segunda-feira, 7 de maio de 2012

45- E Se...? (Parte 1)


    Estamos sempre vivendo nossas vidas de maneira corrida, pensando em nossos problemas, procurando soluções pra eles... Mas nunca paramos pra fazer simples, porém importantes, perguntas: e se esse fosse meu último dia na Terra? E se, em poucos minutos, meu coração parasse de bater? E se...? E se...?
    E se...?
***
    Eu e Jessica tínhamos acabado de chegar em Hollywood, com o fim da turnê dos PsyckoManiacs, e já estávamos nos preparando para sair.
    Iríamos junto com o pessoal a uma conferência com a imprensa. Seríamos entrevistados por repórteres e fãs, e daríamos autógrafos depois. Como de rotina.
-A gente precisa mesmo ir? Odeio essas conferências! – Nath resmungou
-Sim, nós temos – respondi – Não quer desapontar seus fãs, quer?
    Entramos em nossos carros e dirigimos até o Hollywood 5 Stars, um dos principais hotéis de Hollywood, e também onde seria feita a conferência, na galeria de festas.
    Nós nos sentamos atrás da bancada e os repórteres e fãs foram chegando aos poucos.
-Sr. Costa, como é ser um dos mutantes mais conhecidos do mundo? – um fã perguntou
-Bom, pode parecer estranho o que vou falar, mas é comum – Lucas respondeu – Já me acostumei com a sensação. Sou assediado há 6 anos!
    As perguntas continuaram, até que um homem levantou a mão. Ele estava de sobretudo, chapéu e de cabeça baixa.
-Sr. Rocha, como se sente sabendo que você e seus amigos negligenciaram ajuda a uma pessoa com problemas? – disse o homem
-Como? Eu não entendi a pergunta – eu disse
-Eu sei de uma coisa que pode te fazer entender
    Então, o homem ergueu uma arma e disparou na direção de Nath. A bala acertou seu peito.
-Nathalia! – Bianca gritou
    Eu ia pegar minha espada, mas aí uns 5 homens e 1 mulher desceram do teto com uma corda, e um deles pegou a espada. A mulher pegou Isa e colocou a espada em seu pescoço.
-Se tentar alguma coisa, eu corto o pescoço dela – disse a mulher
    Enquanto isso, o cara na plateia ergueu a mão e disparou duas vezes contra o teto.
-Todos fora daqui! Menos as aberrações – disse o homem de sobretudo
    Obviamente, as pessoas correram desesperadamente em direção à saída sem olhar pra trás. Assim que o lugar foi evacuado, dois dos caras que vieram do teto colocaram uma barra de aço na porta.
-Quer saber quem eu sou? – disse o cara de chapéu
    O cara tirou o chapéu e mostrou seu rosto. Eu, Lucas, Nath e Allanis o reconhecemos na hora. Há 1 ano atrás, esse mesmo homem, Walter, tinha ido até nós em busca de uma cura para sua mulher com câncer. Nós o ignoramos. Tínhamos dito a ele que não havia nada a se fazer. Parece que Walter não superou a morte da mulher.
    Fiquei paralisado. Apenas fiquei encarando seu rosto, sem me mexer.
-Vejo que se lembra de mim – disse Walter
-Matheus, quem é esse homem? – Karol perguntou
-O homem que vai nos matar – respondi
***
    Isa tentava se mover, mas a mulher não deixava.
-Preciso checar minha amiga – disse Isa – Se não quiser que eu vá, deixe que Ana a cheque, ela é médica
-Não, ela tem que ser deixada para morrer – disse a mulher
-Vamos ser racionais! – disse Ana, entrando na conversa – Qual é o seu nome?
-Bárbara – a mulher respondeu
-Bárbara, seu amigo cegueta ali acertou num lugar longe de qualquer órgão vital. Minha amiga não vai morrer, inteligência! Mas ela pode ter complicações. Deixe que eu a ajude para que vocês possam ferrar ela melhor, ok?
    Bárbara pareceu confusa com o que Ana disse, mas a liberou para checar Nath.
-É sério o que Ana disse? – sussurrei para Bianca – Nath está mesmo bem?
