Estamos sempre
vivendo nossas vidas de maneira corrida, pensando em nossos problemas,
procurando soluções pra eles... Mas nunca paramos pra fazer simples, porém
importantes, perguntas: e se esse fosse meu último dia na Terra? E se, em
poucos minutos, meu coração parasse de bater? E se...? E se...?
E se...?
***
Eu e Jessica
tínhamos acabado de chegar em Hollywood, com o fim da turnê dos PsyckoManiacs,
e já estávamos nos preparando para sair.
Iríamos junto com
o pessoal a uma conferência com a imprensa. Seríamos entrevistados por
repórteres e fãs, e daríamos autógrafos depois. Como de rotina.
-A gente precisa mesmo ir? Odeio essas conferências! – Nath
resmungou
-Sim, nós temos – respondi – Não quer desapontar seus fãs,
quer?
Entramos em nossos
carros e dirigimos até o Hollywood 5 Stars, um dos principais hotéis de
Hollywood, e também onde seria feita a conferência, na galeria de festas.
Nós nos sentamos
atrás da bancada e os repórteres e fãs foram chegando aos poucos.
-Sr. Costa, como é ser um dos mutantes mais conhecidos do
mundo? – um fã perguntou
-Bom, pode parecer estranho o que vou falar, mas é comum –
Lucas respondeu – Já me acostumei com a sensação. Sou assediado há 6 anos!
As perguntas
continuaram, até que um homem levantou a mão. Ele estava de sobretudo, chapéu e
de cabeça baixa.
-Sr. Rocha, como se sente sabendo que você e seus amigos
negligenciaram ajuda a uma pessoa com problemas? – disse o homem
-Como? Eu não entendi a pergunta – eu disse
-Eu sei de uma coisa que pode te fazer entender
Então, o homem
ergueu uma arma e disparou na direção de Nath. A bala acertou seu peito.
-Nathalia! – Bianca gritou
Eu ia pegar minha
espada, mas aí uns 5 homens e 1 mulher desceram do teto com uma corda, e um
deles pegou a espada. A mulher pegou Isa e colocou a espada em seu pescoço.
-Se tentar alguma coisa, eu corto o pescoço dela – disse a
mulher
Enquanto isso, o
cara na plateia ergueu a mão e disparou duas vezes contra o teto.
-Todos fora daqui! Menos as aberrações – disse o homem de
sobretudo
Obviamente, as
pessoas correram desesperadamente em direção à saída sem olhar pra trás. Assim
que o lugar foi evacuado, dois dos caras que vieram do teto colocaram uma barra
de aço na porta.
-Quer saber quem eu sou? – disse o cara de chapéu
O cara tirou o
chapéu e mostrou seu rosto. Eu, Lucas, Nath e Allanis o reconhecemos na hora.
Há 1 ano atrás, esse mesmo homem, Walter, tinha ido até nós em busca de uma
cura para sua mulher com câncer. Nós o ignoramos. Tínhamos dito a ele que não
havia nada a se fazer. Parece que Walter não superou a morte da mulher.
Fiquei paralisado.
Apenas fiquei encarando seu rosto, sem me mexer.
-Vejo que se lembra de mim – disse Walter
-Matheus, quem é esse homem? – Karol perguntou
-O homem que vai nos matar – respondi
***
Isa tentava se
mover, mas a mulher não deixava.
-Preciso checar minha amiga – disse Isa – Se não quiser que
eu vá, deixe que Ana a cheque, ela é médica
-Não, ela tem que ser deixada para morrer – disse a mulher
-Vamos ser racionais! – disse Ana, entrando na conversa –
Qual é o seu nome?
-Bárbara – a mulher respondeu
-Bárbara, seu amigo cegueta ali acertou num lugar longe de
qualquer órgão vital. Minha amiga não vai morrer, inteligência! Mas ela pode
ter complicações. Deixe que eu a ajude para que vocês possam ferrar ela melhor,
ok?
Bárbara pareceu
confusa com o que Ana disse, mas a liberou para checar Nath.
-É sério o que Ana disse? – sussurrei para Bianca – Nath
está mesmo bem?
