quinta-feira, 10 de maio de 2012

46- E Se...? (Parte 2)

PDV do Marcelo

    Cheguei em casa depois de passar nos estúdios para gravar meu novo CD. Eric e Cecília estavam na sala assistindo TV.
-Oi, crianças – eu disse, beijando a cabeça de cada um – Onde está a mãe de vocês?
-Ela foi para uma daquelas conferências – Eric respondeu
-Ok, vou dispensar a babá e depois vamos almoçar, ok?
    Cecília estava trocando de canais. Por um segundo, ela passou por um canal de notícias, que estava mostrando um hotel com vários carros de polícia do lado de fora.
-Volte um canal, Cecília – eu disse
    De acordo com a reportagem, o hotel Hollywood 5 Stars tinha sido tomado por uma gangue. Foram ouvidos 4 disparos.
-Onde Nathalia foi mesmo? – perguntei
-Hollywood 5 Stars – disse Cecília, com os olhos arregalados
    Meu coração veio à boca ao ouvir isso.
-Papai, a mamãe está machucada? – disse Eric
-Hã, eu sei que o papai não é muito religioso, mas que tal se fizermos uma oração? Pela mamãe? – eu disse, com lágrimas nos olhos
    Demos as mãos e começamos a orar, pedindo – implorando – que Nathalia ficasse bem.

