sexta-feira, 25 de novembro de 2011

3- Rostos Conhecidos

   Pessoas normais, que moram com pessoas normais, costumam acordar com a luz do sol ou com o despertador. Sabe como eu acordo? Com gritos.
   Eu estava num sono pesado, até que ouvi uma gritaria vinda do 1º andar. Os gritos eram de Ana e Allanis. Às 8:00 da manhã. Quem precisa de um despertador comum quando se tem dois despertadores que nunca descarregam e podem despertar a qualquer hora?
-Nossa! Que gritaria é essa? – disse Jéssica, tão confusa quanto eu
-Não faço a menor ideia. Será que os alienígenas se revelaram para elas? – brinquei
   Jéssica e eu fomos até o 1º andar para ver o motivo da gritaria. Vi que Ana estava abraçando alguém. Quando olhei melhor, percebi que era Isabela. Eu não a via há muito tempo, talvez mais de 10 anos. E parecia que também fazia um tempo que elas não se viam.
-Isabela! Que saudade! – disse Ana, abraçando-a
-Também senti sua falta. De todos vocês – disse Isa
-Faz quanto tempo desde que foi para a Itália? – perguntou Allanis
-Deve fazer mais de 3 anos – disse Isa, calculando mentalmente
    Lucas C, Bianca, Karol e Nath vieram correndo para a mansão, ver o motivo dos gritos.
-Quem tá morrendo? – perguntou Lucas
-Ninguém. É uma notícia boa! – disse Allanis
   Nós todos fomos abraçar Isa, recuperando o tempo perdido. Jéssica e ela foram apresentados e logo se tornaram amigas. Depois disso, fomos para a sala, conversar um pouco.
-O que te traz de volta? – perguntou Nath
-Bom, eu fui pra Itália pois uma empresa de lá me ofereceu uma ótima oferta de emprego – explicou Isa – Há umas semanas atrás, fomos avisados que a empresa abriria uma filial aqui nos EUA, então resolvi voltar. E dessa vez é pra ficar
-Que bom! – disse Karol – Sofremos um desfalque porque muita gente foi embora e outros morreram, mas se for pra completar vagas, que seja com você
   Isa se assustou um pouco com a parte do “e outros morreram”.
-Foi bom você ter voltado – disse Bianca
-É, seja bem-vinda de volta – eu disse
   Eles levaram Isa até a cozinha e prepararam um lanche para ela. Eu até pensei em ficar pra conversar um pouco com ela, mas a minha agenda estava cheia e eu precisava ir ao estúdio para gravar um dueto que iria para o novo álbum do Evanescence.

Pedacinho da letra (p.s.: essa letra não é real rs’)

How many times, (Quantas vezes,)
How many times you will keep torturing me? (Quantas vezes você vai continuar a me torturar?)
Cause i, (Porque eu,)
I want to be set free (Eu quero voltar a ser livre)

  Eu e os PsyckoManiacs decidimos dar uma pausa, para escrever algumas músicas. Enquanto dávamos uma pausa, algumas bandas me chamavam para fazer parcerias, o que fazia com que eu sempre ficasse com a agenda cheia.
   Depois de gravar a música com o Evanescence, eu estava saindo do estúdio quando vi que havia uma nova mensagem no meu celular.

“Quanto tempo, hein? Me encontre no Plaza’s em 15 minutos”

    O Plaza’s era um restaurante que havia ali perto do estúdio. Quem será que era? E o que queria falar comigo?
    Mesmo desconfiado, fui até o Plaza’s para ver quem era. Quando cheguei, a recepcionista me reconheceu.
-Matheus Rocha? – ela perguntou
-Sim, sou eu – respondi
-Vá até o balcão do bar, estão lhe esperando – disse ela
    Haviam 5 pessoas sentadas em frente ao balcão do bar. O cara sentado no canto da esquerda mexia no celular. Meu celular vibrou novamente e eu vi que era outra mensagem:

“É, o da esquerda, idiota”

    Quando me aproximei, o cara se virou e não demorou para que eu o reconhecesse. Era Leandro, um velho amigo meu. Morávamos na mesma rua e sempre nos falávamos. Desde que saí do Brasil para viajar com os PsyckoManiacs, nunca mais nos falamos.
-Cara, quanto tempo! – eu disse, abraçando-o
-Nem me fale. Deve fazer mais de 5 anos – disse ele
-É mesmo – concordei
    Nós dois nos sentamos no banco e pedimos um copo de bebida, cada um.
-Por que você veio a Hollywood? – perguntei
-Vim trabalhar numa empresa daqui. Sou quase um aluno de intercâmbio – ele brincou
    O barman chegou com nossas bebidas em seguida. Nisso, duas garotas loiras sentaram ao nosso lado, distraídas com suas bolsas cheias de aparatos de maquiagem ou seja lá o que for.
-Vamos dividir? – sugeriu Leandro
-Não, não posso. Já estou comprometido – respondi
-Essa não, você foi para o lado negro! – ele brincou
-Valeu pelos votos de felicidade – falei sarcasticamente
-Quer saber? Mais pra mim! – ele exclamou
-E como exatamente você vai conseguir as duas? – perguntei
   Leandro sinalizou para que o barman servisse dois drinques às garotas. Depois, chamou a atenção delas.
-Oi, sou Leandro – disse ele
-Lucy – disse uma
-Sheryl – disse a outra
-Sabe, eu geralmente gosto de passar meu tempo em casa, mas quando se cuida de crianças doentes da Somália, é uma tristeza tão grande que eu acabo tendo que beber – ele inventou um caô
-Criancinhas da Somália? Que triste! – disse Sheryl
-Podemos fazer algo para te animar? – perguntou Lucy
-Podem sim. Vamos ao meu apartamento? – sugeriu Leandro
    Para a minha surpresa, elas toparam. Elas deviam cheirar muita erva de gato pra cair num caô daqueles. Não duvido que elas cheirem.
    Leandro se levantou e passou a mão pela cintura das duas. Antes de passar pela porta do restaurante, ele piscou para mim, mostrando que tinha conseguido.
-É, e eu achei que foi fácil com Jéssica – exclamei, dando um último gole no meu copo de bebida
    Mesmo depois de tantos desfalques na família, parece que os vazios estão se completando novamente.

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