sexta-feira, 6 de abril de 2012

39- A Cabeça de Jessica

PDV da Jessica

    2 semanas se passaram desde que Leandro me atacou. 1 semana desde que Matheus se recuperou. Eu ainda não tinha contado a ele o fato de eu estar morrendo.
    O pessoal quase todo havia feito as pazes com Matheus assim que ele acordou. O “quase todo” deve-se ao fato de Lucas ainda culpar Matheus por tudo que aconteceu. Jenny ainda não havia saído do coma e só estava a piorar.
    Eu e Matheus estávamos em nossa casa. Depois do acidente da mansão, compramos outra casa para vivermos sozinhos, mas não longe do resto do pessoal.
    Enquanto preparava o almoço, senti uma pontada na barriga. Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Não havia nada berrante, mas meus cabelos estavam ficando quebradiços. Estava começando. Eu não podia mais enrolar. Precisava contar ao Matheus.
    Fui até a sala de estar, onde Matheus estava assistindo TV, e disse a ele que precisava contar algo. Expliquei tudo que aconteceu no galpão abandonado enquanto ele estava inconsciente. Ele surtou.
-Você foi atacada há 2 semanas e não me contou nada? – ele berrou
-Eu não queria te preocupar – eu disse
-O que você estava esperando? Virar uma daquelas criaturas e morrer pra que eu soubesse?
-Na verdade, eu descobri algo. Leandro primeiro mata suas vítimas, depois seus corpos voltam à ativa. Ele pode estar usando-as como escravas. Ou seja, Jenny ressuscitou Isa quando ela foi atacada por Leandro.
    Assim que eu disse isso, os olhos de Matheus brilharam. Ele teve uma ideia.
-Ligue para o pessoal e diga para eles nos encontrarem no “LA Medical Centre” – ele disse
    Fiz como ele pediu e liguei para todos. Em seguida, Matheus me colocou em seu carro e me levou até o hospital.
-O que você vai fazer?
-Você vai ver – ele respondeu
    Ele, então, foi até o quarto de Jenny, filha de Lucas. A conversa dele com Lucas não foi nada amigável, e eu ouvi tudo do corredor.
-Preciso da ajuda de Jenny – disse Matheus – Jessica foi atacada e só Jenny pode curá-la
-Caso não tenha notado, não há nada que Jenny possa fazer – Lucas retrucou – Aliás, minha filha está em coma muito antes de você acordar e você nem fez uma visita
-Me desculpa. Me desculpa mesmo, mas isso é um caso de vida ou morte
-Jura? Não me diga! Quando foi a última vez que você veio até mim sem ser para pedir ajuda? Enquanto achava que estava tudo bem, você nem passou aqui
-Não seja tão egoísta
-Egoísta? – agora Lucas gritou – Falou o sr. Sei-me-virar-sozinho. Se ao menos tivesse me escutado, Leandro não seria problema há muito tempo
-Será que você não se cansa de ser sempre o dono da verdade?
    Seguiu-se um silêncio pelos 20 segundos seguintes. Então, pude ouvir Lucas dizer:
-Sai daqui. Sai daqui agora. Gosto muito de Jessica e até a ajudaria, se pudesse, mas não por sua causa. Agora saia
    Desapontado, Matheus saiu do quarto. O resto do pessoal começou a chegar em seguida.
-Ei, Jessica, você está bem? – disse Nath
-Não. Não mesmo. O efeito do ataque está começando a aparecer – respondi
-Argh. Essa é a pior parte – disse Isa
-Jenny não pode ajudar. Alguma ideia? – disse Matheus
-Eu tenho uma – disse Allanis
    A ideia que salvou meu dia. Allanis sugeriu que voltássemos à Dimensão Mágica. Usei a pouca força que tinha para abrir o portal que nos levava até a Dimensão.
    Assim que fomos teletransportados, senti um choque em meu corpo e tive a sensação de que eu fosse cair. Por sorte, Karol e Bianca me seguraram.
-Calma, nós te seguramos – disse Bianca
-Você não pode ficar gastando suas forças assim – disse Karol
    Meu corpo inteiro doía. Mas a pior parte era meu abdômen. Parecia que o bebê não estava simplesmente chutando, mas sim esfaqueando e rasgando todo o meu útero.
    No exato momento que pousamos na Dimensão Mágica, minha mãe, Katheryn Williams, apareceu à nossa frente.
-Mãe? O que faz aqui? – eu disse, surpresa
-Senti quando chegaram – ela respondeu – E não precisa me dizer nada, já sei de tudo. Venham, sei como resolver esse problema. Mas, antes, precisaremos falar com o Conselho
    Katheryn recitou um feitiço que nos levou até um castelo gigantesco, parecido com os castelos antigos da Terra.
-Eu nunca vi esse lugar – eu disse
-Mas é claro que não. Sou 25 anos mais velha que você. Logo, vi mais coisas
    Ela deu uma piscadela que me fez rir. Só ela conseguia me fazer sorrir numa situação daquelas.
    Entramos no enorme castelo. Lá dentro, haviam várias pessoas atarefadas, andando de um lado pro outro.
-Há um feitiço que tem efeito de cura – Katheryn explicou – Precisaríamos buscar uma pedra na floresta que ajudaria a realizar esse feitiço, porém, quando alguém usa esse feitiço, precisa doar parte de sua energia para quem precisa ser curado. Por isso, esse é um feitiço proibido e precisa da autorização do Conselho
    Katheryn me chamou para que eu fosse com ela até a sala da Juíza, que aguardava sentada em sua cadeira.
-O que desejam? – disse a Juíza
-Precisamos realizar o feitiço proibido de cura – Katheryn explicou – Minha filha está presa numa maldição que está sugando sua energia, e precisamos de sua autorização para realizá-lo
-Não – disse a Juíza, seriamente
-Escute bem, há uma vida em jogo – Katheryn aumentou o tom de voz
-Eu entendi essa parte. Mas mesmo que realize o feitiço, alguém vai morrer. Então, a resposta é não. E saiam da minha sala, estou ocupada
    Voltamos ao corredor do castelo, onde o resto do pessoal nos esperava.
-Não conseguimos, ela não nos autorizou – disse Katheryn, desapontada
-Bom, a Juíza não está aqui para nos impedir – disse Matheus – Por que não vamos até essa pedra?
-Ótimo, vamos! – disse Ana
-Não – Matheus a interrompeu – Apenas eu e Katheryn vamos. Se muitos forem, a Juíza vai dar falta
    Matheus pegou sua katana e se preparou para ir com Katheryn mas, antes, ele se aproximou para me dar um beijo. Porém, havia algo de errado naquele beijo. Parecia... um beijo de despedida.
-Boa sorte – eu disse
    Então, ele e Katheryn partiram em direção à floresta.
    Senti outra pontada em meu abdômen. A dor agora estava insuportável. Alguns minutos depois, a dor se espalhou para minha coluna e o resto dos meus ossos. Soltei um gemido de dor.
-Calma, eles vão voltar logo – disse Bianca
-Amém! – eu disse, sarcasticamente
    De repente, a porta da sala da Juíza se abriu, e vários homens de armadura saíram da sala junto à Juíza.
-Quem são esses homens? – perguntei
-Não tente me fazer de boba – ela disse, seriamente
-Eu, te fazer de boba? Nunca! – falei da maneira mais sarcástica possível
-Já sei que seus amigos foram para a floresta. E esses homens serão encarregados de caçá-los e matá-los, se for preciso
    Ah, não.

Fim do PDV da Jessica

CONTINUA...

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