-Não. Ana acha que a bala perfurou o pulmão – Bianca
respondeu – Aquele discurso foi apenas para que ela pudesse checar Nath
Com o canto do
olho, olhei para o lado, para checar como o pessoal estava. Todos estavam
relativamente calmos, mas Allanis tremia. E estava repetindo algo
constantemente. Ao ler seus lábios, percebi que o que ela dizia era “Eu vou
sobreviver”.
-James, Pete, tragam o sr. Costa aqui – disse Walter – E é
melhor ele não tentar nada, ou quebramos o pescoço da aberração que está com
Bárbara
James e Pete
seguraram Lucas pelos braços e o levaram até o centro da galeria do hotel, onde
Walter nos espreitava, com sua arma em mãos.
-O que for fazer, faça. Não tenho medo de morrer – disse Lucas
-Olha só o que temos aqui, um corajoso! – disse Walter,
sarcasticamente – E quanto a matar minha esposa? O que você pensa sobre isso?
-Nós não matamos sua esposa – Lucas respondeu
-Já eu penso que sim. Mataram sim. Eu sei que sua filha tem
o dom de curar pessoas.
-Sim, é verdade. Mas eu já a submeti a muitas coisas. Coisas
com as quais uma criança de 6 anos não deveria se meter
-E não imaginou que meus filhos ficariam tristes com a morte
da mãe? Quer saber? Você não merece morrer. Não de uma vez. Você merece
sofrimento
Enquanto James e
Pete ainda seguravam Lucas, Walter aproximou e encostou o cano da arma no
abdômen dele. E então, disparou duas vezes. Karol e Bianca viraram o rosto,
enquanto as outras deram um pulo de susto.
-Meu Deus, o que foi isso? – disse Nath, assustada
-Sh... Apenas... Apenas fique quieta – disse Ana, com a voz
trêmula
James e Pete
jogaram Lucas no chão. Logo após, Walter apontou para Allanis e pediu para seus
ajudantes a levarem.
-Eu? Por que... Por que... Por que eu? – disse Allanis,
desesperada
-Vocês são amigos. Poderia ter convencido seu amigo a me
ajudar – disse Walter
-Sinto muito, senhor. Sinto muito, sinto muito mesmo, mas você tem que me soltar
Walter apontou a
arma na direção de Allanis. Então, ela eletrizou seu braço e eletrocutou James,
matando-o.
-Desgraçada! – Walter gritou
Um outro ajudante
pegou uma barra de ferro e acertou a cabeça de Allanis por trás. Ela caiu no
chão. Em seguida, mais dois ajudantes se juntaram a ele e Pete, e juntos eles
começaram a chutar Allanis, todo seu corpo: suas pernas, quadril, estômago,
costas, cabeça...
Ana deixou Nath e
voltou ao seu banco.
-E aí? – perguntei, sussurrando
-Nath precisa ir a um hospital urgentemente, e ... oh, meu Deus, o que eles estão fazendo com Allanis?
– disse Ana, horrorizada
Walter viu que
estávamos conversando e apontou a arma para nós. Paramos de conversar.
Algo não saía da
minha cabeça: por quê Allanis estava tão aflita? Ela é sempre tão calma, focada.
Mesmo em situações de vida ou morte como aquela. Havia algo de errado.
-Por quanto tempo eles vão continuar? – disse Jessica,
tapando os olhos com as mãos
-Hã... Acho que acabaram – disse Karol
Pete e os outros
três capangas se afastaram de Allanis e pararam com a pancadaria. Mas havia
algo de errado:
-Ela não está se mexendo – disse Lucas, que estava deitado
no chão da galeria com a mão em seu ferimento – Pessoal, a Allanis não está se
mexendo! Allanis! Allanis! – ele gritou
-Lucas está certo. Por que ela não se levanta? – disse
Bianca
-Porque ela não vai levantar – eu disse
Bianca levou a mão
à boca. Ana, Jessica e Karol baixaram suas cabeças, e Isa começou a chorar.
Elas entenderam o que eu queria dizer.
-Allanis está morta – completei
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