domingo, 25 de março de 2012

37- Trégua

PDV da Jessica

    Após a batalha com Leandro, Matheus sofreu um ferimento grave quando seu abdômen foi perfurado por sua espada. A batalha também acabou mal para Jenny, filha de Lucas, que sofreu vários danos após o ataque de Leandro.
    Levamos ambos para o hospital, já que Leandro sumiu após a batalha.
    Algumas horas depois e estávamos todos na sala de espera, ansiosos por uma resposta.
-Você acha que ele está bem? – perguntei a Isa
-Me desculpa, mas espero que não – ela respondeu seriamente – Por causa daquele amigo idiota dele, eu quase morri
-E não foi só ela, Jessica – Ana completou
    Todos assentiram. Fiquei bastante espantada coma reação deles.
-Sinto muito, Jessica – disse Bianca – Mas foi Matheus que colocou Leandro entre a gente
-Ele não sabia – argumentei
-Será? – disse Karol – Eles são amigos de infância. Tenho quase certeza de que isso foi uma armadilha
-Você não foi a única enganada, Jessica – Allanis completou
    Antes que eu pudesse dizer algo em defesa de Matheus, o médico que estava tanto no caso de Jenny quanto no do próprio Matheus, apareceu para dar notícias.
-Srta. Williams, seu namorado perdeu muito sangue – disse o médico – 50% do sangue dele se foi. Além disso, seus rins e apêndice já eram, ele vai precisar de um transplante. Também há o problema da espada: muitas das bactérias presentes na espada causaram infecções. Sinceramente, não podemos garantir que ele sobreviva
-E a minha filha, doutor? – Lucas perguntou
-Ela... Bom, ela precisará de transplantes de pulmão e rim. Seus outros órgãos estão muito fracos, mas não devem chegar a falhar. Mas ela acabou entrando em coma
-Coma? – disse Lucas, arrasado
    Fechei os olhos e tentei me concentrar, por mais difícil que fosse. Matheus não podia morrer. Eu não queria criar um filho sozinha. E eu estava começando a ficar com dor de cabeça por causa das dúvidas do pessoal em relação a Matheus.
    Antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, meu celular tocou. A surpresa (surpresa mesmo!) veio quando atendi: era Amy.
-Me encontre na Av. Park, nº 117. É um galpão abandonado. Preciso de sua ajuda. É algo de vida ou morte – ela disse, num tom de voz que indicava desespero
-Como? O que você quer? – perguntei
    Mas não houve resposta, ela já havia encerrado a ligação.
    Aquilo estava estranho. Pelo que Matheus disse, ela não queria me ver nem pintada de ouro. Então, por que ela havia pedido ajuda justo pra mim?
-Nath, vou dar uma volta. Depois eu estarei aqui – eu disse
-Quer que eu vá junto? – ela perguntou
-Não. Não precisa – respondi
    Peguei meu carro no estacionamento do hospital e dirigi até o endereço que Amy me deu. O galpão era mesmo abandonado. Parecia ter sido uma fábrica no passado. Haviam plataformas, containers e vários outros elementos característicos.
-Amy! Onde você está? – gritei
    Eu a ouvi gritar de volta, de uma plataforma. Subi na plataforma e a vi deitada no chão, enfraquecida. Mais uma vítima de Leandro.
-Ele... Ele me atacou. E aí... me deixou aqui... Eu... Eu... – ela gaguejou, desesperada
-Espera, você dormiu com Leandro? – eu disse, indignada – Quando foi isso?
-Hã... Logo após Matheus terminar comigo
-Piranha! Levanta logo daí – tentei controlar minha fúria
    Minha vontade era de arrancar a cabeça de Amy, mas eu não podia fazer aquilo. Não naquela hora. Eu ainda não sabia se Leandro ainda estava no galpão, então o certo seria sair dali o mais rápido possível.
-Piranha? Quem usou o golpe da barriga não fui eu! – Amy retrucou
-Escuta só, sua... Olha, eu te odeio e quero muito puxar cada um dos seus fios de cabelo até você ficar careca, mas seu eu e você continuarmos aqui, podemos morrer. Então, nada de brigas. Não agora
    Ela assentiu e seguimos nosso caminho. Quando descemos a plataforma, Amy parou e se ajoelhou.
-Me desculpa, mas não vou conseguir – ela disse
-O que? Não! Não! – gritei
    Corri até ela e a segurei em meus braços, mas já era tarde. Ela já havia morrido.
-Não! Maldita! Não era pra você ter morrido! – gritei
    Eu a odiava. Mais que tudo. Mas não queria que ela morresse. E naquele momento, ela já era. Decepcionada, dei meia-volta, a caminho do hospital. Porém, quando me virei, senti uma mão fria segurando minha perna. Era Amy. Ela estava no estado “zumbi”, como já tinha visto com minha amiga da Academia de Feiticeiras.
    Chutei sua mão e me afastei. Ela se levantou e caminhou em minha direção para me atacar.
-Zipp Ténium Ecxx! – recitei um feitiço
    Uma onda de energia emanou de minhas mãos e partiu na direção do pescoço da Amy “zumbi”, arrancando sua cabeça.
-Pronto, agora fiz o que eu queria fazer a muito tempo – eu disse
    Aquilo estava estranho. Quando Matheus me contou do caso de Isa, ele disse que quando Jenny a curou, disse algo como “ela já estava morta”. Isso significava que a morte vinha antes do estado fora de controle. Talvez depois de sugar a energia das mulheres, ele desse um jeito de deixá-las “mortas-vivas” para serem como suas escravas.
    Isso também significava que Jenny trouxe Isa de volta à vida. Jenny tinha o dom de ressuscitar pessoas!
    Eu precisava contar tudo isso ao pessoal. Quando fui abrir a porta do galpão, ela não abriu. Estava emperrada. Mas havia algo de errado, pois quando cheguei, a porta não teve problemas.
-Olha só quem está aqui – ouvi alguém dizer
    Me virei e vi Leandro. Lancei um feitiço de raio nele, mas ele absorveu.
-Resistir não é uma boa ideia – ele disse
-A melhor que tenho – retruquei
    Peguei meu livro de feitiços e criei um feitiço para abrir um buraco na parede. Saí pelo buraco e fui parar num beco sem saída.
-Ah, não. Qual foi! – exclamei
    Voltei para dentro do galpão e procurei por outras saídas. Haviam alguns escritórios, então me escondi num deles. Deitei atrás de uma mesa e esperei até ser seguro.
    Depois de 1 hora e meia, nada de Leandro. Achei que já fosse seguro sair. Mas me enganei. Assim que passei pela porta, dei de cara com Leandro me esperando.
-Bu! – ele disse, sarcasticamente
    Então, ele segurou meus pulsos e apertou. Por alguns segundos – que parecerem uma eternidade – senti uma dor horrível. Quando ele terminou, uma pequena estrela negra surgiu em meu braço.
-Não. Leandro, por favor, não! – gritei
    Mas ele já havia sumido. E eu estava sentenciada a morte. Eu e o filho que estava a se formar em meu útero.

Fim do PDV da Jessica

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