Estressado, voltei para a mansão. Nem liguei pra pegar carona com Leandro, voltei a pé mesmo. Vim pela rua, chutando lixeiras.
-2 anos sendo fiel. Uma única escapadinha e a minha namorada feiticeira vê. Ótimo! – resmunguei
Cheguei na mansão, as luzes estavam apagadas. O pessoal já devia estar dormindo a essa altura. Entrei de fininho e me joguei no sofá, colocando a almofada na cabeça. Assim que me deitei, as luzes se acenderam sozinhas. Jéssica estava sentada na poltrona, de braços cruzados.
-Você sabia que fica ainda mais gostosa quando está brava? – tentei quebrar o gelo
Ela continuou de braços cruzados e de cara fechada. Não era a hora de piadas.
-Por que você voltou? Não ia ficar numa Academia de Feiticeiras ou uma porra dessas? – perguntei
-Por quê? Queria ter tempo pra levar a biscate pra cama? – ela retrucou – E mais: “Uma porra dessas”? É assim agora?
-Foi mal – eu disse
Jéssica revirou os olhos e se sentou na poltrona de novo. Ela passou a mão na cabeça e suspirou, mal-humorada.
-Por favor, me deixa explicar – pedi
Irritada, ela pegou o abajur e o lançou na minha direção. Desviei e o abajur acertou a parede, fazendo barulho ao se quebrar.
PDV da Nath:
Como Marcelo tinha viajado pra gravar o seu clipe novo, eu fiquei na mansão, pois haviam quartos vagos. Durante minha calma noite de sono, um barulho me fez acordar. Não era Eric nem Cecília, então saí do meu quarto para ver o que era.
No corredor, bem na saída para a escada, estava todo o pessoal, olhando lá pra baixo. E pareciam estar se escondendo.
-O que está acontecendo? – perguntei
-Matheus e Jéssica estão lá embaixo – explicou Bianca
-E vocês estão vendo eles... Eca! – exclamei
-Não, não. Eles não estão fazendo isso – disse Karol – Aliás, estão longe de fazer isso
Me juntei a eles e olhei lá pra baixo. Realmente, Jéssica estava bem estressada. O que será que Matheus fez para deixá-la assim?
Fim do PDV da Nath
Jéssica estava nervosa demais. Eu precisava pensar em algo para acalmá-la.
-Vamos ser racionais, Jéssica. Precisamos conversar como pessoas civilizadas – eu disse
Ela me olhou por um instante e suspirou. Analisou a ideia rapidamente e experimentou conversar. Mas não do jeito que eu queria.
-Ela era boa? – perguntou Jéssica
-Como assim? – eu disse, sem entender a pergunta
-Você não queria conversar? Então, como ela era? Era boa, ótima ou maravilhosa? – disse ela
Parei para pensar na resposta. Ela não gostou de me fazer uma pausa para pensar, então me apressei. Comparado a “ótima” ou “maravilhosa”, “boa” parecia ser a melhor opção.
-Ela era boa – respondi
Jéssica deu um suspiro forte, claramente irritada.
-Chute na trave – eu disse, comigo mesmo
PDV da Nath:
-Sua besta! Você devia ter dito “horrível”, “uma porcaria” ou sei lá! – falei comigo mesma, analisando a burrice de Matheus – Qualquer coisa menos “boa”
Ana foi no seu quarto e voltou com pipoca para a gente.
-Querem pipoca? Essa briga vai durar e a gente pode ficar com fome – disse ela
-Ah, eu quero sim – disse Isa
Isa pegou o pote de pipoca e comeu algumas. Ficamos passando o pote de mão em mão enquanto assistíamos a briga de Matheus e Jéssica.
-Isso tá melhor que novela das 8! – disse Karol, comendo a pipoca
Fim do PDV da Nath
Jéssica se jogou com força no sofá. Me sentei do lado dela, mas aí ela se levantou.
-Por que você fez isso? – perguntou ela
-Porque sentia sua falta. Não sabia se você ia voltar – respondi
-Mas eu voltei. E você não esperou uma semana! Se fossem 6 meses... Mas foi uma semana!
Ela se encostou na parede e passou a mão nos cabelos, se segurando para não chorar. Me aproximei dela e passei a mão pelo seu rosto. Lentamente, me aproximei dela para beijá-la. Quando eu estava quase lá, ela me empurrou e se desviou do beijo.
-Não dá, Matheus, não dá – ela disse
-Por favor, Jéssica. Eu te amo
PDV da Nath
-Beija! Beija! Beija! – disse Karol, comendo pipoca
-Ai, meu Deus! É muita emoção – disse Ana, pegando o pote de pipoca
-Shh, shh! Eu quero ouvir – eu disse
Elas ficaram quietas e nós voltamos a ver a briga.
Fim do PDV da Nath
-Mentira – disse Jéssica – Se você realmente me amasse, não teria feito aquilo
Ela pegou seu livro e se preparou para recitar um feitiço para ir embora, mas eu segurei seu braço.
-Me larga, Matheus – ela disse, irritada
-Me diz que vai me perdoar – pedi
-Um dia, talvez. Mas esse dia vai demorar a chegar.
Eu a puxei pelo braço e lhe dei um beijo. Dessa vez, ela não relutou. Ela retribuiu. Passei a mão pelo seu ombro, retirando a alça de sua blusa. Eu a coloquei contra a parede e comecei a tirar a sua blusa. Porém, ela me empurrou mais uma vez e ajeitou a sua blusa.
-Eu não vou te perdoar, Matheus. Não tão cedo – ela disse – Acabou. Tudo entre a gente, acabou
Rapidamente, ela pegou seu livro de feitiços e foi embora antes que eu pudesse impedi-la.