelo
-É claro! – exclamei
    Dameons disse que poderia nos ajudar nas turnês e a compor o nosso próximo álbum. Já ZP Thearth começou os treinos vocais para os PsyckoManiacs.
    No dia seguinte, Ângelo preparou as malas e foi se despedir de nós, da banda.
-E então, para onde você vai? – perguntei
-Ibiza – ele respondeu
-Como é? – exclamou Wallace
-Eu disse que precisava de descanso e de mulher. Que outro lugar melhor pra isso? – ele brincou
    Então, ele foi embora. Às vezes, precisamos dizer adeus ao passado, para dar oi ao futuro. E agora, era a vez de dar oi ao novo futuro dos PsyckoManiacs.

11- Culpa

    Depois que Jéssica foi embora, me deitei no sofá. Usei uma almofada como travesseiro e dormi. Quando acordei, estavam todos olhando para mim.
-Que foi? Tem alguma coisa no meu rosto? – perguntei
-Tinha, ontem à noite – disse Nath
-Aff – resmunguei – Vocês viram?
    Eles balançaram a cabeça, em sinal afirmativo.
-Viram tudo? – perguntei
-Tudinho – confirmou Allanis
    Passei a mão na cabeça e dei um suspiro, cansado.
    Me levantei do sofá e fui até meu quarto. Notei que a cama estava menor, provavelmente porque Jéssica fez alguns feitiços para diminuí-la. No guarda-roupa, suas roupas haviam sumido. Em cima da cômoda, havia um recado que dizia:

“Arrumei suas coisas para se ajustarem à sua nova vida de solteiro.”
                    Jessie

    Olhei para a porta e vi Leandro encostado na entrada do quarto.
-Se sentindo culpado? – perguntou
-O que você acha? – retruquei
-Qual é! Não precisa se sentir culpado – disse ele – Somos homens, temos necessidades
-Talvez tenha razão – eu disse, analisando sua ideia
    Passei por ele e fui até a cozinha, no 1º andar. Ana, Bianca e Isa estavam sentadas na mesa, cochichando. Sobre mim, é claro.
-Jéssica terminou comigo, não é novidade. Não precisam cochichar – eu disse
-A gente prefere cochichar – Ana disse, dando um risinho
    Eu precisava conversar com alguém. Alguém que não ficasse cochichando. Alguém que fosse imparcial. Lucas C.
    Como eu não queria espalhar a notícia pro mundo inteiro, esperei que Julie saísse para falar com Lucas.
-Preciso de um conselho seu – pedi
-Conselho meu? Isso nunca é bom sinal – ele deu um riso
    Expliquei a ele toda a história: que eu fui pro bar, que beijei a tal fã, que Jéssica viu, que nós brigamos e ela terminou comigo. A reação dele? Bem diferente do que a que eu esperava.
-O que você tinha na cabeça? Bosta de cavalo? – disse ele, em tom de reprovação
-Não era pra você dizer “Tem muito peixe no mar” ou alguma coisa assim? – brinquei
-Pelo amor de Deus! De todas as minhas cunhadas, ela foi a única que eu gostei – disse Lucas
-Cunhada?
-É, você entendeu – ele despistou
    Parando para pensar, agora imagino porque ele não gostou de Leandro. Ele sabia que, uma hora ou outra, isso ia acabar acontecendo.
-Bom, sou homem. Tenho necessidades – tentei usar o argumento de Leandro
-Só porque você é homem, não significa que precisa magoar quem você ama – ele rebateu
-O que eu quero dizer é: você é casado há 5 anos! Como você consegue?
-Amando. Se eu consegui por 5 anos, por que você não aguentou 1 semana? – ele rebateu mais uma vez
    Quantas bolas na trave! Eu deveria ter conversado com Leandro mesmo, talvez assim eu não tivesse que aguentar os sermões de Lucas. Ele sabe muito bem como argumentar pra te fazer se sentir mal.
    Antes que eu pudesse responder, notei que Jenny estava parada na porta, segurando seu ursinho de pelúcia que ganhou de presente de mim e Jéssica.
-Tio Téia? Cadê a tia Jéssica? – ela perguntou
    Lucas deu um risinho e se levantou da cadeira, para me deixar sozinho com Jenny.
-Não! Crueldade tem limite! – exclamei
-Pense nisso como carma – disse ele, saindo da sala
    Se Lucas queria me castigar, por que não me deu logo um tiro na perna? Fazer Jenny chorar era quase como chutar um filhote de cachorro ou maltratar uma foca.
    Jenny se aproximou, ainda puxando o ursinho, que arrastava pelo chão.
-Cadê a tia Jéssica? – ela perguntou mais uma vez, com um olhar confuso
-Olha, Jenny – comecei –, o tio Téia aqui fez uma besteira e a tia Jéssica ficou um pouco magoada e... ela não vai mais voltar, Jenny.
-Ah... – disse ela
    Ela baixou a cabeça e fingiu que estava tudo bem. Mas, conhecendo o pai, eu sabia que ela não ia aguentar muito tempo. Eu a peguei no colo e ela passou seus pequenos braços ao redor do meu pescoço, me abraçando. E então, desabou a chorar.
-Shh, shh, vai ficar tudo bem – eu disse
    Me lembrei de algo que poderia acalmá-la, que até funcionou uma outra vez. Comecei a cantar “Dear God”, do Avenged Sevenfold, só que ainda mais lenta, como uma canção de ninar. Logo, os soluços foram diminuindo e, aos poucos, ela adormeceu.
    Assim que ela adormeceu, Lucas voltou.
-Satisfeito? – eu disse
-Um pouco. Minha veia maligna nunca me decepciona – ele brincou
    Lucas estendeu os braços e eu passei Jenny para ele.
-Eu fiz uma besteira. Por quê fiz isso? E agora, o que eu faço? – falei
-Não há nada a se fazer. Você devia ter pensado nisso antes – disse Lucas – Olha, eu nunca bebi, em compensação, nunca acordei de ressaca nem por aí botando o almoço pra fora. Nunca traí, e tenho uma família completa e feliz. Eu já aturei Nath, Ana e até você me chamando de careta. Mas eu prefiro ser um careta feliz do que um descolado sem ninguém.
    Isso já tava parecendo o “Casos de Família”. Por mais que eu detestasse admitir, ele tinha razão. De que adianta ter várias mulheres se a única que eu quero não suporta a ideia de ver meu rosto? Sempre achei isso muito clichê, mas agora era diferente. Agora estava acontecendo comigo.
    O que eu fiz não tem volta, Jéssica nunca iria me perdoar. Talvez fosse a hora de seguir em frente.