Fim do PDV do Marcelo

    Lágrimas vieram aos olhos de Nath.
-Como? A Allanis... ela... ela não pode... ela não pode estar morta! – disse Nath
-Mas ela está – disse Isa
    Bárbara deu uma cotovelada na nuca de Isa.
-Eu não disse que podia falar – disse Bárbara
    Isa revirou os olhos e soltou um suspiro mal-humorado.
    Houve um silêncio durante os segundos seguintes. Então, Bianca resolveu puxar assunto com Bárbara.
-Como Walter encontrou vocês? – disse Bianca
-Temos um site: “Juntos Contra a Causa Mutante” – Bárbara respondeu – São pessoas, de todo o mundo, expressando o ódio por criaturas como vocês
-“Pessoas de todo o mundo”? Quantas exatamente? – Bianca perguntou
-Mais de 150 milhões
    Mais de 150 milhões de pessoas nos odiavam, nos queriam mortos. A parte que assustava era imaginar quantos desses 150 milhões arriscaria nos matar, como o grupo de Bárbara.
-Eu expliquei minha história e eles aceitaram me ajudar –disse Walter
-Walter, eles não dão a mínima para a sua história – eu disse – Bárbara e seu grupo apenas querem nos matar. Não estão nem aí se você está de luto ou não
-É mentira! – Walter exclamou – Eles estão fazendo isso pelo dinheiro. E pra ter a chance de nos matar. Mas aceite: pra eles, June é apenas pó!
-Isso não é verdade!
    Walter, então, apontou a arma na direção de Bárbara e Isa, mais exatamente planejando atingir Bárbara.
-Isso é verdade? – Walter perguntou
-Está se deixando levar pelas aberrações, Walter? Lembre-se que June morreu por causa desses seres demoníacos! – Bárbara respondeu – Para estar nessa causa, é preciso ser forte! Seja forte, Walter!
    Jessica fez uma expressão de nojo ao ouvir o discurso de Bárbara. Na verdade, eu estava me controlando para não fazer a mesma expressão.
    Walter abaixou a arma e fechou os olhos. Em seguida, começou a chorar.
-Oh, June, por que você foi me abandonar? Eu sinto sua falta – ele disse, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto
    Antes que pudesse começar uma crise nervosa, Walter se recompôs e apontou a arma em minha direção.
-O rockeiro. Ele é o próximo – disse Walter
    Três ajudantes me pegaram pelos braços e me levaram para perto de Walter, que colocou a arma em meu estômago.
-Suas últimas palavras? – ele disse
-Vai se ferrar! – respondi
    Antes que Walter pudesse puxar o gatilho, raízes gigantes surgiram do chão e perfuraram a cabeça dos ajudantes restantes, incluindo Bárbara. Valeu, Jessica!
    Irritado, Walter disparou na direção da bancada. Por sorte, ninguém foi atingido.
-Quer saber? Posso fazer um trato – disse Walter – Eu libero vocês, desde que me deixem levar o rockeiro para matá-lo
-Feito – eu disse
-Não! – Karol exclamou – Me leva. Pode me levar
    Karol saiu de trás da bancada e foi até o centro da galeria.
-O que você está fazendo? – eu disse
-Eu sou a inútil do grupo – Karol respondeu – Pelo menos uma vez, eu quero ter a certeza de que sirvo para alguma coisa
    Walter me jogou no chão e pegou Karol. Ele colocou a arma na cabeça dela.
-Você, - ele apontou para Bianca – crie um escudo para que os policiais não me peguem. Se tentar dar uma de espertinha, estouro os miolos da sua amiguinha
    Bianca o obedeceu e criou o escudo. Conforme Walter saía do hotel com Karol, nós corríamos para checar os feridos.
-Ana! – Lucas se esforçou para gritar – Allanis... Ela está respirando. Ela está viva!
-O quê? Ela está viva? – disse Ana, surpresa – Ela está viva!
    Ana correu na direção de Allanis e sentiu seu pulso.
-O pulso dela está muito fraco – disse Ana
-Bianca, ligue para o hospital e fique aqui para ajudar Ana a leva-los ao hospital – eu disse – Jessica, venha comigo
    Eu e Jessica corremos até a porta da galeria e, em seguida, passamos pela saída do hotel. Haviam inúmeros carros de polícia e repórteres.
-Sr. Rocha, como está a situação? Poderia dar uma entrevista? – disse um repórter
-Me desculpa, mas não tenho tempo para isso – eu disse, me esquivando da multidão
    Fomos até o estacionamento e entramos em nosso carro. Jessica recitou um feitiço para rastrear Walter. Segundo Jessica, ele estava a 10km de distância da gente. Girei as chaves do carro e dirigi a velocidade máxima.
-Vire à esquerda – disse Jessica – Agora à direita. Direita de novo
-Não tem mais direita! Droga, Jessica! – exclamei
-Me desculpa, mas a cabeça de Walter está confusa. Estou fazendo meu melhor
    Jessica fechou os olhos e tentou se concentrar. Segundos depois, ela captou Walter novamente.
-Ele está a oeste daqui. Uns 5 ou 6 quilômetros, aproximadamente – ela disse
-Ok. Karol, estamos indo
    Girei as chaves do carro e voltei a perseguir Walter. Estávamos saindo da cidade. 20 minutos depois e estávamos numa estrada deserta. Dos dois lados da estrada haviam apenas árvores e mato.
-Tem certeza que está no caminho certo, Jessica? – perguntei
-Absoluta. Olha! – ele respondeu
    Lá na frente, a uns 30 metros da gente, estava o carro de Walter, correndo a mais de 100km/h.
-Onde está sua espada, Matheus? – Jessica perguntou
-No banco traseiro. Por quê?
    Jessica não respondeu. Ela apenas pegou a espada, recitou um feitiço e... a espada voou sozinha em direção ao carro de Walter! A espada acertou o pneu, que estourou e fez o carro capotar.
-Jessica, pegue Karol. Eu cuido do Walter – eu disse, pegando minha espada
    Fui até o carro capotado e quebrei o vidro do motorista para puxar Walter.
-Aberrações! Não se cansam de estragar minha vida? – Walter exclamou
-Walter, entenda, não é nossa culpa que June tenha morrido – eu disse – Você a amava. Eu sei como é doloroso perder alguém amado. Mas tragédias acontecem. Mesmo que ajudássemos sua esposa, um dia não estaríamos lá para ajudar e ela morreria do mesmo jeito. Agora, eu posso fingir que nada disso aconteceu e deixar você ir embora, Walter. O que me diz?
-Nunca!
    Então, Walter pegou minha espada para me atacar, mas antes criei um vórtice que o evaporou antes que ele fizesse isso.
-Matheus, você está bem? – Karol perguntou
-Eu estou. Você, nem tanto. Vamos, iremos a um hospital – eu disse
-E Allanis? – disse Karol
-Ah, não. Allanis! – exclamei
    E se eu perdesse alguém amado? E se...?

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