-Não. Ana acha que a bala perfurou o pulmão – Bianca respondeu – Aquele discurso foi apenas para que ela pudesse checar Nath
    Com o canto do olho, olhei para o lado, para checar como o pessoal estava. Todos estavam relativamente calmos, mas Allanis tremia. E estava repetindo algo constantemente. Ao ler seus lábios, percebi que o que ela dizia era “Eu vou sobreviver”.
-James, Pete, tragam o sr. Costa aqui – disse Walter – E é melhor ele não tentar nada, ou quebramos o pescoço da aberração que está com Bárbara
    James e Pete seguraram Lucas pelos braços e o levaram até o centro da galeria do hotel, onde Walter nos espreitava, com sua arma em mãos.
-O que for fazer, faça. Não tenho medo de morrer – disse Lucas
-Olha só o que temos aqui, um corajoso! – disse Walter, sarcasticamente – E quanto a matar minha esposa? O que você pensa sobre isso?
-Nós não matamos sua esposa – Lucas respondeu
-Já eu penso que sim. Mataram sim. Eu sei que sua filha tem o dom de curar pessoas.
-Sim, é verdade. Mas eu já a submeti a muitas coisas. Coisas com as quais uma criança de 6 anos não deveria se meter
-E não imaginou que meus filhos ficariam tristes com a morte da mãe? Quer saber? Você não merece morrer. Não de uma vez. Você merece sofrimento
    Enquanto James e Pete ainda seguravam Lucas, Walter aproximou e encostou o cano da arma no abdômen dele. E então, disparou duas vezes. Karol e Bianca viraram o rosto, enquanto as outras deram um pulo de susto.
-Meu Deus, o que foi isso? – disse Nath, assustada
-Sh... Apenas... Apenas fique quieta – disse Ana, com a voz trêmula
    James e Pete jogaram Lucas no chão. Logo após, Walter apontou para Allanis e pediu para seus ajudantes a levarem.
-Eu? Por que... Por que... Por que eu? – disse Allanis, desesperada
-Vocês são amigos. Poderia ter convencido seu amigo a me ajudar – disse Walter
-Sinto muito, senhor. Sinto muito, sinto muito mesmo, mas você tem que me soltar
    Walter apontou a arma na direção de Allanis. Então, ela eletrizou seu braço e eletrocutou James, matando-o.
-Desgraçada! – Walter gritou
    Um outro ajudante pegou uma barra de ferro e acertou a cabeça de Allanis por trás. Ela caiu no chão. Em seguida, mais dois ajudantes se juntaram a ele e Pete, e juntos eles começaram a chutar Allanis, todo seu corpo: suas pernas, quadril, estômago, costas, cabeça...
    Ana deixou Nath e voltou ao seu banco.
-E aí? – perguntei, sussurrando
-Nath precisa ir a um hospital urgentemente, e ... oh, meu Deus, o que eles estão fazendo com Allanis? – disse Ana, horrorizada
    Walter viu que estávamos conversando e apontou a arma para nós. Paramos de conversar.
    Algo não saía da minha cabeça: por quê Allanis estava tão aflita? Ela é sempre tão calma, focada. Mesmo em situações de vida ou morte como aquela. Havia algo de errado.
-Por quanto tempo eles vão continuar? – disse Jessica, tapando os olhos com as mãos
-Hã... Acho que acabaram – disse Karol
    Pete e os outros três capangas se afastaram de Allanis e pararam com a pancadaria. Mas havia algo de errado:
-Ela não está se mexendo – disse Lucas, que estava deitado no chão da galeria com a mão em seu ferimento – Pessoal, a Allanis não está se mexendo! Allanis! Allanis! – ele gritou
-Lucas está certo. Por que ela não se levanta? – disse Bianca
-Porque ela não vai levantar – eu disse
    Bianca levou a mão à boca. Ana, Jessica e Karol baixaram suas cabeças, e Isa começou a chorar. Elas entenderam o que eu queria dizer.
-Allanis está morta – completei 

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