quinta-feira, 15 de março de 2012

34- Depois da Tempestade...

PDV da Ana

    Minha cabeça latejava. Meu ouvido zunia. Eu estava péssima. Nunca tinha me sentido tão mal em toda a minha vida.
    Abri os olhos. Eu estava num quarto de hospital, cheia de aparelhos. Renato e Rafael estavam sentados ao meu lado, esperando eu acordar.
-Mamãe, você acordou! – disse Rafael, me abraçando
-Mas é claro! Acha mesmo que sua mãe é tão dorminhoca assim? – brinquei
    Pra falar a verdade, eu estava hiper cansada e cheia de sono, mas eu precisava vê-los. Queria ter certeza de que estava viva. Ainda parecia inacreditável eu ter sobrevivido ao acidente.
    Estava tudo parecendo um sonho, mas se tornou um pesadelo. A porta do quarto se abriu e Derek entrou no quarto, furioso.
-Foi culpa sua! – ele apontou para mim
-Exatamente o quê foi culpa minha? – eu disse
-Foi culpa sua Alice ter morrido – ele responder
    De novo não. Eu tinha esquecido disso, e agora estava sendo forçada a sentir culpa mais uma vez.

Fim do PDV da Ana

PDV da Bianca

    Um cheiro forte penetrou meu nariz. Cheiro de lugar limpo. Abri os olhos e vi que estava num quarto de hospital, com o braço engessado e vários curativos. Não havia ninguém no quarto. Ninguém. Eu quase morri e ninguém tinha ido me ver? Que ótimo.
    Segundos depois, a porta se abriu e Dean entrou no quarto.
-Me desculpa, Bianca – ele disse – Eu estava viajando a trabalho, aí o Matheus disse o que aconteceu e...
-Como é? – exclamei – Você soube do acidente e nem se deu o trabalho de ver como eu estava? E se eu tivesse morrido?
    Dean se calou. Dava pra ver que ele não tinha resposta. E talvez o melhor fosse ele ficar calado mesmo. Eu não estava com paciência para ouvir nada.
    Ele se aproximou, tentando me abraçar, mas eu não deixei.
-Não me toque – eu disse, num tom repreendedor
-Mas... – ele tentou argumentar
-Some daqui. Não quero ver a sua cara. Não tão cedo
    Mesmo relutante, ele fez o que eu mandei.

Fim do PDV da Bianca

    Girei a chave e liguei o carro. Chovia tanto que aquela água toda seria capaz de encher uma represa.
    Isa estava desaparecida. Ela havia sumido do mapa depois do que ela disse durante o incidente na mansão. Aquilo que ela disse havia me intrigado. Seria possível o caso das garotas mortas e o ataque à mansão estarem ligados?
    Pedi que Jessica usasse um feitiço que pudesse rastrear Isa, e o resultado indicava que ela estava na fronteira do estado. Eu e Nath estávamos indo até lá.
    Eram apenas 16h da tarde, mas o céu estava completamente escuro por causa da chuva. A pista estava escorregadia e deserta. Jessica ia nos guiando por telefone, até que chegamos numa casa bem bonita, do tipo usado pelas famílias felizes dos filmes.
    Mas a casa era bem diferente por dentro. Não haviam móveis, fotografias ou bens pessoais. A casa estava abandonada.
-Isabela! – gritei – Pode aparecer! Sou eu, Matheus!
    Ouvimos passos vindos da escada. Isa apareceu para nós, com uma aparência fragilizada. A julgar pela pele e cabelo envelhecidos, ela estava se transformando de novo. Eu estava certo. Isso tudo tinha a ver com ela.

PDV da Ana

    Pedi que Renato e Rafael saíssem do quarto para que eu pudesse falar com Derek e tentasse acalmá-lo, o que não foi muito fácil.
-Não foi minha culpa Alice ter morrido – eu disse
-Foi sim! Você é médica, poderia operá-la e retirá-la dos escombros – ele retrucou
-Derek, ela queria morrer – respondi – E mesmo assim, o lugar estava sujo demais. Se eu fizesse uma cirurgia ali, ela poderia pegar uma infecção e morrer do mesmo jeito
-Eu perdi tudo que eu tinha. E a culpa é sua
    Chega de luto. Meu sangue já estava fervendo e eu queria acabar com aquela discussão o mais rápido possível.
-Acha que já não me sinto culpada o suficiente? – devolvi – Alice se suicidou. Suicídio. Não havia nada que eu pudesse fazer, mas mesmo assim me sinto uma assassina! Não me sai da cabeça o fato de que eu poderia ter salvado Alice. Mas eu não consegui. É, eu não consegui. Nem sempre podemos ter o que queremos. E eu não preciso de você me acusando porque já basta a culpa que estou sentindo
    Derek não respondeu nada. Apenas me encarou por alguns segundos e foi embora. Alguns tempo depois, Allanis entrou no quarto.
-Você vai poder ir no enterro de Alice? – ela perguntou
-Não. Não quero continuar sentindo culpa por algo que não fiz – respondi

Fim do PDV da Ana

PDV da Bianca

    Alguns minutos após minha briga com Dean, Karol entrou no quarto.
-Eu soube da briga – ela disse – Dê uma chance a ele
-Não. De jeito nenhum – respondi – Aposto que se eu morresse, ele não ia ligar
    Dean entrou no quarto novamente. Karol saiu e nos deixou a sós. Eu já devia ter imaginado que aquele era algum dos planos dela.
-Acho que eu não ia me importar se você morresse? – disse Dean – Se você morresse, a vida perderia o sentido. Eu não apareci durante o acidente porque tinha medo. Medo do pior ter acontecido. Sei que parece que não te amo, mas eu te amo mais do que tudo. Você está viva e é isso que importa
-Será que você pode parar de ser perfeito? – brinquei
    Ele deu um riso e se aproximou para me beijar. Na verdade, eu não tinha nada do que reclamar. Eu tinha o melhor namorado do mundo.

Fim do PDV da Bianca

    Eu e Nath levamos Isa até Jenny, filha de Lucas, para ser curada novamente. Em seguida, eu, Nath e Lucas conversamos com Isa, nos fundos da casa de Lucas, tentando descobrir quem estava por trás de tudo isso.
-Isa, diz quem foi que te atacou – disse Lucas
-Faça um esforço – disse Nath
-Eu... eu ainda não lembro – Isa respondeu
    De repente, os olhos de Isa passaram de castanhos a amarelos. Jenny apareceu na porta da casa, com os olhos amarelos também.
-Ela sabe. Consigo ver o que ela está pensando – disse Jenny
-Isa, conte. Por favor. É importante – eu disse
-Tá legal, eu conto – disse Isa, se rendendo
    Nós ficamos surpresos com o que Isa disse. Podíamos esperar qualquer coisa, menos aquilo: o assassino estava entre nós.

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